Ele.

234 10 1
                                    

Acordo e olho para o teto cinza do meu pequeno apartamento e sinto uma dor inimaginável. O pior? Não era dor física.
Era uma dor que só ele poderia curar.
                                               #
"Aaaa mãe estou indo para a faculdade, finalmente longe dessa casa!" Digo sem intenção de mágoa-lá.

"Fico feliz por não ter que te aturar mais um dia Alexa" diz minha mãe, rindo.

Fico feliz em pensar o quanto a minha relação com a minha mãe é boa. Sempre pude contar com ela para tudo, incluindo meninos.
Mesmo com toda a liberdade que a minha mãe sempre me deu me sinto um pouco desconfortável com o fato que daqui a 30 minutos estou indo para uma nova etapa sem ela.
Sempre gostei da idéia de ir para uma faculdade distante, mas agora vejo que talvez, não tenha sido a melhor idéia que já tive.

Pego minha mala e penso se não esqueci nada, afinal vou estar em outro estado.
Olho pro meu quarto sabendo que vai demorar para vê-lo de novo.
Entro no carro animada, e olho para minha mãe com gratidão, sei o quanto ela trabalhou e se esforçou para me dar esta oportunidade, não posso desaponta-lá.

"Mãe" digo.
"Oi Alexa" em resposta.
"Obrigada por ter se esforçado todos esses anos pela minha educação e por essa oportunidade na faculdade dos meus sonhos" digo agradecida.

Percebo que minha mãe pisca várias vezes antes de me responder, sei que está emocionada.

"Alexa, desejo que você seja tudo o que eu não fui, e não poderia estar mais orgulhosa em ver a mulher que está se tornando" ela diz.

Sempre fui certa, no sentido literal da palavra! Depois que meu pai se foi, prometi a mim mesma ser uma filha incrível e foi isso que tenho sido por 18 anos.
Sempre curti com os meus amigos, e estive na panela famosa da escola, mas não era como as meninas.
Eu nunca, nunca namorei ninguém, minhas amigas dizem que sou muito seletiva.
Sou mesmo, sei disso. Enquanto minhas amigas estavam pegando meninos em festas eu estava apenas rindo e curtindo do meu jeito.

Da minha casa até o aeroporto são 20 minutos que parecem ser 2. Entro com o pé direito esperando que de alguma forma, isso me dê sorte.
Me despeço da minha mãe o mais rápido que posso porque sei que se ficar mais tempo, irei chorar mais do que devo.
Entro para a área de embarque e me sento próxima a um café..

Olho para todos os casais que passam por mim e me levo a pergunta: "Eles realmente se amam?"

Entro no avião e coloco a minha bagagem de mão. Sem perceber deixo cair a minha carteira na cabeça de um rapaz inteiro de preto. Fico assustada com o olhar irritado dele.
"Desculpa, sou muito atrapalhada" digo calmamente.
"Só olha o que faz e estamos quites" diz levemente irritado.

Me sento na poltrona e coloco o cinto, e o rapaz de preto se senta do meu lado bufando, e foi aí que tudo começou...

O garoto de preto. Onde histórias criam vida. Descubra agora