queria não ter expectativas

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one-shot original por
jenniewantsjisoo

Momo disse que voltaria para casa. Não era a primeira vez que acontecia, e Sana ainda se decepcionava.

Todo o roteiro já estava escrito em sua mente, afinal ela sabia como tudo aconteceria. Momo chegaria ás três da manhã, diria ter perdido a hora no clube - o que Sana sabia ser mentira, ela sabia que o clube fechava ás duas horas -, Momo mostraria-se arrependida e compreensiva. Sana então mentiria para si mesma, dizendo que a Hirai realmente não fazia propositalmente e voltaria a acreditar que não aconteceria de novo.

Sua esperança era seu veneno, aquele que sempre a matava com sua própria permissão. Ela amava Momo, logo, se recusava a acreditar que a mesma a machucaria de propósito. Especialmente quando Momo também dizia amá-la tantas vezes. E você não destrói pessoas que você ama.  Não de propósito. Não sabendo que as está machucando.

Claro, talvez Momo não soubesse. Não é como se Sana fosse aberta e comunicativa quanto ao que a machucava. Ela apenas aguentava calada, procurando motivos para culpar a si mesma.

Já eram três e dez, e Sana se encontrava sozinha, perguntando-se onde Hirai estaria. Se ela estava bem, se estava triste, se estava pensando nela enquanto se divertia com outra pessoa.

Minatozaki Sana era uma completa tola. Havia preparado uma noite especial para ambas, preparado um jantar, vestido a lingerie branca que Momo amava. Mas, outra vez, estava completamente sozinha, esperando por um pouco do carinho e atenção de Momo e não tendo. Por que ela ainda se decepcionava? Não era a primeira, segunda ou terceira vez que Momo fazia isso. E por que Momo simplesmente não a deixava de vez? Por que ficar remoendo aquilo, machucando Sana?

Talvez fizesse bem saber que havia alguém completamente disponível quando quisesse, aceitando ser sua segunda, ou última, opção e garantindo que não ficaria sozinha. Será que Momo valorizava seu próprio ego tanto assim? Sana não queria acreditar que Hirai Momo era assim, que essa era a mesma pessoa pela qual se apaixonou de novo e de novo.

Minatozaki não queria ir embora, não acreditava que viveria sem Momo, que aguentaria a saudade. Ela queria que Momo se explicasse, que parasse de machucá-la e tentar fazê-la culpada por estar machucada. Ela queria que se comunicassem. Mas, a esse ponto, entre continuar passando por aquilo ou simplesmente ir embora, ela preferia partir em vez de continuar sendo partida. Estava cansada de morrer, era sua vez de matar. Aquilo estava roubando sua energia, seu espaço, seu tempo, a estava desgastando. E tudo isso era mais importante do que promessas quebradas.

Ela queria não ter expectativas.

Minatozaki sempre soube que a garota era um completo caos, assim como ela. Mas, ainda sim, quis desafiar todos os clichês românticos que conhecia - ou seria acreditar neles? -, todas as leis e provar que tempestade com tempestade poderia sim dar um lindo arco íris.

Claro que estava absolutamente errada. O resultado foi apenas mais caos, mais tempestade, furacões. Momo apenas a bagunçou mais enquanto Sana tentava se organizar para ser capaz de organizá-la.

Queria fazer Momo entender tudo isso, sem confronto, que vivessem finalmente felizes. Juntas ou separadas. Entretanto, Hirai nunca iria, não era capaz. Preferia fingir que não estava acontecendo nada, que não estava fazendo nada, pois sabia que Sana nunca reclamaria.

Então talvez fosse realmente hora de partir.

Sana encarou seu reflexo no espelho, retirando toda a maquiagem borrada pelas lágrimas. Desfez seu cabelo e pôs roupas mais confortáveis e que a protegessem do frio lá fora. Deitou-se em seu lado da cama, se cobrindo por completo e não mais impedindo as lágrimas de rolarem.

E foi aí que ouviu a batida na porta. De novo. E de novo. Até que Momo a abriu.

"Está acordada?" Sana tampou sua própria boca, para que Momo não ouvisse os soluços.

Não obtendo respostas, Momo assumiu que Minatozaki estava dormindo.

Sana ouvia a movimentação, a mais nova trocando de roupa, e em seguida sentiu atrás de si a cama afundar, com o peso do corpo de Momo, que - provavelmente cansada ou mesmo alcoolizada - adormeceu instantaneamente.

Minutos se passaram até que Minatozaki se levantasse com cuidado, checando se Momo estava realmente dormindo e confirmando que sim. Logo em seguida, indo até o guarda-roupa. Colocou-se nas pontas dos pés e pegou duas malas que haviam lá em cima. Outros minutos se passaram até que todos, ou quase todos, seu pertences estivessem devidamente guardados dentro das malas.

Sana suspirou, não querendo pensar muito no que estava fazendo, ou acabaria desistindo. Também não queria que Momo acordasse apenas para vê-la ir embora. Sabia que um gesto de carinho da outra suficiente para derretê-la e fazê-la ficar, voltando a mesma repetição de sempre.

Então, pegando suas malas, foi até a porta do quarto. Encarou a garota adormecida jogada sobre a cama e sorriu com tristeza, se aproximando para deixar um beijo suave em sua bochecha. Não parecia justo com ela, ir embora sem dizer que estava indo, mesmo que já tivesse dado tantos sutis sinais de que não aguentava mais. Momo não se importou com nenhum deles. Além disso, não era como se ela tivesse sido justa com ela durante todo esse tempo.

E era agora, o momento chegou. Sana iria embora e não mais olharia para trás, nunca mais se permitiria cair em nenhum jogo de carência de Momo novamente. Nem de Momo, nem de mais ninguém. A partir de agora, se permitiria apenas para quem estivesse disposto a cuidar de seu coração de verdade.

A partir de agora, Sana não teria mais expectativas.

expectativas [♡] samo; twice.Onde histórias criam vida. Descubra agora