Capítulo 7 - Jake

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Antes mesmo do meu cérebro entender o acontecido, meus punhos já estavam fechados, meus dentes cerrados e um sentimento de raiva me tomava.

O belo pássaro agora grunhia no chão, em meio as raízes da árvore. Um guarda tinha acertado-o com sua arma de choque.

Todos ficaram com um olhar de tristeza e horror, menos Frank que parecia gostar de admirar a pobre ave fumaceando.

– Horário da primeira refeição! - disse a voz metálica que saía do traje do maldito guarda.

Fomos cabisbaixos para o refeitório, eu tentava consolar Naomi abraçando-a enquanto andávamos, sem dizer uma palavra sequer.

Chegamos e sentamos, eu mais uma vez ao lado de Naomi e Tyler a nossa frente.

– Não fica assim, Naomi - diz Tyler mais amoroso que o de costume.

– E você queria que eu ficasse como? - explode ela – Eles não podem ver algo que nos remete ao passado ou ao lado de fora que já querem destruir.

Eu concordo com a cabeça e Tyler se cala. Passamos todo o tempo no refeitório sem dizer nada, como se estivéssemos de luto.

Comemos e fomos ao banheiro, eu junto com Tyler para o masculino e Naomi ao feminino. Depois de aliviados enquando lavávamos as mãos, Tyler puxa conversa:

– Por que ele fez aquilo?

Penso no que há de novo nisso, eles nunca agiriam de outra forma, sabe-se lá o que passa na cabeça dessa gente.

– Porque é isso que eles fazem - digo esfregando as mãos com raiva. – Eles nos esquivam de tudo que vem de fora, o que você esperava que fariam com um pássaro?

Acabo com as mãos e sem esperar uma resposta saio do banheiro, Tyler vem logo atrás. Encontramos com Naomi e vamos para o campus, chegamos onde aquela execução injusta aconteceu.

– Levaram ele - diz Tyler agachado analisando o solo onde ele caiu queimando.

– Eles não iam deixar ele aqui se decompondo. - observo.

– E o que eles fizeram com ele? - pergunta Naomi, ainda triste.

Penso que eles deveriam pegá-lo para experiências e estudos, mas isso deveria ser feito com ele vivo, e não com um resto de penugem queimada.

– Não sei - respondo.

Olho para a árvore, exatamente onde a ave estava e vejo algum resto seu, uma pena intacta, sem sequer um pedaço queimado. Observo se não tem nenhum segurança nos observando e subo na árvore.

– O que você esta fazendo? - pergunta Naomi, enquanto eu subo pelo tronco.

– Você já vai ver - digo com a voz forçada pelo esforço da pequena escalada.

Estico meu braço e pego a pena entre as folhagens dos galhos e desço quase caindo.

– Fica pra você - digo oferecendo-a para Naomi, que a pega com muito cuidado.

Ela roda a grande pena entre os dedos a observando. Ainda não sei se sua cor é azul ou verde, afinal por que ser uma se ela pode ser as duas, penso.

Eu e Naomi passamos os próximos minutos encostados no pé da árvore sentados, já que Tyler sumiu com seus colegas. Fico alí muitas vezes pensando, e de vez em quando só focado sem pensar em absolutamente nada.

Acho que nunca mais vou ter a chance de ver qualquer outro animal que seja, digo a mim mesmo, e outra frase se repete em minha mente: "não deixe essa chance escapar" e logo em seguida outra: "voe para a liberdade".

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