A Canção das Espadas

Capítulo Vinte Dois

Eu realmente me sinto mais segura e consigo dormir melhor em uma cama no hospital.

Olho para a janela e vejo o Sol no topo do céu, já é meio dia.

Me espreguiço e sento na cama, começo a escutar batidas de bico e olho rapidamente para a janela.

O pássaro preto sai voando e deixa um bilhete no vidro.

Levanto da cama rapidamente e o pego antes que caia lá em baixo.

O bilhete foi escrito em outro idioma ou talvez seja um código?

Como vou saber o que está escrito aqui? Em toda a minha vida só aprendi o meu idioma, o idioma principal de Wind Rose inteira.
Existem alguns clãs que ainda mantém seus respectivos idiomas de origem, mas isso é apenas entre eles mesmos. Na verdade chega a ser até falta de respeito falar em outros idiomas em público.

Olho para o horizonte irritada, se eu soubesse que não entenderia o que estava escrito, teria agarrado o pássaro pelo bico.

Suspiro e olho para o quarto, onde está Edward?

Ele sempre me cura, e continua no quarto me esperando acordar.

O medo de alguém saber de algo corre pela minha espinha.

Quem me curou desta vez?

Corro para a porta,  e dou de cara com o médico, ele se assusta ao me ver em pé, ele é loiro de olhos castanhos, lembra meu pai.

Seu olhar assustado se transforma em raiva, ele pega meu braço e crava suas unhas com todas as forças, estou em choque, e implorando para que ele me deixe explicar tudo.

Ele não me ouve  e me arrasta para cama me amarrando com correntes de prisioneiro.

Começo a me debater para tentar me soltar mas cada fez fica mais difícil, as correntes ficam pesadas a cada mexida que dou nelas.

-Você está ferrada mocinha, espere só eu relatar o acontecimento para os príncipes!! Prisão perpétua será piedade para um crime desses!!

-Me deixe explicar por favor! Eu imploro! Me solte e te contarei tudo!

-CALE A BOCA!

Sua voz me assusta e seu olhar também, ele está fora de si.

Eu tento acalmá-lo mas ele sai do quarto batendo a porta.

Forço meus braços para romper as correntes mas elas nem se levantam com o meu esforço.

Minha testa está escorrendo suor, quanto tempo tenho ainda para em pedí-lo?

Fecho os olhos e me concentro, as sombras me engolem rapidamente e caio de cabeça no chão em baixo da cama.

Me arrasto e corro para a porta, tento abri-la, mas  depois de várias tentativas tentando arromba-la, acabo desistindo.

Está trancada, eles vão vir me buscar, apontar seus dedos para mim me julgar e não vou conseguir nem me explicar.

Todos os esforços que Celena e Edward tiveram de me treinar irão por água a baixo, não apenas eles sofrerão as consequências mas Nathan pode ser preso junto comigo por saber meu segredo também.

Corro para a janela, e abro o máximo que posso, ela range com o movimento bruto.

Há um vasto gramado lá em baixo, o hospital é cercado por árvores grandes e uma mata densa.

Não sei em que andar estou mas não há tempo para estimativas, subo na janela para me teletransportar mas acabo escorregando.

Estou caindo, olho ao redor procurando alguma coisa para me agarrar, os andares passam muito rápido por mim.