A Sereia *Lésbico*

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Estreito os olhos para poder enxergar as estrelas. As nuvens atrapalham muito e eu bufo em desgosto. Minha tripulação trabalha incessantemente e eu espero conseguir nos guiar para fora desse enorme nada. Faz quase três dias que estamos entre rochas enormes e perigosas, mas eles são leais e acreditam no meu comando. Portanto, quando noto um mar livre ao longe, solto um grito enorme de felicidade.

- Ay, bastrados! Mais duas horas e estamos livres! - fico aliviada e olho para baixo, percebendo que eles comemoram.

Me penduro nas cordas que amarram-se no mastro e sinto o vento salgado nos meus cabelos. Tiro do rosto os meus cachos leves que já estão desfeitos há tempos e sorrio vitoriosa.

Meu navio sempre consegue. Desde que comecei a guiar navios como Capitã, nunca decepcionei ninguém. Fico aliviada ao perceber que essa não será a primeira vez.

Resolvo descer para dar uma olhada nos meus homens. Caio com os dois pés após escorregar para baixo e aterrisso com um enorme estrondo. Minhas botas marrons fazem barulho conforme eu caminho entre os braços trabalhadores.

- Ay, Capitã! A merenda está pronta - Doug diz e eu sinto o cheiro do ensopado.

Minha boca saliva. Doug tem a melhor mão para cozinhar e eu escolhi bem. Conheço-o desde que começou a navegar e assim que tive a chance de recrutar os meus próprios braçais, ele foi um dos primeiros convites.

- ESSE SABE COMO AGRADAR A MAMÃE! - grito e eles explodem em gargalhada.

Entro na pequena sala que utilizo como meu cantinho, com o prato na mão, me sento na grande mesa que ocupa quase metade do cômodo.

Experimento a comida e sorrio. Escolhi bem mesmo.

Estou nas últimas colheradas quando ouço duas esmurradas fortes na minha porta.

- Capiã, precisa ver isso! - reconheço Hudd pela voz e me levanto rapidamente. Pego o meu chapéu e saio da minha sala.

- Hudd? - ele me encara com olhos preocupados.

Logo que meus olhos varrem a vastidão do mar, não varrem. Pelo contrário, não é possível enxergar nada. Uma densa névoa cobre todas as extensões do navio e eu não consigo ver a mais de um metro a frente.

- Mas que..? Não vi nenhuma névoa lá de cima. Por acaso mudamos de direção? - encaro um Hudd desesperado.

- Não, Capitã. Ninguém viu. Estávamos seguindo a Leste como anteriormente. Sem mais nem menos estamos cegos assim - entrelaço os dedos nos meus longos cabelos marrons e penso um pouco.

- Recolham a vela. Vamos devagar - resolvo.

Precisamos sair daqui o mais rápido possível. Meus homens começam a remar no andar de baixo e eu observo o nosso progresso. Grito comandos e minha tripulação se mexe com maestria.

- O que é isso? - Wood grita.

- Ay, ouviram? O que é isso?! - muitos deles começam a exclamar e eu me irrito.

- Calem a porra da boca para eu conseguir ouvir! - um silêncio enorme se faz.

Não ouço nada.

- Capitã? - é Dough.

- Ay?

- São sereias. Consigo sentir - um medo enorme se toma pelos meus trabalhadores.

Todos continuam imóveis, mas seu pavor é palpável.

- Elas afundam navios! Fechem os olhos! Não as deixe te capturar! Vão nos devorar inteiros! - um tripulante que eu nunca vi grita.

- Quem é esse merdinha? - exclamo ao Hudd e saco a minha espada. Me lanço para perto daquele desconhecido e encosto minha lâmina no seu pescoço.

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