Capítulo 47

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Analú

Minha amiga estava despedaçada, ela chorava de soluçar. Ela olhava e balançava a cabeça, Erick tinha alguma coisa haver com isso, ele não iria estar lá atoa. Quando voltamos para a decisão, estava tensa, minha mãe estava confiante aquela carinha dela não nega.

Juíza: estou com os resultados – abriu o papel – Beatriz, consideramos você inocente de todas as acusações. 

Pulei de alegria, estava feliz mas Bia não. Ela levantou e saiu de lá, fomos atrás dela e caminhamos até o carro sem dizer uma palavra se quer, iríamos respeitar a dor dela naquele momento. Minha mãe dirigiu até em casa.

Bia: e agora como vai ser?

Mia: você pode voltar às suas atividades normal, faculdade e trabalho.

Bia: e TH? 

Mia: Bi, não vou dizer que será uma coisa fácil porque não é. Não será um julgamento simples, igual o de Rodrigo que também não vai ser. Mas precisamos confiar. 

9º semestre... 

Eu iria prestar depoimento sobre o caso de Rodrigo, eu iria ser sua testemunha e aquilo estava me matando. O julgamento seria aqui no Rio de Janeiro e agradeci por não ter que viajar, estava sem psicológico.

Bia voltou às atividades, voltou pra a faculdade já que se formaria esse ano. Faltava apenas esse semestre e continuo ajudando-a na lojinha, e pra minha surpresa ela me chamou para dividir o AP e eu adorei a idéia.

Acordamos um pouco mais cedo e fomos malhar juntas, Bia estava melhor psicologicamente, ela entendia a real situação e estava disposta a lutar pelo TH e eu apoiava sua decisão. Quando estávamos saindo da academia tomando nosso suco de açaí, um carro parou ao nosso lado e Bia paralisou, ela não tirava os olhos daquele senhor que estava bem vestido e com um puta de um carro importado. 

Antônio: Bia.

Bia: papai – falou sínica e arregalei os olhos –.

Antônio: precisamos conversar.

Bia: mas eu não tenho o que conversar com você.

Antônio: essa é Analú certo? – me olhou e sorri – sua mãe que ajudou Bia no julgamento e sou muito grato por isso.

Bia: grato? O senhor nem se quer me procurou e está grato? – ela riu – vivi os piores dia da minha vida sem ao menos ter você e sua mulher que no caso é a minha mãe – revirou os olhos –.

Antônio: por isso estou aqui. Ela faleceu...

Bia

Depois de tudo que aconteceu comecei a aceitar o meu destino, aceitei o fato de que TH teria que passar por tudo isso para se tornar um homem livre. Foquei nos meus estudos e no meu último ano graças a Deus e tudo que a Mia fez por mim, pincipalmente a Analú e sua paciência gigantesca em me ajudar. A minha rotina havia voltado ao normal, estava indo visitar TH porque pelo menos isso eu poderia fazer. 

Não via a minha família há muito tempo, desde quando saí de casa, eles simplesmente abriram mão de mim. Tudo bem que eu não havia me tornado uma pessoa correta, mas eram os meus pais, a minha família... já havia aceitado o fato de não ter eles perto de mim, eles sempre preferiram meu irmão mais velho Tony, e eu nunca reclamei disso e pelo jeito também não fazia nenhuma falta. Quando ouvi a voz do meu pai senti um arrepio na espinha, meu mundo parou e eu só ouvia ele me chamando. Analú segurou em meu braço e deu um sorriso afirmando que tudo estava bem. 

Antônio: por favor Bia, estamos sem chão com a perda da sua mãe. 

Bia: e o que eu tenho haver com isso? Vocês simplesmente abriram mão de mim, o que eu posso fazer agora? – deixei os braços cair em minha perna e balancei a cabeça –.

Antônio: tu escolheu o seu próprio caminho, estava ficando maior idade e não tínhamos controle sob você. 

Bia: nada justifica quando se tem amor pai – falei por cima – gora eu preciso ir porque estou atrasada – falei olhando no relógio e saí –.

Analú: tu tem certeza? – falou caminhando ao meu lado – é seu pai, e está precisando de você – ela suspirou – eu sei, eu sei tudo que você passou minha amiga, mas não seja igual há eles. 

Bia: não sou igual, sou bem pior – segurei o choro –.

Ana teve que ir para o escritório, pois havia uma reunião. Tomei um banho demorado e fui para a obra da minha loja, estava quase tudo pronto e eu estava ansiosa para manter minha cabeça bem ocupada. Voltei para casa quase na hora da faculdade, tomei outro banho e me troquei, peguei a chave do carro e fui pra aula, quando estacionei e sai em direção ao campus ouço alguém me chamar e virei, era Tony. 

Tony: Bia – deu um sorriso –.

Bia: Oi Tony – falei seca –.

Tony: como você esta? 

Bia: estava muito bem até você e o papai aparecer né – forcei um sorriso e ele arregalou os olhos –.

Tony: continua a mesma Bia de sempre né – ele riu – mas não vim para brigar. 

Bia: eu já sei que a mamãe morreu e de verdade? Não preciso sofrer mais, pra mim todos vocês morreram há muitos anos, afinal faz muitos anos mesmo que não tinha notícia de ninguém. 

Tony: não fala assim – se aproximou de mim e recuei – eu sei que erramos, todos nós erramos e o último pedido de nossa mãe foi esse, pediu para irmos atrás de você e não deixar nossa família assim, separada. 

Bia: jura Tony? Sério mesmo que ela pediu isso? Que bom que ela morreu arrependida, porque isso é uma coisa que eu nunca senti e não vou. 

Tony: como você pode falar assim Bia? – balançou a cabeça –.

Bia: eu só precisava de colo, eu só precisava de uma mãe ao invés de alguém me julgando por tudo, eu só precisava de um pai ao invés dele me trocar 100% pelo filho homem mais velho, e eu só precisava de um irmão para me aconselhar e pegar no meu pé quando eu fizesse alguma merda, e depois rir de tudo comigo – falei magoada e os olhos dele brilhou –.

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