126 Cabides - SwanQueen

Quedate

Pov Elsa

Eu estava organizando todos os papeis para audiência da amiga de Zelena. Me manter afastada das irmãs Mills era uma situação deveras estranha... Mas fazer o que se o que me guiava era o medo de que descobrissem tudo.

Primeiro eu me tornei a melhor amiga delas para depois fazer tudo se enrolar em um nível o qual eu não sabia como mensurar. As coisas começaram como uma pequena brasa quase apagada e acabaram em chamas.

Coloquei todos os papeis sobre a mesa. Um envelope caiu no chão. Aparentemente não havia nada demais ali, apenas uma assinatura... Assinatura a qualquer eu reconheceria por entre milhares de outras. Oito anos depois e cá está o destino me bofeteando. As lágrimas foram instantâneas.

Peguei o frágil envelope. As minhas mãos tremiam. O que aqui com minhas mãos tremendo, o que aquilo poderia ser ? Porque não o encontrei antes ? Já se passaram dez anos... Porque agora? A última vez que nos encontramos foi no meu aniversário de vinte e quatro anos...

'O envelope estava selado com o doce aroma de seu perfume.' Droga! Como era possivel o perfume dela estar ali após tanto tempo? Me sentei e fiquei encarando o envelope por minutos; talvez horas, até que tomei a coragem necessária para abrir.

....

Cara Elsa:

Sei que tudo tem sido pesado demais para você, minha menina, e eu sinto muito. Pode ter a absoluta certeza de que imagino o peso do fardo que caiu sobre suas costas; é complicado o medo de se perdermos. O nosso relacionamento era uma confusão só (mas nada ruim, eu acho)... O nosso amor sempre forte em demasia... Espero me lembrar para sempre disto. Os nossos corpos se encaixam perfeitamente, assim como as nossas almas...

Sabe, Elsa, eu temo que isso não duro por muito mais tempo e o pior é não ter o direito de sofrer pela sua ausência por nem ter o direito de se lembrar da sua presença.

O medo de assistir mudanças acontecendo sempre foi o meu pior pesadelo... Mas agora parece ser indiferente. Eu não serei mais eu. Eu não poderei insistir em relembrar o que foi um dia... Não poderei insistir em decorar os pequenos detalhes despercebidos por todos. Essa doença promete me matar em vida.

Dentre todas as ambições que eu já tive, hoje, só anseio poder se lembrar para sempre de uma simples palavra sua compartilhada comigo. Se isto não for possível, será o fim do mundo para mim. Fim o qual eu não saberei sentir.

Porcaria! Porque demônios eu tinha que ser assim? Tudo tem um miserável fim! E a gente está saboreando o nosso.

Estou confusa e não sei bem como lhe escrever, mas só quero que saiba, minha menina, que desde o primeiro dia ao seu lado eu temi não ser o suficiente...

É estranho estar se apagando. Talvez eu nem consiga terminar está carta. Mas saiba que estar assim faz o meu coração doer.... Elsa, eu te espero todos os dias e você não vem.

...

Parei de ler a maldita carta. O meu coração se encontrava quebrantado.

Estava doendo e eu nem sabia o porque. Tudo é muito desgastante. Desde que a deixei, virei apenas solidão. De certa forma foi facil pois em momento algum ela conseguiria me procurar. Só que... Droga! Era um veneno letal saber que nem lembrada eu seria. A única vez que insistir em visitá-la os seus olhos não se perderam nos meus.

Foi um dia triste... Vem sendo dias tristes.

....

Elsa, eu queria ter ouvido de seus lábios a promessa: "Na saúde e na doença"; mas isto é apenas um falso clichê bonito. Pensei em te ligar inúmeras vezes; lhe escrever; implorar para que voltasse; mas tal sanidade não duraria para sempre. Passei dias escrevendo cartas e as ragando. Passei meses pensando no quanto sentia falta do seu sorriso... sim, as vezes eu ainda consiguia se lembrar.. As vezes tinha o "prazer" de pensar em como era bom estarmos juntas, mesmo separadas. no quanto era bom quando estávamos juntas, mesmo separadas... me bastava você ali, sentada, me olhando, pensando em quanto tempo eu te olharia como uma estranha....