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As cortinas do quarto balançavam com o vento que era a única coisa que refrescava aquele dia quente e seco, os raios solares pareciam atravessar a janela com toda sua força e beleza naquela manhã.

Mas eles não calavam o estranho burburinho dos médicos e enfermeiros naquele dia, eles andavam com passos leves para não incomodar os pacientes, estes que sem excessão alguma eram acompanhados por alguém. Alguém que segurava sua mão e dizia com a voz vacilante, porém cheia de esperança, que iria ficar tudo bem.

O mesmo acontecia para a mulher em prantos, sofrendo a dor muda de um parto normal. Seu marido acariciava seus cabelos enquanto a via respirar fundo para controlar a situação o melhor que pudesse e se avermelhar, soltando resmungos profundos de dor. Mas era o momento que ela tanto queria, esperou por nove meses para finalmente poder segurar seu garotinho nos braços, e quando o fez as lágrimas que escorriam eram de pura alegria e amor, ela segurava nos braços um corpo pequeno e indefeso.

Mas estranhou.

Os médicos conversavam entre si, afirmavam estar tudo bem com ela e com o pequeno em seus braços. Porém se estava tudo bem, o que tanto conversavam?

Foi então que ela se deu conta, o desespero a tomou novamente com uma dor muito mais profunda do que a dor de parto.

_ Onde está a alma gêmea dele? - Com a voz calma ela pergunta olhando para o marido, esse que somente de olhar para sua esposa sabia a aflição que a tomava, sabia pois a sentia na mesma intensidade.- Meu filho não nasceu para ser sozinho! Onde está a alma gêmea dele?

Nem mesmo os médicos a responderam.

A bela mulher olha para o filho inocente nos braços e com cuidado acaricia suas bochechas rosadas e macias, sussurrando que tudo iria ficar bem, que ele era amado e que nem mesmo iria sentir falta de sua alma gêmea já que teria os pais com ele.

Era dia 15 de Setembro de 2000, o dia em que uma alma nasceu sozinha.

Born to be alone ( scb + lf ) changlixOnde histórias criam vida. Descubra agora