Capítulo III - Mikael e Oliver

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Mikael

Fiquei olhando o relógio a todo momento depois que o turno do Oliver acabou. Eu queria ter saído junto com ele, porém tinha um cliente que resolveu fazer uma reclamação sobre a história de um livro que ele comprou. Por pouco eu não olhei bem nos olhos do cliente e disse: Caso você não saiba, não foi eu que escrevi esse livro. Então se contento com a história do jeito que está. Depois de 40 minutos falando e falando, finalmente ele foi embora e eu aproveitei a oportunidade para ir embora. Na realidade eu fui embora depois de mais 10 minutos, já que tive que fechar a livraria.

Entrei no carro e fui dirigindo com cautela até a casa onde o Oliver morava, e ainda mora.

Quando eu disse para ele que era para passar o final de semana na minha casa, provavelmente deve ter dado a impressão que eu queria transar com ele ou algo assim. Esse não foi o motivo principal, mesmo estando entre um dos motivos para ter chamado. O principal motivo foi que ele andava se isolando da sociedade. Quando estudávamos juntos, quase sempre saíamos para algum lugar, mas atualmente ele não saia para nada. Do trabalho para casa, da casa para o trabalho. Ele havia me falado uma outra vez que passava o final de semana sozinho (mais um motivo para chamá-lo até minha casa). O que eu mais quero é que meu Oliver seja feliz, e estou disposto a fazê-lo feliz.

Incrivelmente eu consegui chegar pontualmente na casa dele. Apertei a buzina duas vezes e ele saiu. Estava com outra roupa. Uma blusa larga de moletom cinza, de gola redonda, um calça também de moletom, mas na cor preta, e para finalizar, um All star cano alto totalmente preto. Estava lindo.

Eu abri um sorriso quando ele entrou no carro e sentou ao meu lado. Colocou uma mochila nos bancos de trás e olhou para mim com um sorriso fofo no rosto.

_eu já perguntei isso, mas por que me chamou? -- Ele perguntou, sem momento nenhum tirar seus olhos, de um azul claro que chamava a atenção, de mim.

_Quero desfrutar de sua companhia -- Ambos começamos a rir. Essa frase era uma piada interna que começamos a usar para referia a quem queríamos transar.

_Já imaginava. Mas sabe que não vai conseguir né? -- Desde o ensino médio eu venho dando umas invertida, tentado algo com ele, mas nunca chegamos a fazer algo. Desisti dele por um tempo, acho que foi uma época horrível da minha vida quando fiz isso, cada noite diferente era uma pessoa diferente comigo, desde menina a menino, novo ou velho. Foi a época que eu comecei a soltar nudes, mas tive a decência de nunca mandar para o Oliver (quero que ele veja "ao vivo"), e até hoje mando nudes para qualquer um, como para aquele anônimo que me chamou hoje de manhã.

Acelero o carro e vou dirigindo até minha casa.

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Depois de mais ou menos 30 minutos, subindo e subindo, (minha casa ficava no ponto mais alto da cidade) chegamos. O tempo aqui era mais frio. Eu gostava disso.

_Bem bonita a sua casa -- ele disse baixo, enquanto eu entrava na garagem e fechava o portão automático. Desliguei o carro e observei ele pegando a bolsa com suas roupas.

_Obrigado. Deixa que eu levo a mala para você. -- Sorrio e pego a bolsa, antes que ele diga alguma coisa, e saio do carro.

Abro a porta e ele vem logo atrás. Ele parecia fascinado pelo lugar, o que fez meu sorriso aumentar. Vou caminhando até a sala e deixo a bolsa dele sobre o sofá.

Anônimo Virtual - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora