Rio de Janeiro, RJ, 1 ° de Janeiro de 2019, 13:00
POV Ciro Gomes
Sim, eu confesso que sou um homem que gosta do agito, que não se dá com nada nem frio nem morno. Tampouco sou baiano, mas aqui é tudo quente, carregado na pimenta.
Posso até mesmo dizer que já esperava um 2019 bem tenso politicamente falando. Mas nem nos meus piores pesadelos me imaginei preso numa delegacia acusado de terrorismo logo no primeiro dia do ano !
Me guardaram sozinho numa sala vazia, abafada e quente, sentado em cadeira bem desconfortável, algemado pelos pés e mãos.
Fiquei isolado sem saber o que estava acontecendo do lado de fora. Tudo o que podia ouvir eram os gritos das pessoas na rua e os estrondos das bombas.
Naquele mesmo dia, mais cedo:
Maldita hora em que, voltando da Europa, encasquetara de visitar uma 'amiga colorida' carioca que não via há um ou dois anos. Tudo por causa de uma foto mais ousadinha que a danada me mandou pelo WhatsApp. Pensei com a cabeça de baixo e mudei o rumo, ao invés de ir para Fortaleza, segui direito para a Cidade Maravilhosa. Mas mal saltei do táxi e pus meus pés nessa terra de pessoas que falam chiando, já tomei no meu cu.
O que parecia ser simples passeata pacífica e ordeira de repente se tornou um cenário de guerra. A cavalaria do nada brotou no meio da rua, soltando bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral no meio do povo.
Rapidamente busquei abrigo em uma loja que ainda não arriara as portas, mas assim que entrei vi uma cena a qual nenhum cabra decente poderia ficar indiferente.
O policial derrubou uma moça no chão a troco de nada: A bichinha não estava sequer protestando e caiu com tudo de bunda no chão com o porradão que levou.
Eu saí do meu refúgio e corri para a socorrer, mas quando a garota me olhou, fechou a cara e me acertou um socão no meio da lata que me deixou tonto.
Caralho, ela batia forte !
" Arre, eu venho lhe ajudar e é assim que agradece?" - Me queixei, massageando a área atingida.
Ela bufava de ódio, se levantou num pulo antes que pudesse me aprumar.
" Seu canalha, não tá lembrado de mim, não, é ?"- Gritou, me levantando pelo colarinho.
Outro militar, este a cavalo, deu dois berros com o agressor da sujeita:
" Ô filha da puta, tu come merda? Tu bateu na Tenente Scarlet ! " - Apontou na direção da onça braba.
Franzi a testa, encarando a policial à paisana que quase me nocauteara. Estava tão puta da vida comigo que preferia vir pra cima de mim do que no cara que a porrara. Scarlet... O nome não me era estranho. Olhei atentamente para a cabrita e me veio à mente uma ficada de coisa de três anos atrás - Minha aluna do último ano da faculdade de Direito: Moleca ingênua que sonhava em casar moça com o namoradinho de infância, e que perdera a virgindade comigo.
Mas como nada era tão ruim que não pudesse piorar, eu conquistara a novinha motivado por uma aposta.
Ninguém acreditava que, por mais que eu tivesse lábia, conseguiria comer uma noiva tão fiel antes do marido.
Não houve sequer casamento. A jovem, apaixonada por mim, deu um pé na bunda do cara, supondo que minhas intenções eram as mais honestas possíveis, e foi me procurar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
One Shots Bar [ciro,haddad,boulos,yuri]
DiversosCompilado de histórias que possuem capítulos únicos. As histórias são escritas por várias pessoas e sobre quatro personagens que foram destaques nessas eleições de 2018. AVISO: Não devia ter que explicar isso, já que o site por si só já é explicativ...