Olha, a lua!

16 4 21
                                    


Já estava de madrugada, e Jeongguk estava parado em frente à grande construção circular. Ele estava ansioso para ver o loirinho, porém também estava inseguro. Ele queria muito puxar uma conversa com ele, mas se conhecia bem o suficiente para saber que apenas ficaria sentado no canto, o observando, assim como fez nos dois dias anteriores.

Respirando profundamente, olhou ao redor, analisando a floresta ao seu redor. Não eram árvores altas, grande parte delas tinham apenas dois ou três metros de altura. Talvez tivessem escolhido fazer o observatório ali justamente por esse motivo, já que com a vegetação sendo baixa não iria atrapalhar em nada o telescópio.

Tomou coragem e entrou, deparando com a familiar escuridão e o doce cheiro de magnólia. Esperou sua visão estar acostumada e subiu as escadas. Um degrau de cada vez, tudo na maior calma possível. Por dentro tremia, mas esforçava para aparentar calma. Precisava parecer normal, já que pretendia conversar com o loiro.

Assim que chegou no último andar, olhou rapidamente para a varandinha, decepcionando-se. Ele não estava ali.

Quis sentar no chão. Cruzar os braços enquanto fazia bico e esperneava. Mas não. Ele já tinha 15 anos, deveria mostrar maturidade.

Com um bico nos lábios, foi andando pelo local, podendo explorar ele por inteiro – algo que ainda não tinha podido fazer. Chegou perto do gigantesco telescópio, o analisando por inteiro. Como era grande! Seu desejo era poder olhar o céu por ele, e bem, por que não? Não havia nada que o impedisse naquele momento.

Aproximou-se, olhando pelo pequeno buraco.

O céu era tão lindo. Pela posição em que estava, era possível ver a lua com riqueza de detalhes. Cada elevação, cada declínio. Cada característica tão singular da lua, agora ele podia de verdade enxergá-las. Mesmo que, naquela noite em específico, o céu estivesse um tanto nublado, felizmente aonde a lua estava não tinha núvem, o proporcionando uma visão límpida dela. E não tinha como estar mais emocionado. Ele havia desejado aquilo por tanto tempo, e agora podia de verdade dizer que estava realizando seu sonho.

Já havia sido até alvo de piadas dos seus colegas, por sonhar em apenas poder observar o céu, o universo, mas tudo aquilo valeu a pena. Sentia como se estivesse flutuando pelo espaço, navegando entre as estrelas, até acabar deparando-se com a lua. Ah, a lua... Desde criança, sempre teve tantas teorias quanto a ela. Ela ser feita de queijo, ela estar presa a Terra, e até mesmo a lenda do homem que ali habitava.

De fato, a lua sempre foi a peça principal do seu céu a noite. Já havia virado noites a observando, e ninguém sequer entendia o seu amor por ela.

Estava imerso em seus pensamentos, apenas admirando aquilo que sempre quis, realizando seus profundos sonhos.

– Eh... Oi? – No segundo que Jeongguk escutou aquela voz vinda atrás de si, deu um salto, sentindo seu coração falhar, não uma, mas cinco batidas.

Virou-se rapidamente, encarando o dono da voz que lhe causou o susto, e no instante em que o fez, sentiu como se tivesse ido do inferno ao céu em milésimos, para no instante seguinte cair com tudo de cara no chão.

Estava feliz em ver aquele que admirava a dois dias seguidos, estava inseguro por conta da sua timidez e queria desaparecer por conta da vergonha que sentia, tudo graças ao susto que tomou.

– Oi...? – o moreno não sabia o que fazer, e considerava fortemente a opção sair correndo. Não sabia como se comportar no decorrer daquele diálogo, não sabia o que falaria. Céus, nem sabia se ainda sabia falar!

– Você é quem? – Falou o loiro, jogando levemente a cabeça para o lado, em um gesto tão terrivelmente adorável que Jeon teve que se controlar para não se derreter ali mesmo.

– E-eu? – Amaldiçoou a si próprio por ter gaguejado, mas aquilo havia sido tão previsível que quis bater na própria cara. Ele estava parecendo aquelas adolescentes de animes, quando são pegas admirando o "senpai". Tudo bem, a situação tinha suas semelhanças, mas não a tornava menos constrangedora – Meu nome é Jeon Jeongguk. Qual o seu?

Quase chorou de alívio ao perceber que não tinha gaguejado e havia conseguido terminar a frase sem parecer um completo idiota – ou quase isso.

– Meu nome é Park Jimin – Sorriu. Era um sorriso tão puro e doce que seria capaz de mover galáxias. Seu dentes, tão brancos, possuíam um brilho muito semelhante às estrelas, deixando o moreno muito desconcertado.

Jeon ficou completamente agradecido pelo fato do loiro não ter esticado a mão em forma de cumprimento. Seria extremamente embaraçoso o outro perceber que suas mãos – ainda – suavam.

– Você não é um psicopata não, né? – antes mesmo de reparar, a pergunta escapou de seus lábios. Oras, não era de fato sua culpa! Sua mãe lhe botara tanto medo com aquela suposição que apenas não conseguia esquecer-se dela.

– Hein?

– N-não que você pareça um, nada disso! – Abanou as mãos na frente do corpo, buscando de alguma maneira consertar a besteira que havia feito – É que sabe como é os dias de hoje, está tudo tão perigoso, nunca sabemos quem é quem, precisamos tomar cuidado com quem conversamos e-– Foi interrompido pela graciosa risada do outro, que tapava seu sorriso com uma mão, ficando ainda mais fofo.

– Não Jeon, não sou um psicopata – respondeu ainda entre risos.

No momento, o moreno apenas queria chorar de alívio, enquanto agradecia aos seus pelo fato do outro ter um bom senso de humor. Ou por ser simpático.

– Err, bem... as estrelas estão lindas, né?

– Você acha? Eu não consigo vê-las hoje, por causa das nuvens.

Okay, Jungkook queria se estapear. Era incrível sua capacidade de dar bolas foras, uma seguida da outra. Surpreendente o fato de, mesmo sempre se enrolando, não aprendia a pensar antes de falar.

– Bem, eu sei que, por detrás dessas nuvens, elas estão brilhando lindamente no céu. – Tentou escapar – Não é porque não somos capazes de ver o brilho das estrelas, que significa que elas não estão brilhando.

– Isso... isso me é familiar – deu um pequeno sorriso, um tanto nostálgico. Parecia perdido em memórias, e Jeon ficou tão encantado em como o seu rosto ficava bonito na luz do luar que pouco se importou com aquilo.

Ele se sentia à vontade na presença do outro. Era confortável estar ali junto a si, mesmo que não estivessem conversando. Era apenas pacífico, aconchegante até. Aquela explosão de sentimentos positivos lhe era um tanto estranha, estava acostumado a estar, constantemente, desconfortável.

O barulho das folhas das árvores, que balançavam com o vento, o som das cigarras cantando, a luz da lua, refletida em seus olhos. Tudo ali parecia tão certo que, por dentro, Jungkook estava com medo de estar tudo errado. Talvez ele apenas estivesse dormindo, sonhando com o momento que desejou tanto.

– B-bem Jimin – Falou, conseguindo que esferas negras dos olhos alheios parassem em si – eu preciso ir para casa. Foi muito bom te conhecer – Deu um sorriso, tentando transmitir simpatia.

Que ele precisava ir embora, era fato. Tinha aula no dia seguinte, não podia nem sonhar em faltar. Mas na verdade, querer ir embora naquela hora tinha mais a ver com o fato de estar envergonhado com a situação. Não sabia qual assunto puxar, o que falar e como agir. Já estava assustado demais para uma noite, e para uma pessoa introvertida como ele é, aquela interação já havia sido algo muito intenso.

– Oh, tudo bem. – O loiro deu um belo sorriso, um que mostrava seus dentinhos da frente, completamente encantador. Tal ato conseguiu fazer com que a respiração do mais alto fosse presa por alguns instantes, mas logo voltou ao normal. – Boa noite então. Nos esbarramos por aí.

– Boa noite. – Sua voz havia dado uma leve falhada e saiu mais como um sussurro, mas para ele aquilo já era como uma vitória.

Saiu de lá com um sorriso no rosto, pedalando calmamente para casa, enquanto um sol começava a dar seus primeiros sinais no horizonte.

Mein Mond  .•°[Jikook]°•.Onde histórias criam vida. Descubra agora