Gabie
Entrei em meu quarto ainda um pouco tonta da viagem. O céu estava escurecido, não tão estrelado quanto o do lugar que eu acabara de chegar. Por incrível que pareça foi divertido. Consigo lembrar perfeitamente de tudo, principalmente dos acontecimentos. Os beijos que Thalita havia me dado não saíam da minha memória. Queria voltar para aquela noite. A noite em que mais uma vez fiquei hipnotizada ao ouvi-la cantar. Sua voz era capaz de me fazer sentir coisas que nem com minha canção favorita sentia, parecia que qualquer música que se encaixava nela. E logo depois, no nosso quarto, vi que estava entregue a garota. Não consegui resistir, muito menos no dia seguinte quando ela me tocava de uma maneira tão intíma e eu dava abertura.
Liguei o ar condicionado, deitando na cama depois. Fazia tudo de uma forma involuntária pois minha mente focava em um encontro perfeito que aconteceria só neste fim de semana. Eu sei que Thalita iria planejar mas tentava imaginar tudo. Até em lugares ruins e situações estranhas minha mente pensava algo bom apenas por tê-la comigo. Nem percebi quando meus olhos pesaram. Eu não tinha forças para levantar e fazer mais nada, apenas dormi ali mesmo.
[...]
Sentei no banco do shopping enquanto me envolvia em uma conversa animada com minha mãe.
Já que trabalhei durante o fim de semana meu chefe resolveu dar folga para a equipe, aproveitei para passar a tarde com minha família como sempre faço quando tenho tempo livre. Passeamos o dia inteiro então resolvi parar no shopping para tomar café da tarde e comprar uma roupa para meu encontro. Eu nem sei porque estou tão empolgada, na verdade não sei nem para onde ela vai me levar, por esse motivo acabei não comprando nada.
- Esse teu amigo te convida pra sair e não diz pra onde vão, que doido. — Eu ainda não contei a verdade para a minha mãe porque ainda não me sentia segura em falar sobre Thalita. Sou aberta com ela, confio para contar qualquer coisa, mas não quando o assunto é minha sexualidade. Mesmo sabendo que ela não vai se importar com isso no fundo tenho medo.
- Acho que ele ainda não pensou nisso.
- Tanto faz. Eu gostei de você ter me convidado pra escolher a roupa do teu encontro, pena que deu errado. Quem sabe a gente faz isso outro dia.
- Não é um encontro. — afirmei revirando os olhos.
- Me engana que eu gosto. Se não fosse um encontro tu não estaria tão afobada, não ficaria nervosa checando esse celular toda hora pra ver se recebe uma mensagem de uma certa pessoa, e também não ficaria com os olhinhos brilhando toda vez que fala nele. — eu estava chocada no quanto minha mãe me conhecia. Sabia quando eu gostava de alguém antes mesmo de eu perceber. Espera aí eu não estou gostando dela. — Agora eu tenho que ir.
Depois de muita insistência mamãe deixou eu levá-la para a casa. Pupliquei uma foto com ela no story assim que chegamos. Após nós nos despedirmos observei minha mãe entrando dentro de casa.
Peguei o celular para ver quem havia visualizado minha publicação. Sorri ao ler que Thalita Meneghim já estava na lista, aproveitei pra clicar no perfil dela e dar a famosa stalkeada. Percebi que nas últimas fotos ela usava bastante cor, então seu feed era bem colorido. Fui rolando mais pra baixo e uma imagem em especial de chamou atenção, cliquei na foto e fiquei encantada. Estava aparecendo apenas seu rosto, com todos os detalhes dele bem focados. Pude ver suas sardas bem desenhadas, os olhos mais belos que contemplei. Cada parte dela tão linda. Ela é linda.
Abri os stories e dei de cara com uma imagem de Thalita com Luis há algumas horas atrás, pouco antes deles gravarem a cena do beijo. Aquele sentimento estranho voltou a aparecer. Eu realmente não tenho problemas em vê-la beijando qualquer pessoa em cena, mas começou a me incomodar quando ele lhe jogou uma cantada, pensei que ele poderia ter se aproveitado e que iria se aproveitar de todas as vezes que seus personagens se beijassem. Já um pouco irritada pulei aquela foto. Havia alguns vídeos dela conduzindo uma bicicleta na Beira Mar enquanto ouvia músicas. E Por fim um retrato da morena em um parque forestal que, pelo que consigo lembrar, não é tão longe daqui. Pensei em ir até lá mas antes resolvi mandar uma mensagem para me certificar que ela ainda está no local. Assim que recebi sua confirmação liguei o carro.
Estacionei em uma rua perto do parque. Retirei uma mochila de dentro do carro antes de sair do mesmo, colocando-a nas costas depois. Andei um pouco pisando na grama à procura de Thalita, não demorou muito para que eu a encontrasse sentada em um banco comendo sorvete enquanto observava o lago. Ela estava tão concentrada que nem percebeu quando me aproximei e levou um susto ao ver que eu havia sentado ao seu lado.
- Você veio mesmo. — sorriu largo. A cena foi engraçada, a menor parecia até uma criança. — O que tem aí dentro? — perguntou se referindo a mochila.
- Tu é muito curiosa.
- Tu me deixa curiosa.
Deslizei o zíper do bolso principal da mochila, retirando de lá minha câmera digital semiprofissional. Enrolei a alça preta em meu pescoço enquanto a morena ao meu lado apenas observava tudo com atenção. Posicionei a câmera na direção de um pássaro, procurando o ângulo que ele ficasse mais belo, e então registrei sua imagem.
- Ficou muito lindo, parabéns. — Thalita disse olhando a foto que acabou de ser tirada. — Não sabia que fotografava e pra falar a verdade você faz isso muito bem.
- Obrigada. Aprendi brevemente no meu curso de modelo e fui me aperfeiçoando com os anos. Não que eu seja profissional, não chego nem perto, mas é um bom hobby. Hoje tive tempo para fazer isto pois desde que comecei a trabalhar nessa série não tenho muito tempo livre.
- Você não costuma sair pra se divertir né?
- Não. Eu passo tanto tempo me dedicando ao trabalho e a família que nem penso direito nessas coisas. Uma vez ou outra o Rafa me chama para sair só que eu acabo não aproveitando como ele gostaria. — Thalita olhou para um ponto fixo, dando um sorriso travesso literalmente do "nada". — O que está pensando?
- Nada. — ela piscou rapidamente saindo de seus devaneios. — Será que você poderia tirar uma foto minha? Quero ver como sou aos olhos de Gabriela Fernandes.
Logo atendi ao seu pedido e comecei a fotográfa-la. Impressionante que em todos os ângulo ela conseguia ficar linda. Confesso que sua beleza junto à natureza é uma combinação incrível.
[...]
Terminava de me arrumar ainda sem saber onde seria meu primeiro encontro - que na verdade era o segundo encontro já que nos encontramos segunda-feira no parque. A gente se divertiu bastante naquele dia, mas não rolou nada além de risadas e conversas aleatórias. Durante a semana nos vimos apenas para o trabalho. Evitei conversar com ela sobre nossa saída de hoje, a única informação que eu tinha é que o lugar não seria muito sofisticado, mas Thalita garantiu que faria de tudo pra me divertir esta noite. Honestamente não esperava nada além do comum mas estava nervosa, mais do que gostaria.
Entrei no carro de admirando seu encanto, isso havia ficado constante, toda vez que a vejo fico boba. Seu olhar sob mim não era diferente. Ficamos nos encarando durante um tempo até que ela resolve dar partida. Ligou o som do carro, colocando em cor de marte de Anavitória e apesar do silêncio o clima não podia estar melhor.
Paramos em uma rua bastante movimentada. Descemos do carro e continuamos caminhando até que finalmente chegamos no nosso destino.
- Você me trouxe para um parque de diversão? — perguntei surpresa.
O lugar era enorme, havia brinquedos gigantes e luzes neon brilhando por todos os lados. Tinha mais adolescentes que crianças aqui, imaginei que a maioria dos brinquedos tivesse limite de tamanho. Era realmente muito lindo.
- Sim. Quando eu era menor não tinha tamanho para ir naquele brinquedo... — apontou pra montanha-russa.
- Acho que ainda não tem. — brinquei, recebendo um tapinha no braço como resposta.
- Quieta. Eu ia dizer que hoje em dia eu não tenho é coragem mesmo. — ri da sua infantilidade. Comecei a insistir para irmos na montanha-russa mesmo sabendo que ela negaria a todo custo. — Gabie por favor, eu não quero vomitar no nosso segundo encontro.
- Tudo bem. — levantei as mãos em sinal de rendimento.
Thalita pegou minha mão e puxou para o tiro ao alvo, onde o prêmio era um bichinho de pelúcia. Decidi que faria de tudo para conseguir o bichinho só para ver sua empolgação ao recebe-lo.
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Feelings
RomanceThalita havia finalmente realizado seu sonho, tudo parecia estar dando certo exceto por uma garota. A que bagunçou todos seus pensamentos. É possível odiar tanto alguém e ama-la ao mesmo tempo?