Não sei se tu consegues me ver agora, mas eu me encontro sentada na beira daquele mesmo arranha-céu.
Eu penso em quanto tempo o construíram, talvez anos levando em conta seu tamanho, você sabe que moro aqui desde que vim ao mundo, eu te contei isso aos sete anos, quando acabei esbarrando os olhos em ti, bem aqui, numa noite fria após fugir da minha antiga vizinha.
Até hoje tenho medo dela se é o que quer saber.
Pensar em lares e em minhas experiências de vida ao longo de meus anos, me fez ver como a palavra "lar" funciona.
Não é a quantidade de tijolos e concreto que faz o lar de alguém, mas sim o sentimento que há dentro dessa caixa resistente comprada em uma loja de construções.
O amor de um pai, a afeição de um irmão, ou até mesmo a presença especial de um bichinho de estimação, isso que compõe cada pilar de um lar:
sentimento.
E com esse pensamento, minha amiga, te digo que meu lar não é em algum daqueles apartamentos lá embaixo, não é na casa do campo onde meus tios moram, mas sim, aqui.
Na beira deste arranha-céu, onde te encontrei aos meus sete anos de vida, onde tu me confortaste todas as noites frias e solitárias, e, principalmente, onde tive tu como prova de sentimento.