Capítulo 4

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M A R I A   E L I S A 🌻

— Desculpa mais a senhora não pode entrar no morro — o policial disse —.

Paciência Maria Elisa. Eu não tenho, dane-se.

— Como assim eu não posso entrar no morro? Isso já é palhaçada — se eu tenho medo de ir pra cadeia como desacato a autoridade? tenho, o se tenho, mas estou morta de cansaço —.

— Ninguém entra ninguém sai, são as ordens desculpas — ele disse e já ia saindo, ata se vai ser assim —.

— Me leve a quem mandou essas ordens por favor — assim que ele virou pudi perceber que ele me olhava com uma cara de " você tem certeza?", eu continuei plena —.

— Por favor me siga — ele disse se virando de novo —.

Segui ele novamente e fomos mais a frente, ele me parou um pouco antes e foi falar com outro policial, assim que ele me olhou eu revirei os olhos, o policial me chamou e eu o segui novamente.

— É mulher de quem? — falou me encarando e observando o morro —.

Tá de sacanagem né? Eu vou me fazer bem de sonsa pra ver se escutei certo.

— Como? — perguntei e ele me encarou —.

— É mulher de bandido? do dono? apesar que ele não deixaria sua mulher a solta assim — ele falou como se não ligasse — É muito bonita, e parece ser de classe alta.

— Eu não sei se me ofendo ou fico lisonjeada — procurei em seu uniforme seu nome e achei — policial Moura, não tenho ninguém, não sou mulher de traficante e de nenhum homem, não sou de classe alta nasci e fui criada aqui, por mais que eu não te deva explicação de manhã e a tarde trabalhei, acabei de sair da faculdade e estou muito cansada, soube que vocês não estão atacando, só estão mandando alguns tiros talvez? aí que surge a bala perdida e fere ou até mesmo mata um inocente, vocês acham que estão botando medo nos traficantes ou que seja? vocês só estão botando medo em quem não tem nada haver, depois falam que policias nos ajuda e blá blá blá, vocês só estão de tocai aqui pra ver se descobre algo, mas a real é que eles são mais inteligentes, não vão mover nenhum músculo com vocês por perto, não é só aqui que mora pessoas que fazem coisas erradas, tem outros morros, até mesmo no asfalto — nessa altura todos já estavam olhando, tu liga? eu não — vocês acham que estão prejudicando eles mas estão nos prejudicando, daqui a pouco vão chegar mais pessoas trabalhadoras, eles não merecem sofrer mais hoje, acho que o senhor policial Moura e os outros entenderam, algora me dão licença.

Segui plena, ninguém me impediu, simplesmente retiraram as coisas e iriam ir embora. 

Subi aquele morro morrendo e assim que cheguei em casa meu tio estava lá com uma péssima cara.  

— O que eu falei pra você Maria Elisa? Você endoidou? E se você fosse presa por desacato? Nem eu que sou traficante fui preso e você vai? — ele começou a falar disparado, nem respirava eu acho —.

— Eu não ia ficar fazendo hora no asfalto, esperei a mensagem de alguém, ninguém me mandou então eu vim — falei colocando minha bolsa no sofá e indo pra cozinha — e aliás, eles já fora, o que o senhor achou do meu discurso?

— Achei muito lindo, parabéns, da próxima vez me obedeça, já perdi sua avó e sua mãe, eu não vou te perder prometi isso a ela, e o que eu prometo eu cumpro, boa noite — saiu da minha casa disparado, tá muito nervoso ele —.

Preparei algo pra mim comer e fui pra sacada, fiquei comendo e vendo o morro onde eu nasci, cresci, vivi, e onde vivo, vários sentimentos aqui, dor e felicidade. Aqueles policias são muito bestas mesmo, mas parecia que eles estavam procurando alguém, ou algo para atacar. 

Terminei, desci, lavei e guardei o que sujei, porque infelizmente ninguém fara isso por mim. Tomei banho e fui para minha cama, e fiquei conversando com a Bia até ela dormir.

Fiz minha oração e também fui dormir, amanhã acordo cedo.

Vivendo em dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora