Life's a mess

17 anos - O início do fim

Todos já sentiram, em algum momento, aquela vontade de descobrir o que é o amor. O que ele significa. Aonde encontrá-lo. Mas, nessa busca, é muito fácil se colocar numa posição de ilusão, na qual queremos sentir esse sentimento mágico e acabamos por inventá-lo numa relação em que ele nunca esteve por vir. Essa é a primeira história.

Amanda, 17 anos, pensava que o mundo era preto e branco e que filmes de Hollywood são possíveis. Antes de qualquer julgamento, não a pensem como ingênua, ela apenas não encontrou os desprazeres da vida ainda.

- Onde você esteve esse tempo todo? - ela mandava mensagem ao garoto que conheceu em uma festa e já conversava há meses. Bernardo. Rosto americano, moreno, alto, simpático, inconsequente, engraçado, com milhares de gostos em comum.

- Esperando você aparecer na minha vida - ele respondia causando prazer ao coração apaixonado. - e vendo memes no twitter. - enquanto mandava fotos que faziam ela rir mais por ele ter mandado do que pelo fato de serem realmente engraçadas.

Claro que as mensagem começaram a tomar conta de suas horas, de seus dias, de seus meses. Moravam em cidades diferentes, mas as esperanças de ficarem juntos nunca desvaneceu. As risadas não acabavam e o sentimento que ela nutria apenas crescia. A família começou a perguntar de onde vinha tanta felicidade e tanto tempo no telefone, queriam conhecer o motivo. Tudo estava dando certo.

Até o dia que chegou a primeira facada. 

- Não acredito que estamos acordados até agora. - ela ria no sofá da sala às 7 da manhã, sorrindo como boba após virar a noite conversando com ele. Já pensava em como se explicar pra mãe quando ela acordasse.

- É estranho, parece que o tempo não passa quando estamos nos falando. - o coração romântico nunca cansava de se derreter por frases nada extraordinárias, mas carinhosas.

- É verdade. Mas já são quase 8 horas, talvez eu deva fingir estar acordando para poder dizer à minha mãe que acabei dormindo no sofá. - ela dizia, se sentindo como uma fora da lei, simplesmente por ter virado a noite.

- É uma boa ideia - dizia ele rindo - mas antes de você ir, preciso dizer algo. - ela já começou a ficar sem ar, o peito doía e a expectativa das próximas palavras dele a sufocavam. 

- Pode falar. - mesmo que ela mesma não pudesse falar ou fazer nada além de abraçar as pernas e esperar pela resposta. 

Uma pausa excessivamente longa permaneceu na conversa. Até que os três pontinhos que sinalizavam ele estar digitando surgiram na tela. Então era isso.

- Eu te amo - ele disse. 

O ar que restava sumiu completamente. Seu rosto ficou vermelho. Suas mãos paralisadas com o celular. Era isso. Era ele que eu busquei. Finalmente encontrei o amor. Ela buscava palavras mas elas não vinham. Se ela demorasse demais ele poderia pensar que ela não correspondia. Rapidamente, o sangue voltou a correr em suas veias e ela teve a reação de começar a digitar: Eu também te am....

- Hahah estou brincando. Queria saber sua reação. Pode relaxar, não tava falando sério não. - disse ele em um tom tão jocoso, quanto frio.

E aí estava. A primeira facada. A facada que ela nunca esqueceria. Aquela dor que deixaria uma marca no coração dela pra sempre. A realidade de que a vida não era o conto de fadas que ela pensava que era. O preto e o branco. O filme de Hollywood. Foi o início do entendimento de que as coisas vão além do que elas são em nossa cabeça. A realidade dói. Ela só sentia tristeza e raiva.

- Hahah entendi - ela não sabia o que dizer

- Você gelou ali por um minuto. - ele dizia e ela não sabia dizer se ele tinha noção do que tinha acabado de fazer com ela.

- E se eu tivesse dito que te amava também? - ela dizia com raiva no peito.

- Acho que não pensei nisso. - ele ria e cada risada era um tapa na cara, pois a realidade era que ele não a correspondia. Ele não compreendia como ele quebrou irreparavelmente a visão de amor que ela tinha.

Por fim eles se despediram, ela fez a cena que planejava acordando no sofá da sala. Mas o sorriso das manhãs já não era o mesmo.

A crença de que o amor era uma rosa tornava-se mais claro. Linda e atraente, mas se você tentar pegá-la rápido demais e sem cuidado, você vai se ferir com os espinhos.

Bernardo foi o início do fim para suas ilusões no amor.