a casa

o silêncio

Estava tudo em silêncio,  um silêncio quase ensurdecedor e não se via viva alma. A sombra dos galhos nas paredes transformava tudo em uma cena clichê  de filme de terror. No entanto o som do vento passando pelas frestas das janelas era real e era insuportável, o homem da corda não se importava,  não mais.
Embora possa parecer estranho ele já estava na mesma posição há uma semana,  e ao que se sabe apenas os vermes que lhe comiam a perna o sabiam, e eles comiam como se soubessem a importância de  que quem os alimentava fosse reconhecido. Ao que se sabe isso era crucial.
A casa toda cheirava a uma combinação de sangue e putrefação,  contudo o cheiro de sangue não vinha do homem da corda e nem de nenhum lugar visível.
O freezer do andar de baixo foi desligado uma hora antes do pescoço se romper,  e alguém que não tivesse nojo poderia descobrir que ele estava cheio de vísceras e que era dali que vinha o cheiro de sangue,  putredo, cobrindo todas as vísceras a ponto de não se saber onde começava um e terminava outro. Elas estavam ali a um tempo, e um bom observador veria que uma parte de todo aquele líquido era água, vermes, e fezes.