01. The Storm

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Nathan Prescott;

O vento soprava forte. As árvores balançavam. Folhas voavam, vinham de todos os lados. Galhos e postes caíam, fazendo com que toda a energia da cidade acabasse, dando origem a um black-out. Para qualquer lugar que você olhasse era impossível de enxergar alguma coisa com clareza; Uma grande quantidade de neblina se fazia presente. As portas de estabelecimentos eram forçadas a se abrir, até mesmo aquelas automáticas. Os vidros? Eles não aguentavam a força da água que caía e se quebravam, inundando tudo por dentro. O céu estava mais cinza do que nunca. A chuva caía selvagemente. Coisas iam para o chão e eram arrastadas pelas enchentes poderosíssimas que levavam sem dó alguma qualquer coisa que entrasse em seu caminho. Alguns habitantes corajosos estavam com carros passando pelas ruas tentando chegar à algum lugar antes que fossem mortos. Eu não era nenhum especialista em meteorologia, entretanto, podia dizer que os ventos sopravam à cerca de 290 km/h. Haviam gritos desesperados de pessoas assustadas que ainda não tinham encontrado um abrigo. Casas e empresas estavam sendo desmoronadas de tão estrondoso que estava sendo aquele fenômeno. Se a bíblia fosse real, seria um segundo dilúvio, mas, eu não acreditava em nada do que o tal "livro sagrado" tinha em suas páginas. Ao fundo, vindo da costa oeste sob o mar, era possível ver um enorme furacão. Tudo o que pairava sob o ar era puxado na direção dele que crescia e crescia cada vez mais. Mulheres, crianças e idosos sofriam em conjunto com a enorme tempestade. Eu me encontrava machucado, sangrando a partir do supercílio devido a um galho que passou lateralmente, cortando o meu rosto; Correndo em meio à chuva, raios e trovões eu estava completamente encharcado. A mão direita cobrindo o rosto na altura dos olhos, tentando evitar ciscos e a cegueira em si. À minha esquerda eu podia ver o Pan Estates — uma das empresas compradas pelo meu pai — arruinado. Era a mesma coisa com a loja de barcos e pesca do John, o Two Whales Diner e a Blackwell Academy. Definitivamente aquele não era mais um ótimo dia em Arcadia Bay como dizia a placa de entrada da cidade.

Perdido em meus devaneios, eu fui arremessado. Por sorte consegui me segurar em um poste, mas logo este se soltou do solo, me fazendo voar, gritando por socorro até rolar pelo asfalto. Mais machucados para a conta. Eu sentia muita dor. Tinha batido a cabeça, podia sentir o galo se manifestando e mais sangue escorrendo. Não conseguia mexer as minhas pernas. Minha visão estava embaçada, então, pude ver o que impedia a minha movimentação. Era isso. Eu fôra deixado para morrer preso debaixo de um tronco de árvore gigante. E o pior? Eu estava em meio a dois carros pegando fogo prestes a explodir. A coloração amarelo avermelhado iluminava o meu rosto — e sutilmente o queimava também. Eu comecei a pedir socorro, mais uma vez. Ninguém parava para me ajudar. Eu tentava, com todas as minhas forças, retirar aquele trambolho de cima de mim, mas tudo o que eu conseguia fazer era ir perdendo as esperanças e inchar a minha cara com lágrimas de alguém completamente horrorizado. Contudo, até que fazia sentido toda essa merda! Talvez era aquele mesmo o meu real destino. Haviam muito mais pessoas em Arcadia Bay que deveriam viver... muito mais do que eu. Eu era apenas um fodido de um garoto mentalmente doente que tinha o Karma do sofrimento nas costas. Isso tudo era mais do que merecido.

(Música);

Desde o meu nascimento em 29 de Agosto de 1995 até mais ou menos meus cinco ou seis anos, a minha vida fôra deslumbrante. Criado em berço de ouro, juntamente com minha irmã, Kristine Prescott, eu tive tudo nas mãos devido riqueza e influência de minha família. Eu aprendi a tocar piano, violão e guitarra, tinha talento referente ao canto, esportes e acesso aos melhores livros e cursos de aprendizado, sendo eles de conhecimento geral ou idiomas. Apesar de nascido na Flórida, os Prescott's — exceto minha irmã que foi para o Brasil servir a Peace Corps voluntariamente — se mudaram para Arcadia Bay, essa pitoresca cidade costeira em Oregon, originalmente habitada e fundada por nativos americanos. A cidade sempre teve um clima estranho e outros fenômenos bem radicais, de certa forma. Foi então que todos os problemas começaram. A minha infância foi completamente arruinada pelo meu próprio pai, Sean Prescott, um homem frio, egocêntrico que me tratava de modo psicologicamente abusivo por apenas se importar com o nome da família e dinheiro. Sendo isso tudo o que importava para ele, eu cresci sem um carinho paterno, escondendo meu lado sensível raramente visto e recebendo afeição apenas da parte de minha mãe, Caroline Prescott, com quem eu tinha um relacionamento muito próximo e de puro suporte e apoio. Sean sempre pôs grande pressão em mim e isso sempre foi a fonte de grande parte — se não todas — das minhas inseguranças. Meu pai sempre me intimidou agressivamente para que eu sempre fizesse o meu melhor para não envergonhar minha família. Em 2011, eu entrei para a Blackwell Academy, uma instituição educacional de disciplinas de educação geral contrárias a do ensino médio padrão. Professores ensinavam uma variedade de matérias de ciências, matemática, literatura, história e fotografia. Além disso, o corpo docente e o corpo discente da escola tentavam promover atividades saudáveis ​​e voltadas para a escola, como a educação física (Bigfoots, o time de futebol de Blackwell), e natação (The Otters). Blackwell era uma das melhores escolas de Oregon, mas como todos os lugares, era tóxico por conta das pessoas ali presentes. Eu era vítima de bullying e me esforçava para me encaixar socialmente, acredite quem quiser. Entrei no time de football na esperança de ser mais aceito. Sendo um garoto, até então, sensível e artístico, eu suportei de forma resignada todas as provocações e violências verbais e físicas que aconteciam de modo repetitivo e persistente, fazendo com que, em junção aos meus problemas paternos, eu desenvolvesse sérios problemas psicológicos. A forma que Sean encontrou de "ajudar" o próprio filho quando isso foi revelado pelo meu psiquiatra fôra simplesmente comprar a escola. Sim, comprar a maldita Blackwell. Ele comprou também as terras vizinhas, fazendo com que a instituição sobrevivesse com o financiamento fornecido e, como tal, o diretor de Blackwell, Ray Wells e o corpo docente em geral começaram a dar a mim um tratamento especial com medo de comprometer a segurança financeira da escola. Desse modo, cansado de chorar e de ser humilhado, após as férias de verão, eu me rebelei e tornei-me o pirralho agressivo, classista e clone de meu pai que todos aqui nessa cidade conhecem hoje. Eu comecei a usar a influência de minha família para escapar de qualquer responsabilidade por minhas ações, sempre acreditava estar acima da lei, não fui mais empático com os outros e não mostrava respeito algum ao sofrimento daqueles que eu considerava uma ameaça à minha "autoridade". Ainda mentalmente instável, durante os anos seguintes eu tive tratamento psiquiátrico e tomava vários medicamentos para esquizofrenia e transtorno bipolar; eu sofria de ansiedade, paranoia e meu psiquiatra, Dr. Jacobs, me considerava "desconectado da realidade" e uma ameaça para as pessoas ao meu redor. Eu sempre tive problemas com depressão e também tentei suicídio diversas vezes.

Nowadays | Life Is Strange ➤ MarshcottOnde histórias criam vida. Descubra agora