Capítulo 53

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Diogo narrando ⚠️

Meus olhos estavam pesados, minha cabeça já estava latejando. Sentei no banco da sala de espera, e fiquei tomando coragem para entrar no quarto e encarar a Joana. Eu nunca achei que fosse me apaixonar por alguém, mas isso aconteceu.

Começamos de um jeito “foda-se” achando que não iria sair do sexo casual, mas saiu. Só de pensar na dor que ela vai sentir, meu peito se apertava, eu não queria que ela sentisse o que eu estava sentindo.

— Mano, a Joana está acordada. Acho melhor você ir lá falar com ela — Arthur disse parando na minha frente.

— Estou tomando coragem — falei, sentindo minha garganta arder. Eu estava com vontade de entrar em outra crise de choro. — Eu não sei quanto tempo ela vai ficar no hospital. Você pode fazer um favor pra mim?

— Claro! O que eu puder fazer, eu faço.

— Nós já tínhamos comprado monte de coisa. Você pode tirar tudo de lá? — minha voz saiu um pouco falha.

— Posso sim, vai lá ficar com ela e deixa isso comigo.

Levantei da cadeira, respirei fundo e fui em direção até o quarto que a Joana estava. Abri a porta, e encontrei acordada, com os olhos inchados e vermelhos. Ela já sabia, é óbvio que ela sabia. Sua barriga apesar de ter ficado um pouco inchada, não estava mais como deveria estar uma grávida de cinco meses.

— Me desculpa… Eu… Eu perdi nosso filho, Diogo. — disse aos prantos.

Parecia que a dor que estava sentindo se multiplicou. Me aproximei dela, e segurei sua mão.

— A culpa não foi sua. Não tem que me pedir desculpas… — sentei na beirada da cama, a puxei fazendo sua cabeça deitar no meu peito. — Eu queria tirar essa dor de você…

— Não precisa fazer nada, só fica aqui comigo. — ela entrelaçou nosso dedos.

Ficamos em silêncio, seu polegar acariciava minha mão e eu afagava seus cabelos. Às vezes ela chorava, mas logo se acalmava. Se tem uma coisa ruim nessa vida é ver alguém que a gente ama sofrer… É eu a amava.

— Eu vou voltar para o Brasil. — ela comentou.

— Tudo bem, eu vou resolver umas coisas, então nós vamos.

— Nós? — ela me olhou confusa.

— Sim, nós dois. Ou você não me quer mais por perto? — dei um sorriso fraco.

— Eu achei que…

— Eu te amo, garota. Não vou á lugar nenhum sem você.

Ela se aconchegou mais no meu peito e voltou a chorar. A única coisa que eu poderia fazer era dar força para ela e era isso que eu faria.

Débora narrando ⭐

Arthur, Diogo e Felipe estavam tirando as caixas com as minhas coisas do caminhão que estava estacionado em frente a casa do Arthur… Quer dizer, nossa casa. Eu fiquei relutante inicialmente, mas depois de tanta insistência do Arthur eu cedi e agora estava eu me mudando de novo.

Mel estava eufórica, tudo que era bagunça ela achava que era algum tipo de festa, e eu estava no mal humor do cão, meus pés estavam inchados, meus peitos e minha barriga estavam imensos.

— Amiga, melhor você sentar. Deixa que eu e as meninas vamos fazer isso.
— Joana disse entrando no quarto da bebê.

— Não precisa Jô, eu só estou dobrando as roupinhas.

— Então eu vou te ajudar. — ela se aproximou e começou a dobrar as roupinhas comigo. — O quarto ficou lindo!

Realmente havia ficado. Estava todo trabalhado no rosa e branco, já tínhamos comprado praticamente tudo. Só faltava a Lívia chegar, sim já escolhemos um nome. Mas eu evitava essas conversas com a Joana, só tinha três meses que ela havia perdido o bebê, a dor era recente.

— Sim, Jô…

— Eu tô bem Déb, quer dizer estamos levando. Médico disse que está tudo bem comigo e eu posso engravidar de novo quando eu quiser. Diogo quer, mas eu disse que preciso de um tempo… Ele me faz feliz sabe?! Apesar de tudo, ele se esforça sempre para me ver bem, mesmo sabendo que ele estava sofrendo tanto quanto eu. — ela desabafou.

— Eu fico feliz, sabe que torço muito por vocês né? — sorri. — Eu nunca achei que vocês iriam dar certo.

— Eu também, mas Diogo mudou muito. Enfim, você e o Arthur deixaram o casamento para depois que a Lívia nascer?

— Sim, quero minhas fotos do casamento lindas e não toda inchada. — fiz uma careta e ela riu.

— Você está linda, para de bobeira.

— Eu digo isso á ela todos os dias. — Arthur entrou no quarto.

— Sua opinião não conta.

Ele se aproximou, beijou meu cabelo e se abaixou beijando minha barriga.

— Oi filha — ele disse. Se levantou e nos olhou. — Vocês duas, estão chamando para todo mundo almoçar.

Todos já haviam ido embora, eu estava cansada, tomei um banho e fui deitar. Mel estava fazendo birra para dormir, Arthur estava todo paciente cantando todas as músicas possíveis para tentar fazê-la dormir.

Sentei na cama, apoiando minhas costas na cabeceira da cama, minhas costas estavam doendo horrores. Depois de uns vinte minutos Arthur entrou no quarto com a cara de cansado. Tadinho, o bixinho tinha carregado inúmeras caixas, estava mortinho.

— Ela deu muito trabalho? — perguntei alisando minha barriga

— Sim — disse se jogando na cama. — Acho que ela está ficando com ciúmes.

— No começo ela aceitou a gravidez tão de boas, não sei por que isso agora.
— comentei e levei minha mão ao seu cabelo acariciando o mesmo.

— Por que a senhorita não está dormindo?

— Não estou conseguindo dormir, não acho posição e hoje está sendo pior.

— Ela já está querendo sair. — sua mão como de costume veio parar na minha barriga.

Assim ele dormiu, mas eu não consegui de forma alguma. O incômodo foi ficando cada vez pior, já passavam das três da manhã e a dorzinha agora não tinha nada de “inha”. Eu não queria acordar o Arthur, para outro alarme falso, já havíamos tido um semana passada. Mas estava bem pior.

— Arthur… — o chamei. — Amor…

— Humm — foi tudo que ele disse, completamente tomado pelo sono.

— Amor. — chamei novamente.

— Oi, o que foi? — acordou em um pulo quando percebeu que eu o chamava. — Tá sentindo dor? — assenti e ele sentou na cama. — A gente liga para o médico ou vamos direto para o hospital? — não deu tempo de responder, veio uma dor forte. — Vamos direto para o hospital.

•••

Eu não aguentava mais, era uma dor fora do comum, eu estava banhada no suor. O médico me pedia para empurrar com mais força, mas eu não tinha essa força.

— Você consegue amor — Arthur me incentivou segurando minha mão.

Respirei fundo, e mais uma vez usei toda que eu tinha. Então, ouvi um chorinho alto e forte, Arthur sorria e olhava para as mãos do médico.

— Você conseguiu amor. — ele sorriu e beijou minha testa.

A enfermeira se aproximou com nossa filha enrolada na manta rosa, e me entregou. Senti meus olhos se encherem d’água, minha filha era linda. Verifiquei todos os dedinhos e me emocionei mais ao ver que ela era perfeitinha.

— Ela é linda — Arthur disse quase babando.

— Oi papai — disse deixando a Lívia fechar sua mãozinha no meu dedo.

— Obrigado por isso, Débora. Muito obrigado por isso. — Arthur disse completamente emocionado.

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