Strangers

2. Algo de errado, não está certo.

Gumball se sentia estranho.

Muito estranho.

Já se passaram duas semanas desde sua caminhada por Elmore na companhia de HDG, e durante essas duas semanas ele se pegou pensando no loiro e tendo comportamentos estranhos.

O passeio com o mais velho foi incrível! Conversaram sobre inúmeras coisas, desde coisas banais do dia-a-dia a teorias de seitas satânicas que conspiravam com alienígenas pelo fim da existência na Terra. Não pode deixar de rir com a lembrança, mais uma vez. Eles andaram por toda a cidade e quando viram, já estava escurecendo.

"- Droga, minha mãe vai me matar -choramingou o azulado depois da observação de HDG sobre como o pôr-do-sol é encantador.

- Por que? -o loiro o encarou arqueando as sobrancelhas e com a voz mole. Gumball não pode deixar de observar como os raios solares faziam o cabelo de HDG parecer ouro, e lhe dava uma vontade estranha de querer acariciar os fios.

"Acho que tomei muito Sol" pensou balançando a cabeça antes de voltar a surtar.

- Porque eu não avisei que ia ficar tanto tempo fora! Eu nem sabia que ia ficar tanto tempo fora -a última frase foi mais para si do que para HDG- Eu sou muito jovem para morrer -ele continuou choramingando e agarrou suas orelhinhas felpudas em desespero pensando em como sua mãe podia ser aterrorizante.

- Relaxa, tenho certeza de que vai ficar tudo bem. Só fale a verdade para ela. -HDG deu um sorriso relaxado ainda olhando para o céu, antes de se espreguiçar e se levantar- Vamos, eu te acompanho até em casa.

Por algum motivo, Gumball sentiu seu rosto se aquecer e soltou suas orelhas para segurar a barra de seu suéter, envergonhado.

- Não precisa... Sem contar que dizem que meu bairro não é um dos melhores... -o azulado não pode deixar de lembrar do comentário do senhor Fitzgerald sobre sua vizinhança.

- Não se preocupe com isso, carinha, eu sei me cuidar. Vamos logo antes que escureça.

O caminho de volta foi um pouco mais silencioso do que tinha sido a caminhada deles. Gumball estava se contorcendo internamente de vergonha pelo mais velho ter que o acompanhar até em casa.

Ele já era grande, poxa.

...

Bem, não literalmente. Mas tinha idade o suficiente para poder andar por aí sozinho. Iria completar 16 anos daqui a alguns meses (talvez muitos), ele sabia como se cuidar.

"Por que eu estou tão incomodado com isso?" seu cérebro não parava por um segundo.

-...mball? Gumball? -a voz de HDG o tirou de seus pensamentos e ele sorriu sem jeito ao perceber que o garoto estava lhe chamando a um tempo.

- Desculpa, me distraí -coçou a parte de trás da cabeça.

HDG o encarou (ou era aquilo que ele achava que o mais velho estava fazendo, era difícil dizer com aqueles óculos) por alguns segundos antes de dar um sorriso de canto.

- Tudo bem, eu entendo como é, carinha -e bagunçou os cabelos azuis de Gumball antes de retirar a mão rapidamente como se tivesse queimado.

...

Silêncio.

HDG estava em choque.

Gumball estava em choque.

"Mas que mer-"

- Er... -e o loiro tossiu desconfortavelmente e depois passou uma das mãos em seu topete- Eu estava te perguntando se já chegamos, já que você parou do nada.

Gumball olhou ao redor, ainda perdido e se viu em frente de casa. A essa altura o sol já havia se posto e os céu começavam a ser preenchido pelas estrelas que cintilavam para ele. As luzes da rua já estavam acesas e agora, quase ninguém circulava em seu bairro.

Era hora de ir.

- Então... -Gumbal sorriu sem graça, tentando ignorar os acontecimentos anteriores- Obrigado por me acompanhar. Agora deve ser complicado para você voltar para casa... É muito longe?

- Não se preocupe com isso, está tudo bem -HDG voltou a sua pose relaxada e assentiu com a cabeça em despedida- Até mais, Gumball -e se virou prestes a seguir seu caminho.

- Até... -o hibrido ficou lá, parado. Observando as costas do outro se afastando cada vez mais e por algum motivo suspirou.

- GUMBALL TRISTOPHER WATTERSON! -sua mãe.

"Estou ferrado..."

E entrou em casa pronto para ser recebido com o olhar mortal."

Valeu a pena, no entanto. Isso o deixara próximo de HDG, mesmo que a estranheza ainda os rondasse.

Mas o ponto não era esse.

O ponto era que tinha algo de errado acontecendo com ele.

Ele andava tendo problemas para dormir, o loiro aparecia em sua mente durante a noite o atormentando com lembranças da caminhada. Se via relembrando de detalhes completamente idiotas como o jeito que HDG caminhava (com as mãos no bolso do casaco e um andar largado, totalmente relaxado), ou o jeito como ele se empolgava falando dos assuntos que ele gostava (e começava a gesticular ou mesmo atuar).

BOOM! Ele pode ouvir em algum lugar ao longe.

Um pouco fofo para falar a verdade pensou o azulado soltando um risinho, voltando aos seus pensamentos anteriores.

- Do que está rindo? -perguntou Darwin, rezando para que seu irmão ainda não tivesse perdido a cabeça totalmente e ainda sim, irritado. Seu irmão não estava prestando atenção ao trailer do filme de ação que eles estavam loucos para assistir.

- O que? -retrucou Gumball com a voz preguiçosa e arregalou os olhos ficando com a boca escancarada.

EU ACABEI DE DIZER QUE O HDG É-

- Cara, o que tem de errado com você? -o rosto de Darwin estava numa mistura de irritação, preocupação e riso.

- Ele está apaixonado -a voz sabe-tudo de Anaís preencheu o silencio que seguiu a pergunta de Darwin.

A pequena entrou no quarto segurando sua Daisy fortemente em seus curtos braços. Suas orelhas de coelho estavam em pé e um sorriso de quem sabe das coisas estava estampado em seu rosto.

- O que? -Darwin perguntou curioso e olhando para seu irmão, o analisando. A expressão de antes, parecia ter piorado com a declaração da caçula- Ah bem, claro que ele está apaixonado dã -ele revirou seus olhos verdes, voltando a olhar a tela do computador- Afinal, ele ama a Penny e blábláblá.

Estou apaixonado...

- Não, não é por ela -Anaís estava com os olhos fixos em Gumball, como se estivesse vendo algo além dos olhos comuns- Certo, carinha? -ela deu ênfase na palavra e Gumball a olhou com olhos aterrorizados.

... pelo HDG?