Arthur narrando ⚡
Cinco e meia em ponto, estava parado em frente ao prédio do trabalho da Débora. Eu estava nervoso, minhas mãos estavam suando frio. Eu não conseguia ficar um minuto sequer parado, quando eu a vi aparecer na porta do prédio. O sorriso que surgiu em meu rosto foi involuntário. Sabe quando você sonha muito com uma coisa, e ela se realiza? Era esse sentimento que eu estava naquele momento.
Assim que ela se virou, e me viu, ficou me encarando por alguns instantes. Ela estava linda. Muito linda. Ela ajeitou uma mecha do cabelo atrás da orelha, e caminhou até se aproximar.
— Oi. — disse baixo.
— Oi. — falei, nervoso. — Vamos?!
Ela assentiu e entrou no carro. Dei a volta, e sentei no banco do motorista. Liguei o carro, e dei partida.
— Eu concordei em ir. Mas, eu nem sei exatamente aonde vamos. — comentou.
— Um lugar que vamos poder conversar sem ninguém atrapalhar. — respondi, e a olhei rapidamente.
Ela estava olhando pela janela. Aparentemente mais nervosa que eu, sua mão que não parava quieta a denunciava.
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— Estamos há quase duas horas dentro desse carro Arthur, pode me dizer, por favor, onde estamos indo? — perguntou quebrando o silêncio.
— Já estamos chegando! — falei, e ela soltou um suspiro.
— Arthur, aquilo que aconteceu no escritório, não vai mais acontecer e ainda...
— Cinco anos Débora. Cinco anos. Eu acho que depois do inferno que passei por não saber onde você estava eu mereço mais que alguns minutos de esclarecimentos. — esbravejei.
— Você fala como se a culpa fosse minha. — disse visivelmente irritada.
— Você que foi embora sem dizer a porra de um “tchau”. Então não ouse a ficar com raiva de mim, não ouse.
Preferi não responder, ainda faltava pelo menos uma hora de viagem. Não queria ir brigando todo esse tempo, quando chegássemos ao nosso destino, conversaríamos e talvez eu a fizesse entender que naquela noite eu não fui nenhum filho da puta com ela, eu só... Só foi um dia ruim, que eu não soube lidar de forma correta.
Quando comecei reconhecer o local, percebi que já estávamos bem perto, foi quando começou a chover. Dirigi com cuidado, até entrar na rua e avistar a casa. Ela ainda estava do mesmo jeito que eu lembrava, fazia anos que eu não voltava ali.
— Você não fez isso... — Débora disse baixo. Então ela se virou para mim, no momento em que parei o carro. — Por que você está fazendo isso? As coisas não são mais como eram naquela época. Você vai me levar embora agora.
— Eu disse que iriamos para um lugar onde poderíamos conversar, sem ninguém para atrapalhar. — respondi, tirando a chave da ignição.
— Mas, você não me disse que iriamos voltar ao lugar onde tudo começou. — gritou. — Merda! Eu quero ir embora.
Ignorei-a, eu já havia imaginado esse dia tantas vezes na minha cabeça. Mas, em nenhuma das vezes, nós estávamos brigando sem motivo algum. Que dizer, eu sei que temos lacunas para preencher, mas não temos nenhum motivo real para ficar brigando feito cão e gato. Saí do carro, e abri a porta de trás tirando a mochila que eu havia levado.
— Vamos entrar! — avisei.
— Você pensou em tudo né? — olhou para mochila. — Menos em me dizer. Eu não vou entrar nessa casa.
Ela já havia saído do carro, e estava toda molhada, assim como eu. Joguei a mochila no chão, e me aproximei dela.
— Débora... Por favor. Eu preciso te explicar... Só por favor. — levei uma mão em seu rosto, e alisei o mesmo. — Eu juro para você, se você quiser realmente ir embora, eu te levo. Não vou te obrigar a ficar e conversar comigo. Mas, você não quer ir embora, quer?
Apesar da chuva, pelas suas expressões notei que ela estava chorando. Aquela Débora que estava na minha frente naquele momento, parecia à garotinha por quem eu me apaixonei e não a mulher que estava me enlouquecendo no último mês.
Ela não respondeu, mas o abraço que ela me deu em seguida, realmente não precisou de resposta.Débora narrando ⭐
Arthur já havia tomado banho e trocado de roupa. Por sorte a roupa que estava dentro da mochila não molhou. Eu estava no banheiro, tentando me convencer de sair do banheiro vestida apenas com a camisa e a cueca dele. Confesso que estava parecendo uma adolescente que fica sozinha com o garoto que gosta pela primeira vez. Mas, infelizmente isso era algo que eu não poderia mudar. Eu estava nervosa sim, estava com frio na barriga sim, e com certeza eu não tinha a menor ideia de como agir o que fazer e muito menos o que falar.
Saí do banheiro depois de ficar incansáveis minutos lá dentro, ouvi barulho das portas do armário batendo vindo da cozinha. Desenrolei a toalha que estava no meu cabelo, que na verdade ela estava mais molhando do que enxugando algo. Caminhei descalça até onde ele estava, e parei alguns centímetros de distância.
— Temos lasanha congelada. — disse, ligando o microondas. — A chuva foi forte, acabou com a luz da metade do bairro, então não consegui pedir uma pizza e nem nada parecido e... — no momento que ele virou, seus olhos analisaram todo o meu corpo. — Até esqueci o que ia falar.
Dou um sorriso tímido. Por que estou agindo feito uma idiota?
— Então pelo visto, vamos passar a noite aqui. — comentei.
— Acho que sim. — deu de ombros.
— Vou ligar para Joana então. Eu pedi para ela ficar com a Mel hoje, Felipe ia fazer algo.
— Tudo bem!
Me afastei, e fui pegar meu celular dentro da minha bolsa. Assim que achei o mesmo, procurei o nome da Joana, logo coloquei para chamar. No terceiro toque ela atendeu.
— Oi Jo, hum... Está tudo bem aí? — perguntei um pouco sem jeito.
— Sim. Felipe está aqui, e Mel está maquiando ele. Você deveria ver isso, vou tirar uma foto dessa cena. — falou rindo. — Você vai demorar?
— Bom... Por isso eu liguei. Eu tive um problema. Você pode ficar com a Mel hoje? Ou pedir o Felipe para colocar ela para dormir. Amanhã estou aí.
A ouvi soltar um suspiro.— Você está com ele né?!
Fiquei em silêncio. Eu não sabia o que falar, quer dizer não ia adiantar mentir e na realidade, eu não queria mentir. Mas, eu sei que ela estava decepcionada comigo.
— Por favor, Joana. — implorei.
— Tudo bem. Você ainda se lembra de tudo que eu disse?
— Sim!
— Então por que está fazendo tudo ao contrário? — perguntou um pouco irritada. — Você não é criança Déb, você sabe o que faz da sua vida. Estamos nos divertindo aqui, fica tranquila.
— Obrigado. — agradeci ignorando todo o resto que ela disse.
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Sempre foi você
Ficção Adolescente+15 | Por um deslize, a vida de Débora mudou de um jeito irreversível. Obrigando-a mudar seus objetivos, dando outro caminho para suas preocupações. Após anos, quando finalmente ela está conseguindo colocar sua vida nos eixos, algo acontece perturba...