Capítulo Doze

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Alexander e Mel brincavam e conversavam juntos durante muito tempo e sequer aparentavam tédio.

Espiei de canto de olho as inúmeras perguntas que Melany dirigia a ele enquanto o pobre Alexander se desdobrava em cem para atendê-la e trabalhar nas planilhas que solicitei anteriormente. Mesmo correndo contra o tempo ele ainda parecia lindo e ela cada vez mais feliz... Minha mente travava diante de tal sintonia.

Cada vez mais eu compreendia o porquê de minha filha ser tão apaixonada por ele.

— Está tudo pronto, senhorita Bern. Deseja mais alguma coisa? — Perguntou parado em frente a minha mesa. Terminei de ler o documento que lhe pedi e ergui os olhos para ele. Estava com a camisa suja de canetinha rosa, justo aquela que Melany segurava agora enquanto pintava um desenho sobre a mesa dele.


— Mamãe, estou com fome... — Nós dois olhamos juntos na direção dela, que acabara de descer da cadeira e saltitava alegremente — Alexander pode me levar para comer algo?

— Ele não é sua babá, querida. É meu secretário — Expliquei um tanto constrangida pela maneira tranquila como Melany havia solicitado tal favor.

— Mas se a senhorita me der à permissão, seria um prazer acompanhar Mel até o refeitório — Educado como sempre, Alexander pousou a mão no ombro de Melany com carinho.

Engasguei com o ar ao vê-los tão próximos, cada vez mais amigos. Tal cena me causava comichões por dentro. Pela primeira vez em anos imaginei como seria se Melany tivesse em sua vida uma figura paterna.

— Bom, sendo assim, vocês têm minha permissão — Melany comemorou com palminhas e tirei de minha carteira uma nota de cinquenta que foi recusada por Alexander — Aceite, por favor.

— Além de seu secretário, também sou amigo — Piscou para mim enquanto guiava Melany para a porta.

— O que vamos comer, Alex? — A tagarela falava pelos cotovelos enquanto caminhavam. Como estava com o gesso menor que envolvia apenas a área machucada, Mel usava muletas ao invés de cadeira de rodas. Alexander segurou sua mãozinha e a ajudou a se guiar pelo caminho.

— Algo nutritivo, certamente. Senhorita Bern não gosta que você coma besteira, já estou ciente.

— Porque a chama de senhorita Bern? O nome dela é Molly...

Foi à última coisa que ouvi antes da porta se fechar e a voz de ambos sumir pelo corredor. Desabei sobre a mesa em seguida, suspirando pesadamente diante de tudo que acontecia diante de meus olhos.

Separar Alexander e Melany já era carta fora do baralho, uma vez que o próprio era a única pessoa que fazia minha filha sorrir como um pai faria. O homem terrivelmente atraente que invadiu meu escritório também era o único que lhe arrancava sorrisos sem muito esforço e aquele que tinha seu amor sem precisar se desdobrar em cem para consegui-lo.

Tirar Alexander da vida de Melany faria de mim uma vilã também na história de minha filha e esse rótulo já pesava demasiadamente sobre meus ombros cansados. Se Melany perdesse Alexander não seria eu a culpada. Não mais.

Recordei-me do rostinho dela naquela manhã perguntando-me se poderia vir comigo para a Empresa. Estava radiante, eufórica e alegre como em poucos momentos. Não consegui dizer não e em segundos Amber havia feito uma bolsa com canetinhas coloridas e revistas de pintar.

— Vou pintar estes desenhos com o Alexander —Comentou orgulhosa — Fiz um desenho para ele.

Voltei ao trabalho mais tranquila do que antes por saber que minha filha estava na companhia de alguém que realmente a fazia feliz.

Em Nome do Amor - Querido Secretário (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora