Afogar-me-ei na praga não rogada
Se minha angústia não for escrita;
Tortura-me a palavra não dita,
A fúria não esbravejada.
Rima cruel tem-me em carne viva
Por não lhe orar a devida gloria;
Oferto-lhe, torto, a miséria
De minha tese não cativa.
Preciso salvar-me da morte,
Do sufoco de lamentos implícitos,
Da raiva pela pútrida falta de sorte.
Os vis sentimentos devem ser prescritos
Antes que morram miseravelmente
Na palavra dos desgostos não ditos.