O Imortal Do Kentucky - I

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Nicolas abre os olhos e tem a visão do teto de seu cafofo pequeno porem aconchegante, no fundo ele queria mesmo uma visão do céu, podia estar sol ou mesmo chovendo, no entanto seria algo autentico, natural e no fim das contas dariam belas historias.

Ele levanta com dificuldade, era impressionante o fato dele ser tão novo e mesmo tempo ter uma coluna tão velha.

Seus cabelos ondulados e bagunçados definiam a sua vida desde o começo do ano, seu rosto estava incrivelmente liso, talvez pelo fato da sua pele ser muito saudável ou a grande quantidade de oleosidade camuflar as espinhas, ele preferia acreditar na primeira teoria.

Nicolas se olha no espelho, ele  quase  sempre definia sua beleza como um tanto ambígua, dependia muito do momento, do ângulo, da iluminação e da boa vontade de alguém para achar algo de bonito ali.
Tomou um banho incrivelmente acolhedor e logo após do café da manha serviu comida pro seu rusky siberiano, "Nick" como era apelidado carinhosamente por seus amigos, olha seu armário e escolhe um lindo terno formal branco com uma flor no bolso do peito, tinha um trabalho a fazer, um trabalho que lhe dava motivo pra viver, Nicolas era um cantor de casamento.
Nicolas cantava em casamentos desde seus 19 anos, seu sonho era ser um grande cantor de rock, porem, ele desistiu disso, ser um cantor de rock não dava a ele benefícios tão bons quanto ser um cantor de casamento e talvez nem tanto estimulo para a sua vida, por algum motivo ele amava muito a sua profissão.
Nicolas morava ao lado da casa de seu pai, o que era bom, pois ele sempre usava o carro do próprio para ir ao trabalho e fazer amor com as solteironas depois dos casamentos.
Seu pai era uma pessoa deveras religiosa, porem, não acreditava no casamento devido a traumas passados.
- Pai , preciso do carro - Grita  Nicolas de fora da casa após apertar a campainha.
- Você vai aonde meu filho? – Pergunta seu pai abrindo as diversas fechaduras da porta – Não quer entrar um pouco? Tome um café da manha pelo menos.
Ele aceita e entra, afinal, tinha se adiantado bastante.
A casa do seu pai aparentava ser uma casa comum, porem, ela era recheada de moveis partidos ao meio, quadros pela metade, talheres pela metade e etc...
- O dia mais feliz da minha vida, sera o dia em que você me disser que arrumou uma profissão melhor que essa, esse dia é hoje? – Diz Alfredo com um olhar penoso.
- Não pai, ainda não arrumei e nem pretendo, eu gosto muito do que faço- diz Nicolas sentado na metade de um sofá.
- Você sabe que eu gosto muito de você e creio que você sabe disso, porem, odeio a sua profissão e você se dedica a ela de forma fervorosa, quase 100% da sua vida, ou seja, acabo lhe odiando também, veja ,você esta aqui comigo, mas usando essa roupa branca ridícula.
-Acredite ou não – Nicolas larga a xicara de café na mesa- Eu estou super bem , ouça, estou juntando uma grana, pretendo comprar uma casa maior, em um lugar melhor e logo logo estarei bem longe daqui, eu e minha roupas brancas ridículas.
- Não leve pro lado pessoal – Diz Alfredo após pigarrear - eu já disse que lhe amo, afinal, você é meu filho, porem, tenho que considerar isso uma boa noticia, pois além de sua profissão, não suporto as festinhas que você dá com seus amigos ai do lado.
- Eu gosto deles, são amigos fieis, é sempre bom juntar todos eles e umas garotas pra descontrair de vez em quando.
- Mas tem que ser logo na hora da minha novena? - Alfredo pigarreia , mas não exita-  O padre Harris esta quase tomando providencias quanto a isso.
- Ninguém é de ferro pai, todo mundo precisa extravasar um dia, até mesmo o padre harris da sua igreja extravasa as vezes - Nicolas da um sorriso maldoso e amarelado-  a diferença talvez esteja no fato de que na festa dele ao contrario de todas, não são permitidos maiores de idade, mas ainda assim são festas.
- Filho, ouça bem – Diz Alfredo ignorando a blasfêmia - toda vez que você se olha no espelho, você sente orgulho disso? De ser um misero cantor de casamento?
Nicolas toma seu ultimo gole e continua a defender sua profissão;
- Nunca entendi por que você implica tanto, já parou pra pensar que você é religioso pai? você devia acreditar no casamento e não execra-lo.
Alfredo passa a mão na testa e pensa por quase dez segundos quanto a afirmação de seu amado filho.

-Já parei pra pensar e cheguei a concluir que não existe diferença alguma do casamento para uma empresa de datilografia, por exemplo, a única diferença talvez, é que ainda existem muitas pessoas que ainda acreditam nisso, se juntam firmemente, fazem promessas uns aos outros e seguem em frente para tornar a coisa oficial no papel e ainda estou falando do ramo da datilografia, já no casamento, não, ninguém acredita mais nisso.
- Okay pai, - Nicolas olha o relógio – tenho que ir, esta quase na hora da cerimonia, foi um prazer conversar com o senhor e espero que melhore do seu problema de pulmão.
- Obrigado filho - Diz Alfredo abrindo uma cartela de cigarro.

Nicholas abre a porta que ele pensava ser a segunda porta da saída e encontra sua mãe vendo televisão.
- Mas o que??- Ele coça a cabeça. - Oi mãe...
Nicolas se lembrou de que depois do divorcio, seus pais resolveram isso a limpo e dividiram a casa em duas partes, inclusive alguns moveis como já vinha observado, até tentaram dividir o buldog , porem, o próprio fugiu antes da crueldade.
- Filho, como você esta, já arrumou alguma namorada? – Pergunta a mãe servindo uma xicara de café na mesa.
- Não mãe e talvez nem pretenda arrumar uma tão cedo – Nicolas tem um dejavu - eu gosto de estar só .
- Você parece um pouco triste, o que  aconteceu? – Pergunta a mãe com um olhar preocupado.
- É o meu pai ,ele sempre fica com o mesmo papo de que odeia a minha profissão, isso foi até engraçado nas primeiras 87 vezes, mas isso já ta me irritando.
- Há pobre Alfredo, ainda não superou a nossa separação, você sabe que não é por maldade não é ? Ser um cantor de casamento é ótimo, porem,o nosso  não deu certo e agora ele fica lá na outra metade da casa, ranzinza e ainda escrevendo naquela maldita e barulhenta maquina de datilografia, estou surpreso que ainda fabricam aquelas porcarias.
- É eu sei, obrigado pelo apoio mãe – Nicolas levanta da outra metade do sofá - eu sei que tudo vai ficar bem no final, agora preciso ir, minha banda me aguarda.
Nicolas entra no carro que arranca de forma fervorosa com um imenso estrondo do motor, dando thau pra mãe e pro pai que estavam em frente as suas respectivas partes da casa.
Alfredo com as mãos no banco de tras, procura a a letra da sua nova musica, a encontra em meio a inúmeros convites que diziam:

Festa na minha casa esse domingo
Alcool liberado
Podem convidar amigos,
Hora: 19:00

Obs: Mais precisamente na hora da novena do meu pai
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Um homem moreno e alto, aparentava ter seus 30/34 anos, usava um chapéu um tanto curto e uma bata marrom de detetive, tocava a campainha de Alfredo que assistia a seu programa favorito:

- Mas que droga, tinha que ser na hora da minha novela? – Alfredo levanta resmungando.
Enquanto esperava abrir a porta, o homem observava a casa e achava muito estranho o fato dela parecer ser divida em duas partes além de achar curioso o aviso pregado na porta que  dizia:
Não perturbe das 8:00 as 9:30 -
Hora da meu programa favorito
Nem das 9:30 as 12:00 eu estou preparando o almoço
Nem das 1:00 as 2:30 –reprise do meu programa favorito

- O que você quer? – Diz Alfredo com um semblante raivoso.
- Han, permita- me apresentar, sou o inspetor Anthony Rockwell e se me deixar entrar tenho  umas noticias pra lhe dar.
Alfredo abre as inúmeras fechaduras com muita raiva e deixa Anthony entrar, que pendura seu chapéu no armário da sala:
- Okay, agora pode me dizer o que esta havendo? – Diz Alfredo sentando na sala e com uma enorme veia pulsando na testa.
- Receio que mantenha a calma e se prepare, talvez essa não seja uma das melhores noticias que o senhor já ouviu.
- Ora homem, diga logo, o que há?
O inspetor franzi a sua suada testa  e olha pro nada, como quando alguém pensa na melhor forma de contar uma noticia ruim: 
- Bom, serei direto, estamos investigando um caso que vem nos intrigando desde o começo do ano e finalmente chegamos a uma pista extremamente útil que nos trouxe até aqui.
- Ora, o que você quer dizer? – Diz alfredo já sem vontade de assistir seu programa – Que eu sou algum criminoso?
- Não, mas seu filho sim, Sr Alfredo, seu filho é um Serial Killer.

Crônicas De Um Cantor De CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora