Tin estava triste. Muito triste. Mas talvez ele tivesse sido precipitado e era muito cedo. Can ainda estava assustado e ele queria, queria tanto levar numa boa e voltar atrás de Can como se nada tivesse acontecido. Mas ele além de ser imaturo estava de coração partido.
Ele ficou quietinho nos primeiros dias. Nem ligou, nem mandou mensagem, esperando que Cantaloupe ligasse ou mandasse mensagem, e isso, para sua infelicidade, não tinha acontecido.
Ele também se afastou, não foi até Can, não o procurou pela faculdade inteira como já era costume. E de novo, Can não o procurou, não procurou saber dele ou sei lá, qualquer coisa. Tin queria poder ao menos, viver de migalhas. Será que ele realmente não sentia nada?
Tin fez de tudo durante os dois meses em que não falou com Can; ele bebeu como não costumava beber, o que fez Pete ficar preocupado. Ele também beijou quaisquer bocas por aí. E ainda gostava de Can.
— Talvez você devesse ir vê-lo, Tin. Quem sabe ele não está como você. Esperando por qualquer sinal. Assim como você.
— Foi ele quem me deu uma bicuda na bunda, se ele quiser, ele que venha. – Resmungou para Pete, que riu e negou com a cabeça.
— Vocês dois são dois orgulhosos. Eu fico até chocado.
— Vou indo.
Ele nem se despediu direito. Ele só viu Can andando bem rápido após notar Tin ali e decidiu ir atrás dele. Para quem estava falando que quem devia ir atrás era Can há uns segundos, Tin com certeza estava andando bem rápido atrás do ex-alguma-coisa.
Can estava sentado no chão atrás da parede de um prédio quando o alcançou. Estava suando, odiava suar. Ele suspirou. Can olhou pra ele como quem queria nada.
— E é esse olhar que você tem pra mim?
O outro deu de ombros, assistindo Tin se colocar na sua frente e agachar, ficando à sua altura.
— Se não queria me ver, não viesse atrás de mim.
— Eu– Tin estava sem palavras. Vê o que Can faz com ele.
Can parecia fazer um esforço horrível para não chorar ou para agir frio com Tin. Ele não queria. Queria fazer tudo, mas sabia que Tin estava puto, então ele vestiu sua máscara de quem estava puto também.
Mas Can estava triste, porque ele gostava de verdade de Tin e demorou pra perceber. Ah! Ele também perdeu um jogo do qual se gabou para todo mundo dizendo que iria ganhar.
— Eu vim atrás de você no impulso, mas droga, olhar pra você me deixa puto e com saudade.
Tin se levantou, mas Can o puxou pelo pulso, quase derrubando o mais alto no chão.
Eles estavam cara a cara, olho no olho e Tin quis muito ficar bravo, mas na verdade, ele só se sentiu melhor só de olhar para a carinha de Can. Carinha de cachorrinho que tinha mordido alguém e se arrependia.
— Para de me olhar. – Tin sussurrou, bem perto do rosto de Can.
— Para você, você quem começou.
Meu Deus, os dois têm três anos de idade brigando assim.
— Sai, Tin.
— Eu não vou sair. Não de novo, porque eu tô puto.
Can suspirou, entendendo o que Tin queria dizer. Ele estava cansado de fingir que não sentia o que sentia naquele momento, então apenas encostou a testa dele na testa de Tin, e olhou para as mãos bonitas dele.
— Tô com raiva. Você tá com raiva? — Cantaloupe perguntou num fio de voz.
— Eu tô com raiva.
O mais baixo pareceu ponderar por alguns segundos, então por fim disse o que faria Tin pensar estar sonhando:
— Me beija com raiva, então.
Mas ele não pensou muito, apenas lambeu os lábios e avançou sobre a boca de Can, com uma raiva gostosa. Tin não se conteve e passou a língua pelos dentes do outro, que tentava se acostumar com o ritmo do beijo. Tin estava, literalmente, em cima de Can. Seu corpo pressionando o corpo menor contra a parede. Can, aos poucos, foi se rendendo e abraçou o pescoço de Tin, aproximando ainda mais os corpos. O beijo era intenso e era possível ouvir os estalos e as lufadas de ar que Can dava vez ou outra.
Intenso.
Ele gostava.
Gostava de Tin e gostava da boca quando estava na sua. Gostava das suas mãos grandes segurando sua coxa como se ele fosse fugir. Ele sentia as borboletas no estômago e parecia um colegial tendo seu primeiro amor.
Era o que Tin causava nele.
Eles se afastaram algumas vezes, mas logo voltavam a se beijar como se só existissem os dois no mundo todo. Eles nem ligaram muito que estavam se beijando no Campus da faculdade e qualquer pessoa que passasse ali poderia ver aquilo.
Quando Tin finalmente parou de beijar Can e apertar a coxa do menor que iria ficar vermelha depois, eles se encararam.
— Você realmente estava bravo. – Afirmou.
— Desculpa, eu te assustei?
— Eu gostei. – Abraçou o seu burguês safado. Sentiu falta dele, poxa. — Desculpa. Desculpa. Desculpa. Desculpa.
Can pediu desculpa umas dez vezes repetidamente enquanto apertava Tin contra si.
— Tudo bem. – Afagou os fios macios de Can.
Tin segurou os braços de Can, fazendo ele se afastar. Ele secou algumas lágrimas do rosto daquela pessoa e sorriu.
— Fiquei com medo de você me odiar para sempre.
— Eu nunca te odiaria. Você vai ser meu marido no futuro.
— Sério, Tin?
— Sim, menino. Eu vou casar com você. – Beijou o pescoço do “futuro marido”, que se arrepiou. E Tin não parou. Continuou dando beijos no pescoço dele, arrastando seu dente pela pele cheirosa, o que fazia Can dar uns gemidinhos tímidos.
Sabe se lá aonde eles teriam terminado se não fosse por uma voz conhecida gritando:
— Arranjem um quarto, idiotas. – Era Techno, o técnico de futebol.
Meu Deus.