Faminta

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O desgraçado do carrasco já parou para comer e beber água, mesmo sem saber o que era, Rosa só não salivava pois sua boca estava seca tamanha sua sede, o canalha não lhe ofereceu e pelo jeito nem iria.
A uma certa hora ela sente tontura, um cansaço tão grande e não vê mais nada. Quando ouve um barulho tão alto, que acorda em um pulo, o movimento brusco trás dores em seu corpo todo, e mesmo sem querer um gemido escapa de sua boca. O condutor a olha.
_Inda bem que acordô!Já pensava que tinha morrido.
Rosa olha sua volta,estavam parados no fundo de uma casa, simples mas se via o capricho. Já tinha anoitecido, ela sentia-se tão fraca, tentava levantar um pouco mais o corpo quando viu uma senhora sair de dentro da casa.
A senhora era mais velha que o condutor,gordinha cabelos todo branco,preso em um coque.
_Chico, olha só essa menina! Tira ela já daí.Deixa o Duque ficar sabendo o modo que você tratou a nova menina dele!
Rosa sente doçura na voz da senhora, e sente um alívio. Que dura pouco pois logo sente o tal Chico tirar as correntes e puxa-la para fora da carroça, devido a horas na mesma posição, sem água e sem comida, não consegue ficar em pé,a velhinha a ampara antes que caia e grita:
_ Chico, homem carregue ela até lá dentro! A coitadinha não se aguenta!
Rosa não viu mais nada,nem deu tempo de protestar para que o horrível Chico não a tocasse. Novamente desmaiou.
Quando acordou novamente, foi com um cheiro maravilhoso. Abriu os olhos e estava em um quarto, a cama simples e macia, massageava seus músculos doloridos, olhou para o lado e no criado mudo havia uma jarra de água e um copo,avançou o mais rápido que seus movimentos lhe permitiam, tomou a água com tamanho desespero,que não percebeu a senhora entrando.
_Menina, vai devagar! Você pode passar mal!
Rosa se assustou, e se encolheu na cama, largando a água.
_Calma menina, não vou lhe fazer mal!
...( Silêncio)
_Olha Chico é um bastardo, por te tratar assim, ninguém merece isso.Mas vou dar um jeito nele não se preocupe. Fiz uma sopa para você, se você conseguir se levantar pode comer e depois tomar um banho.
O silêncio continua e a senhora termina.
_ Não sou má como Chico, mas se tentar fugir, vou ser obrigada a te amarrar novamente,entendeu? Vem?!
Rosa tenta se levantar e precisa da ajuda da senhora para seguir,ela passa pela porta e quando vê o prato de sopa sobre a mesa,sente vontade de correr,se controla. Mas quando senta  de frente ao prato perde o controle e ataca o prato como uma criança esfomeada. Apesar da senhora pedir pra ela ir devagar, não consegue e só diminui o ritmo no terceiro prato de sopa.
_  Menina vamos conversar um pouco?
Rosa balança a cabeça afirmativamente.
_ Meu nome é Maria, eu trabalho para o Duque.Sei que deve estar assustada, mas ele é um homem bom, sério e um pouco severo,mas se você for boa pra ele não terá problema.
Rosa fica pensativa.
_ Olha menina, se comporta faça tudo que ele mandar e tudo ficará bem, não sei o porquê foi vendida pra ele, tá na cara que é fina. Mas se fizer tudo certinho vai ficar tudo bem. Agora você vai tomar banho, lá no seu quarto, tem uma tina que deixei pronta para banhar-se, o Duque não pode te ver assim, amanhã vou te dar roupas limpas e irá para sua nova casa.
_ Mas por que ele me comprou? O que ele quer de mim?
_Menina, não sei o Duque sempre compra escravas bonitas, pra limpar a casa para cozinhar ou para servi-lo. É só você obedecer.
Rosa volta para o quarto angustiada, quem será esse Duque? O que ele queria? Ela olha a tina e devagar se aproxima,começa a tirar a roupa e bem lentamente se senta,todos os músculos reclamam,mas a água está tão quentinha, que aos poucos ela vai relaxando,fecha os olhos e lembra dos seus pais, e de tudo que aconteceu até ali e chora, de saudades dos pais, de raiva do tio e de medo do Duque.
O cansaço mais uma vez chega,e com a água fria já,ela sai se enxuga em uma toalha que estava pendurada ao lado da tina e colocou um camisolão que estava sobre a cadeira perto da janela.Olha a janela triste ela tem grades.Deita na cama e rapidamente cai no sono.
Rosa acorda com dona Maria cantarolando e um cheiro maravilhoso de café que faz sua barriga roncar.Ela vê na cadeira um vestido claro, e o coloca para sair do quarto.
_ Menina,bom dia! Sente- se já chegou sua charrete, apresse o Duque não gosta de esperar.
Bastou essas palavras e seu estômago embrulhou, perdeu a fome.Quando a senhora percebeu veio sentar junto a ela e disse:
_Menina, já disse não se preocupe tudo ficará bem,basta obedecer!Vamos tome seu café.
Rosa só tomou mesmo o café, porque o pão não desceu.Se despediu de dona Maria com o coração apertado,na incerteza do que lhe iria acontecer.
A charrete era simples,mas muito melhor do que a gaiola na qual chegou.O condutor também era outro, esse só acenou com a cabeça.Ela se sentou tentou manter a calma,mas não deixou de estranhar,sem correntes,se quisesse fugir...Mas olhou de novo o condutor, era grande e sério era melhor não arriscar.
Estava em uma estrada de cascalho,com muito verde dos dois lados, enquanto olhava a vista, tentava adivinhar o que lhe esperava, e veio em sua cabeça o tio, que tanto a humilhou, e a raiva cresceu ,trazendo a sede de vingança...passe o tempo que passar: VOU ME VINGAR!
De longe ela viu uma grande mansão, só poderia ser para lá que estava indo,pois não havia mais nenhuma propriedade perto.Era linda dois andares,tinha muitas janelas,um jardim enorme, e a entrada era pura elegância com escadas que chegavam até uma porta grande,a casa era amarela bem clarinha e as janelas brancas muito bonito de se ver. Se não fosse minha prisão.

A ESCRAVAOnde histórias criam vida. Descubra agora