A noite se acomodou ali. Embora com a primeira chegada da noite em meio aquele caos que se iniciava, aquela escuridão, sabendo que estavam sob ataque alienígena a esta altura, amedrontava qualquer ser humano que neste exato momento se refugiava, seja lá em suas casas, abrigados em parentes, espalhados nas estradas, florestas...
O inferno nas mentes conturbadoras daqueles, parecia renascer em Terra, e a Lua assistia aquilo lealmente, toda a desgraça e ainda distribuía seu frescor após a chuva escaldante.
O frio penetrante agora assolava a floresta que arrodeava aquele casebre. Não era típico daqueles arredores de Montgomery. Possuía trilhas, além de áreas preservadas, se sobrevivessem a tudo que estavam passando, fugir por uma dessas trilhas seria a opção mais viável nos pensamentos de Norton.
No entanto, naquele momento, encolhido entre o cheiro úmido que a floresta exalava após a chuva expelir o odor por toda extensão, com Yallow envolvida em sua proteção, catou tal arma ensaguentada, com o medo que pudesse usá-la a seu favor.A música estranhamente tocada, agora tinha acabado. Apenas estática, seguindo até o amanhecer.
Ninguém se moveu de seus lugares por toda a madrugada. Norton não pregou os olhos, Yallow sim. Aguentou apreensiva, mas como uma criança, o cansaço, fez a pequena debruçar no peitoral do pai.
Norton percebia que Eduard se incomodava vez ou outra de baixo da cama, pelos mexidos que dava.
E assim seguiu a madrugada para quem estava no casebre. Lenta, angustiante e temerosa. Passaria mais algum tempo ali, Norton e os demais, num completo transe, se não percebessem a luminosidade espessa por de baixo da porta. A luz vinda da janela do corredor, a mesma que Norton usou para vomitar.
Rodopiou seus olhos para onde vinha a luz e suspeitou que teria amanhecido, e estava certo.
- Você acha que amanheceu? - Eduard surgia, em partes do corpo amostra por lado de fora da escuridão que era ali em baixo.
- Eu acho que sim – respondeu Norton, agachado, ainda dentro do banheiro.
- Será que... - sussurrou Eduard com sua voz rouca.
Queria perguntar se Eles ainda estavam por ali. A este momento em pleno amanhecer, queria saber como ficara o padre lá em baixo e Michelly no quarto ao lado.
- Eu não sei... - suspirou Norton, cansado.
A noite em claro não lhe ajudou em nada.
Apenas lhe criava expectativas e planos para tirar sua filha dali. Imaginando as trilhas, talvez seguisse para a esquerda encontraria uma. Era costumado ter algumas nas proximidades dos lagos.
Aos poucos, acordou Yallow, e direcionou-se a porta. Eduard vinha logo atrás.
Girou a maçaneta e a claridade adentrou por completo. O corredor vazio como deixaram noite passada, agora poderiam enxergar os quadros espalhados nele. Mas aquilo não interessava para Norton, não. O apagar de luzes noite passada, no outro casebre lhe perturbava. Caminhou cautelosamente até a janela, e o casebre pode ser visto nitidamente.
Por alguns segundos a encarou. Correu seus olhares pelos céus, e ele estava limpo.
- Venham, vocês precisam ouvir isto! - um grito vindo do andar de baixo fez Norton arregalar os olhos, enquanto Eduard virava sua cabeça rapidamente para as escadas. Era a voz do padre – Venham!
" - ... a-alguém pra escutar o que estou falando? - o que era apenas estática incontrolável, soou uma voz masculina do rádio que tocara Rolling's Stones noite passada. O chiado não saiu, mas tinha alguém falando naquele exato momento - ... eu acredito que não. Mas alguém nessa merda de mundo tem que está escutando, tem que estar... se este sinal cair...
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Entre Nós (Revisando)
Science FictionO que fazer quando aqueles que nos vigiavam cada passo nosso aqui na Terra, o que fazíamos, o que comemos, nossos atos fúteis, o nosso jeito de "desperdiçar" a vida, descerem em nosso solo? Seria o ápice da desordem humana. Nesta obra trago emoções...