A tempestade

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Haverá sempre dias de sol... Dias de tardes ensolaradas, para sentar na rua preguiçosamente, para cultivar um pequeno jardim no fundo do quintal, dias ociosos, vermelhos de sol, leves e felizes.
Haverá dias de chuva também. Dias de chuvas pesadas, de lavar as ruas. Dias quando "deus" chora... Quando todas as tristezas são lavadas, todas as almas, todas as mágoas. De pingos incessantes... Uma musica da natureza, que relaxa; que renova. Esses dias de olhar as janelas e ouvir o barulho de trovões distantes, e raios que cruzam o céu. ... e dias de neblina, os faróis altos, o silencio fúnebre. Dias cinzas de névoa, nublados de melancolia, frios, extremamente frios; dias de esquecer o sol. Nesses dias, lembre-se, "Haverá sempre dias de sol!".
...mas, como não amar os dias de sol. Como não amar andar pelas ruas em dias claros, a sombra de árvores, por onde passam tímidos os raios de sol. Como não amar o vento, refrescante, com cheiro de campo, ou o ar húmido que anuncia a chuva...

A Tempestade

O gotejar incessante parecia preencher o ar e através da larga janela de vidro era possível ver não apenas a chuva, mas também um céu escuro a perder de vista. Chovia a dias, e tudo indicava que iria continuar por outros tantos, e sabe se lá quantos dias…
Estavam todos pressos naquela casa velha, porque aquela altura, as estradas de terra que levavam a cidade estavam intrafegáveis.

Há de se ter paciência José! Disse o padre!

Não, não tinha paciência! Olhando pela janela o seu humor estava mais nublado que o tempo. Seu avô estava morrendo lá encima, e tudo que ele podia fazer era esperar, enquanto a família discutia a política, o gado, o futebol...

Para o diabo, toda a maldita família! Pensou José. E se não dizia em palavras, sua expressão deixava claro, o que pensava. Não que gostasse do velho. Não era isso! O velho que morresse, pois já passará da hora! Não era só velho, era mesquinho, intransigente, e estava pagando o preço, Graças a deus!, por anos de cigarros e bebidas (e se o câncer não o matasse com certeza o fígado o faria). O problema era mesmo aquelas pessoas, “da família”, pessoas que nunca foram familiares para ele, das quais manteve distância por anos (queria a distância, ansiava a distância). Eles, os “familiares”, eram um peso, uma espécie de ranço, uma espécie de parasita; sugavam tudo que podiam, sempre! E não apenas sua energia positiva, mas tudo, inclusive o dinheiro. Queriam sempre, mais e mais… nunca estavam satisfeitos. Aquela gente não conheciam trabalho, esforço, conquistar algo; estavam sempre escorados em alguém…Tios, tias, sobrinhos, todos eles escoraram no velho durante muito tempo e ambos se mereciam! E agora o velho estava morrendo…

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⏰ Última atualização: Jan 05, 2019 ⏰

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