Dark Sky °||DoTae||° •one-shot•

°||Capítulo Único||°

— Eu gostava de observar as estrelas, hyung. — o moreno suspirou, tombando sua cabeça para trás.
 
— Elas estão bonitas hoje, Doyoung-ah. — Taeyong encarou o céu negro cheio de pequenos pontinhos luminosos acima de suas cabeças.
 
Doyoung deu um leve sorriso. Não confessava isso em voz alta, mas gostava da companhia do mais velho. Mesmo com suas frequentes implicâncias e "discussões" bobas, o ruivo significava muito para ele. A amizade dos dois já durava bons anos. Antes do 'acontecimento', Taeyong planejava dizer o quanto o mais novo estava mexendo com seu coração de um modo diferente, porém, o mesmo preferiu manter tal confissão em segredo, pois Doyoung achava que todos ao seu redor lhe olhavam com pena agora e o mais velho não queria que seus sentimentos fossem julgados como pura e simples dó.
 
— Sim. — Doyoung virou sua cabeça na direção do amigo — mesmo que não o visse —, sendo guiado pela voz grossa do outro. — Por que você continua insistindo em ficar perto de mim?
 
Foi a vez de Taeyong suspirar. Nunca passara por sua cabeça se afastar do moreno, se sentia incompleto sempre que estava longe do amigo.
 
— Já te disse que nunca vou sair do seu lado. — Taeyong pousou a mão sobre a coxa alheia, dando um leve aperto no local, como sempre fazia para reconfortar seus amigos. — Por que você insiste em tentar me manter distante depois do que aconteceu?
 
Doyoung passou a mão direita pelo cabelo, bagunçando momentaneamente os fios castanhos. Achava que era um peso morto na vida de todos que conhecia, às vezes se sentia culpado pelo que lhe aconteceu — mesmo que quem tivera causado a colisão entre os veículos houvesse sido o motorista bêbado desconhecido que havia dormido ao volante e entrado na contramão.
 
— Acha que a ciência vai estar avançada o suficiente para que eu veja o céu novamente antes de morrer? — o mais novo mudou de assunto brevemente. 
 
Com os olhos fechados, Doyoung sentiu uma lágrima escorrer por sua bochecha. Se sentia um fraco por chorar na frente de alguém.
 
Taeyong tocou a bochecha do rapaz sentado ao seu lado, limpando a gota salgada do rosto do mesmo. Seus olhos marejavam ao ver seu melhor amigo, a pessoa que amava , tão frágil assim. Se sentia impotente por não poder sequer fazer o responsável pela situação de Doyoung pagar por seus atos. Enquanto o motorista imprudente estava solto pelas ruas de Seul, seu amigo estava condenado a ficar no eterno escuro.
 
Movido pela impulsividade, Taeyong encaixou sua mão na lateral do rosto de Doyoung e aproximou seus rostos, depositando um breve selar nos lábios do outro. Doyoung não recuou, apenas deixou que o beijo acontecesse, se sentiu protegido e amado com o toque macio da boca do ruivo. Ambos não se importariam em serem flagrados durante aquele momento que compartilhavam no terraço do prédio em que moravam com suas respectivas famílias.
 
Doyoung abriu seus olhos após o fim do beijo. As lágrimas de frustração agora desciam livremente por sua face. Sentia que nunca iria se acostumar a ver tudo escuro independentemente se seus olhos se encontravam abertos ou fechados.
 

— Hyung... — com a voz embargada, chamou pelo outro. — Me diga o quão estrelado está o céu hoje. — pediu em um sussurro.
 
Taeyong olhou mais uma vez para o céu.
 
— A lua está quase cheia, — segurou nas mãos do acastanhado. — a sua constelação favorita está visível hoje. — Taeyong sorriu, se referindo a constelação Ursa menor, a qual chamava a atenção de Doyoung por conter a estrela preferida do mesmo, Polaris.
 
Doyoung esboçou um leve sorriso com a informação do ruivo. Doyoung costumava passar boa parte da noite observando a estrela polar, seu pai havia lhe ensinado a como encontrá-la facilmente no céu e o jovem se sentia mais próximo de seu progenitor sempre que encarava o astro distante e brilhante.
 
— Obrigado, hyung. — mesmo que de forma um pouco desajeitada, Doyoung envolveu Taeyong em um abraço apertado e grato.
 
Taeyong sorriu enquanto envolvia seu dongsaeng em seus braços.
 
— Não se preocupe, Doyoung, — Taeyong respirou fundo e sorriu logo em seguida. — Eu serei seus olhos a partir de agora.