Prólogo

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Era o som do anoitecer e o cintilar das estrelas que induziam em mim uma calmaria que já há algum tempo não sentia. O brilho incessante dos astros era inexplicavelmente deslumbrante e arrebatador. O tom acastanhado de meus olhos observava com atenção o reluzir do céu limpo daquela noite; a brisa fresca fazia-se sentir em meu rosto, provocando em mim um aprazimento que em todo o tempo desejava experienciar. 

Faltavam poucos minutos para que me ausenta-se e vesti-se a técnica e a habilidade que teria de exibir na longa escuridão da noite.  O que não seria, de todo, uma complicação pois tal personalidade já havia confiscado meu ser, transformando tudo em um ato perfeitamente usual vindo de mim. 

" Valéria, Valéria, Valéria! "  Em minha mente já ecoavam tais invocações repletas do desejo carnal e obsceno dos insignificantes seres que me rodeavam naquele antro. Eram como cães famintos, ansiando provar do fruto proibido.  

À medida que a cortina é alçada os holofotes são apontados em minha direção, revelando o pouco tecido que cobria meu corpo. Os olhares impetuosos caíam sobre mim, não me provocando qualquer desconforto. Afinal, este seria o meu entretenimento noturno. 

As minhas ancas são movidas vagarosamente conforme a música que se fazia soar. O meu olhar agora um tanto agressivo, ainda que sensual,  fitava alguns dos homens que compareciam naquele lugar. Em especial um; moreno de olhos verdes que dedicadamente me contemplava, como acontecia todas as noites desde uns tempos para cá. Frenesi meu cabelo, percorrendo a ponta de meus dedos pela minha pele descoberta. Apoderei-me do varão existente naquele palco e balancei meu corpo contra este, resvalando sedutoramente. 

O seu verde brilhante havia estagnado em mim, denunciando a excitação que este forcejava esconder.  Ao aperceber-me, a sombra de um sorriso rompe em meu rosto, ambicionando levá-lo a desejar-me se tal persistisse.  

Spirit Night  ⇸ H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora