País das Maravilhas - Encontrando o Bando

Capítulo 1

Midoriya estava novamente sozinho, e era assim que queria estar se não fosse por um certo grupo bagunceiro o incomodando. O grupo o estava cercando a vários dias  insultando dos piores nomes possíveis e ainda tinha o fato de todos os moradores o verem como uma aberração, aquilo fazia um buraco em seu peito e a cada dia pedia para alguém o socorresse, mas parecia que ninguém via o seu sofrimento, todos estavam ocupados com suas vidas perfeitas e não queriam ser incomodados.

Se não bastasse essa situação ainda sofria por ser o homem mais baixo daquele cidade tendo  apenas um metro e cinquenta e cinco. Calma o principal ainda nem apareceu. Suas orelhas, sim isso mesmo elas eram facilmente confundidas com a de um gato, só que eram dez vezes maiores e aquele merda de calda que batia em tudo em que encostava. Pra que ter orelhas e caldas pretas? Se pudesse amputava na primeira oportunidade. 

As pessoas o comparavam a um gato vira lata mas sabia que era algo mais, só não sabia o que exatamente, e isso o matava aos poucos por dentro. Ninguém naquela pequena cidade gostava de coisas que não estavam programadas para acontecer e o Midoriya era uma dessas.

 órfão desde bem pequeno era cuidado por boas pessoas que morreram quando completou  os seus 18 anos e agora se via naquela mesma situação, sozinho,novamente.

Habitava uma pequena casa alugada próxima a floresta, feita de madeira contendo apenas um quarto, cozinha e  banheiro,tudo estava arrumado em seus mínimos detalhes. 

Trabalhava meio período como entregador de pizza e estava satisfeito em ter um teto sobre sua cabeça e um pouco de comida , mesmo que não pudesse comer como realmente desejava, pois precisava economizar no que comprava. Acabava  fazendo apenas duas refeições ao longo do dia. As vezes o dono da pizzaria deixava com que levasse algumas pizzas que tinham queimado, e estes eram os melhores dias possíveis.

Esperava que sua situação melhorasse, mas parecia ser um sonho de fadas e sabia que coisa boas não aconteciam consigo.

 A única coisa realística que ansiava era ter um longo dia tranquilo na escola e logo após trabalhar mais algumas horas, e finalmente cair em sua cama velha gasta quentinha.

 Lembrava com um gosto amargo o critério exigido para conseguir o seu trabalho. Esconder sua calda e orelhas durante o tempo em que  trabalhava. Não se orgulhava em possuir estas características , assim como odiava escondê-las. Acabava usando um boné o dia todo para passar despercebido,o que colaborava para que suas orelhas e calda ficassem doloridas ao final de cada dia. 

Mergulhado em tantos pensamentos não se deu conta quando esbarrou em certo grupo, só faltava isso para o dia virar um inferno. Lentamente virou e viu que não foi por descuido,o grupo queria o derrubar no chão. 

Sorte sua que estava perto demais dos armários e não tinha espaço para tropeçar em seus próprios pés, somente foi prensado contra aquele monte de metal. Sabia que ficava mais descoordenado quando não tinha sua calda livre, mas era isso ou ter ela apertada e machucada por esses brutamontes.

E se fosse para escolher entre as opções, com toda certeza ficaria com  não ter nenhuma coordenação motora. Ouviu risos que eram dirigidos a si e soube que a chacota ia começar. Como sempre kai Chisaki iria começar, seu sorriso parecia diabólico demais aos seus olhos.

_ Não sei ainda o que faz na nossa escola, deveria aceitar o seu destino de ser entregador de pizza. Até que "meu pai" foi muito bondoso aceitando uma escória como você trabalhando com ele, seu lugar é aos meus pés, fazendo o que eu quero e na hora que der vontade.

Não era normal uma pessoa possuir tanto ódio assim, ficou chocado quando sentiu que Kai Chisaki cuspiu em seu rosto e apertou seu queixo, por um momento pensou que iria sair dali quebrado. Tremendo de angustia tentou olhar apenas para baixo, mas teve que olhar para os olhos de seu agressor, dado o movimento repentino feito por Kai.

_ Olhe para mim quando estiver falando com você!!! Ou irei ter que te adestrar? HUM? Seu gato vira-lata.

Todas aquelas palavras pareciam ser verdade, mas precisava ser forte  para sair daquela cidade miserável e tentar seguir rumo ao melhor, sempre o melhor. Com os olhos marejados tentou se defender mas sabia ser incapaz. Não sabia de onde vinha aquela força mas tentou empurrar os garotos que o cercavam.

_ Eu mereço o mesmo que qualquer um de vocês, porque apesar de ter essas orelhas e essa calda, ainda tem uma parte minha que é humana.

Os meninos trocaram olhares e jogaram pedra,papel e tesoura, e pelo que pode ver Dabi ganhou. MERDA!!!

Olhou na direção de Dabi e sentiu medo, ele parecia ter fogo em seus olhos, pronto para queima-lo no fogo ardente. Uma perna foi posta entre suas pernas e sentiu seu pênis ser esmagado por aquela perna. Sua voz veio como o cantar de uma serpente.

_Você merece é ser minha puta!!! Levando varada todos os dias, quem sabe assim não começa a respeitar que somos seus superiores, tá querendo levar uma prensada é ?

O aperto entre suas pernas aumentou. E sentiu o movimento de uma estocada ser feito em sua perna, não aguentou e gritou com todas a suas forças.

_ PARA!!! Por favor eu não fiz nada de errado.

Uma voz rouca veio detrás das costas de Dabi. Era Tomura o líder do grupo.

_ Você passou a merecer a partir do dia que nasceu. Sua mãe deveria ter te abortado ao saber de sua anomalia.

Novamente foi empurrado,e o grupo de brutamontes ficaram satisfeitos em ver Midoriya caindo aos poucos no chão em fragalhos. Não suportava pensar que todos os dias seriam assim. Seu coração apertava e mais lágrimas caiam.

Tantas pessoas passavam por si, e recebia apenas olhares satisfeitos com sua condição.Levantou aos poucos e tentou manter suas partes anormais escondidas.

 Abriu seu armário e viu o papel mais bonito cair ao chão. Nele continha seu nome, o que será que era? Sabia que não tinha nenhuma sorte, mas estava tentado a acreditar, ele precisava. 

Limpou seu rosto porque ninguém precisava saber que tinha acabado de chorar. Apertou o papel no coração e sentiu que aquilo serviria para algum  propósito maior, aguardava ansioso pelo futuro.