Born to be alone ( scb + lf ) changlix

03

Felix sai da sala abraçado ao caderno com uma das mãos e encarando o papel com os horários na outra, aparentemente era um tempo livre que teriam antes de voltar e estudar.

Assim como ele esperava que seria, foi um completo inferno. Cada olhar, cada expressão, as vozes cochichando... tudo. Ele se lembrava de tudo.

E era puro desprezo.

Ele queria chorar, mas nem mesmo um banheiro sabia encontrar. Seus olhos ardiam e com certeza estariam vermelhos, sua garganta insistia em formar soluços fazendo seus ombros tremerem e seu corpo se encolher.

Aparentemente a notícia já tinha se espalhado, e ele sabia que seria exatamente assim. Tinha se preparado para esse momento por tanto tempo, se lembrava das frases de sua mãe que deveriam o encorajar mas agora pareciam apenas o jogar mais para baixo.

" Não seja frouxo, tenha orgulho de não depender de ninguém para ser feliz como eles dependem."

Quem ela queria enganar com isso?

Perdido em pensamentos ele só acordou quando sentiu o sol ardido em sua pele, seus olhos demoraram a acostumar com a luz forte o forçando a aperta-los fechados em piscadas confusas.

Seu ouvido pareceu voltar a funcionar já que antes seus pensamentos o impedia de ouvir as vozes ao redor e elas agora voltaram como uma chuva.

Ao menos ele descobriu um belo pátio gramado com uma árvore bem ao meio com sua copa grande o suficiente para cobrir grande parte dele e ter o chão quase todo forrado com suas flores pequenas e brancas que dançavam no ar enquanto caiam.

Era muito lindo com certeza, e isso o fez esquecer por breves momentos de todos os olhares que ainda recebia, dando passos lentos para grama baixa que acariciava seus tênis surrados e fechando os olhos para sentir a briza fraca que fazia seu cabelo balançar e um sorriso leve surgir, ele podia sentir um peso sair de seus ombros enquanto relaxava e seus braços caiam ao lado do corpo desarmando completamente sua armadura.

O que Felix não percebeu foi o olhar de um moreno curioso. "Quem é você?" Changbin pensava analisando o garoto magro que parecia ter saído de algum tipo de anime, seus olhos percorriam a roupa de cores leves que ele usava, a forma que seus lá bios se curvaram levemente para formar o sorriso e o quão lindo ele estava ali.

Mas se lembrou do que ouviu mais cedo e o contágio do sorriso de repente sumiu.

[ alguns minutos atrás ]

"_ Hyung! - Changbin escuta chamando e olha em direção a voz, vendo Hyunjin se aproximar com uma bandeja de comida para eles.- Deixa eu adivinhar você não comeu café da manhã?

_ Lógico que tomei, até parece que eu fico sem café. - Changbin ironiza e rouba um pão de queijo o comendo devagar.- E então, como vai o primeiro dia?

_ Até agora bem... Minha apresentação foi perfeita, exatamente como planejamos! - Hyunjin se gaba e contagia o Changbin a rir fraquinho e o abraçar pelo ombro cuidando de seu amigo mais novo.- Mas teve uma coisa estranha, eu não sei se é verdade ou como vai se sentir ao ouvir isso.

_ Sem melodrama, só diz. - Changbin brinca não achando que seria algo sério e se solta do mais novo roubando o copo de café dele.

_ Tem um garoto ruivo que chegou atrasado, o nome dele é Felix, ele disse que nasceu sozinho."

A memória ainda fresca o faz ouvir perfeitamente a voz do amigo totalmente confuso dizendo "Acha isso possível Hyung? Eu não sei sinceramente... Me parece bizarro."

Changbin não achava aquilo bizarro, na verdade o deixou muito curioso.

E foi por esse motivo que ele não desviou o olhar quando Felix o olhou e ficou completamente paralisado, ele encarava o ruivo iluminado pelo sol ficando vermelho com a intensidade dos olhares.

Enquanto isso Felix encarava Changbin com total surpresa, a intensidade do olhar do moreno continuava tão forte que se tornava impossível não se encolher, assim como mais cedo quando o encontrará no banco.

O ruivo que estava acostumado com o desprezo encontrou a curiosidade no olhar de Changbin que era acostumado com o desinteresse.

Ambos perdido no olhar do outro, só acordaram quando o sinal tocou alto e irritante, os trazendo para a realidade barulhenta e nem tão encantadora quanto o momento que viviam enquanto se encaravam.