SETE

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— Acorda! — Um jato d'água gelada atinge meu rosto, me fazendo sentar imediatamente na cama, tossindo e passando o lençol no rosto.

Sem nem um pingo de humor, viro-me para frente, onde me deparo com a Kimberly se alongando e segurando o copo que acabou de esvaziar em meu rosto e, que por sinal, molhou boa parte do meu colchão.

Minha preguiça só aumentar ao vê-la totalmente animada e com roupa de corrida em pleno sábado de manhã!

— Não, não, não... — ela diz ao me ver deitando novamente — você prometeu que iria começar a correr comigo.

Bufei e me forcei a levantar, amaldiçoando-me por prometer coisas para Kimberly, pois ela nunca esquece e sempre cobra.

Me arrastei até o banheiro.

— Aproveita que já adiantei seu banho! — debochou.

Mostrei o dedo do meio para ela e fechei a porta logo atrás de mim.

— Ui, nervosinha!

***

O parque, sem dúvidas nenhuma, podia ser considerado um dos locais mais lindos da cidade. Árvores floridas forneciam sombras aos bancos e gramas, onde geralmente, grupos de pessoas faziam piqueniques durante a tarde.

No estreito caminho de terra, eu e Kimberly corríamos lado a lado, outros faziam o mesmo e umas se exercitavam nos aparelhos de ginástica sob uma enorme árvore de flores amarelas.

— Quando começa no novo emprego?

— Sexta — respondi ofegante.

Ainda estávamos na quarta volta e já havia chegado à conclusão de que foi uma péssima ideia ter vestido uma regata preta.

— Teremos que sair hoje para beber toda e compensar os próximos fins de semana em que estará trabalhando.

— Como se você precisasse de um motivo para beber todas!

Olhei para ela a tempo de vê-la sorrir, ajeitando a viseira que protegia seus olhos azuis e suas bochechas sardentas do sol matinal.

Pela decima vez paramos para fazer uma sequência de polichinelos que ela achava essencial e resmunguei ouvindo ela falar sobre a importância de se exercitar e pela bela bunda que isso nos daria no futuro.

— Maldita hora que fui fazer amizade com uma estudante de educação física! — reclamei.

— Se você soubesse o quanto custa uma hora com uma personal qualificada e gostosa como eu, estaria me agradecendo.

Ri enquanto passava uma toalhinha no rosto para limpar o filete de suor que escorria.

— Você precisa abrir mais as pernas quando pular — disse corrigindo meu polichinelo.

— É polichinelo ou espacate? — murmurei.

Quando meu relógio de pulso marcava oito horas da manhã, adentramos a um estabelecimento que já me era familiar. Os sininhos da porta fizeram um pequeno barulho e o cheiro de café preencheu meus sentidos.

— Você só quis vir até aqui para ver o bonitão do Thunder, não é mesmo? — Kimberly sussurrou me dando uma pequena cotovelada.

— Quero apenas tomar um machiatto — respondi sem paciência.

O cliente que estava na nossa frente saiu ao fazer o pedido e Thom sorriu ao me ver.

— Evie! — falou animado, mas logo virou para o lado e se demorou observando minha amiga.

Aos CacosOnde histórias criam vida. Descubra agora