— Acorda! — Um jato d'água gelada atinge meu rosto, me fazendo sentar imediatamente na cama, tossindo e passando o lençol no rosto.
Sem nem um pingo de humor, viro-me para frente, onde me deparo com a Kimberly se alongando e segurando o copo que acabou de esvaziar em meu rosto e, que por sinal, molhou boa parte do meu colchão.
Minha preguiça só aumentar ao vê-la totalmente animada e com roupa de corrida em pleno sábado de manhã!
— Não, não, não... — ela diz ao me ver deitando novamente — você prometeu que iria começar a correr comigo.
Bufei e me forcei a levantar, amaldiçoando-me por prometer coisas para Kimberly, pois ela nunca esquece e sempre cobra.
Me arrastei até o banheiro.
— Aproveita que já adiantei seu banho! — debochou.
Mostrei o dedo do meio para ela e fechei a porta logo atrás de mim.
— Ui, nervosinha!
***
O parque, sem dúvidas nenhuma, podia ser considerado um dos locais mais lindos da cidade. Árvores floridas forneciam sombras aos bancos e gramas, onde geralmente, grupos de pessoas faziam piqueniques durante a tarde.
No estreito caminho de terra, eu e Kimberly corríamos lado a lado, outros faziam o mesmo e umas se exercitavam nos aparelhos de ginástica sob uma enorme árvore de flores amarelas.
— Quando começa no novo emprego?
— Sexta — respondi ofegante.
Ainda estávamos na quarta volta e já havia chegado à conclusão de que foi uma péssima ideia ter vestido uma regata preta.
— Teremos que sair hoje para beber toda e compensar os próximos fins de semana em que estará trabalhando.
— Como se você precisasse de um motivo para beber todas!
Olhei para ela a tempo de vê-la sorrir, ajeitando a viseira que protegia seus olhos azuis e suas bochechas sardentas do sol matinal.
Pela decima vez paramos para fazer uma sequência de polichinelos que ela achava essencial e resmunguei ouvindo ela falar sobre a importância de se exercitar e pela bela bunda que isso nos daria no futuro.
— Maldita hora que fui fazer amizade com uma estudante de educação física! — reclamei.
— Se você soubesse o quanto custa uma hora com uma personal qualificada e gostosa como eu, estaria me agradecendo.
Ri enquanto passava uma toalhinha no rosto para limpar o filete de suor que escorria.
— Você precisa abrir mais as pernas quando pular — disse corrigindo meu polichinelo.
— É polichinelo ou espacate? — murmurei.
Quando meu relógio de pulso marcava oito horas da manhã, adentramos a um estabelecimento que já me era familiar. Os sininhos da porta fizeram um pequeno barulho e o cheiro de café preencheu meus sentidos.
— Você só quis vir até aqui para ver o bonitão do Thunder, não é mesmo? — Kimberly sussurrou me dando uma pequena cotovelada.
— Quero apenas tomar um machiatto — respondi sem paciência.
O cliente que estava na nossa frente saiu ao fazer o pedido e Thom sorriu ao me ver.
— Evie! — falou animado, mas logo virou para o lado e se demorou observando minha amiga.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aos Cacos
RomantizmEvie Lencastre e Oliver Thunder tinham um passado, mas tragédias acontecem e deixam marcas irreversíveis. Depois de Evie fugir de tudo e enfim colocar sua vida nos trilhos, Oliver surge como uma avalanche, bagunçando tudo que a menina levou cinco an...