Hoje.
- O que você disse para sua família? - Robb questiona. Seu tom seco e gélido revelam a falta de interesse sobre o assunto. Ele não está preocupado com o que fizera, já não era a primeira vez.
- O mesmo de sempre...- Responde Sebastian. Sua voz deixa transparecer a tristeza e decepção. Seu olho direito está marcado pelo golpe da noite passada. O vermelho que antes era pardo, agora está roxo. - Machuquei na luta. - Suas palavras pesaram para sair dos seus lábios. Se enfraqueceram em sua garganta e escorregaram para fora com vergonha e medo ao se recordar da noite anterior. - Isso tem que acabar. - O tom da dúvida era evidente. Seus olhos encaram o chão enquanto Robb pressiona o saco de gelo nas marcas roxas das suas costas. O coração de Sebastian ganha combustível conforme a tensão se instala no cômodo.
- Eu prometo que isso não vai acontecer mais. - Suas palavras tornaram-se vazias, sem verdade ou sentimentos. É como um gravador sendo reproduzido pela milésima vez se torna mais falso e entediante. - Eu vou...
- Eu sei que você vai tentar. - Sebastian o interrompe. Ele está cansado de ouvir o mesmo de sempre. Ele está cansado do que vai acontecer quando a noite se aproximar. Cansado de quando Robb retornara procurando-o para descontar suas frustrações e fracassos. - Você vem se tornando mais violento. - Seus pelos se arrepiam e sentimentos da noite anterior se acendem. Sente medo do rumo que essa conversa pode tomar. Sebastian tentou colocar um fim nessa história de terror ontem, mas se arrependeu amargamente.
- Eu sei. - Robb brinca com as pedrinhas de gelo deslizando sem sentido ou forma pelas costas pardas de Sebastian. Seus olhos navegam para longe enquanto seus ouvidos mantêm-se atentos a qualquer som vindo do seu amado. - Você está certo. Sempre esteve. - Suas palavras não trazem mais o conforto para Sebastian. Ele sente o fogo do ódio surgindo distante, mas sempre é apagado pelas suas lágrimas. Chorão.
- Minha mãe disse que quer conversar comigo. - Seu tom baixo e frágil aumenta a tensão entre os dois. As paredes do cômodo são brancas e o chão madeira pura, que range ao ser pisoteada. É possível se enganar com os porta-retratos do casal apaixonado pelo quarto. Desde o primeiro encontro até o atual.
Ao lado de fora o sol reina no céu realçando o azul salpicado com o branco das nuvens. Os pássaros entoam anunciando o verão após o longo inverno. Junto com os cantos é possível ouvir os gritos das crianças enquanto jogam bola na rua, as vozes dos seus pais conversando e as reclamações dos seus filhos quando o carro surge fazendo-os correr para retirar tudo. O bairro é extremamente calmo e amável.
- Sobre? - Questiona Robb. Sua voz continua neutra e relaxada. Sua sogra sempre fora uma chata. Não se orgulhava em fazer parte do clichê sogra vs genro, mas daria o mundo para afasta-la do seu casamento.
- A luta, disse que devo colocar fim nela. Estou me machucando muito e talvez isso não seja para mim. - Sebastian conclui sua fala e engole seco esperando a reação do seu marido. Ele solta um ruído próximo a uma risada.
- Talvez ela esteja certa, isso não é para você. - Ele agora encara Sebastian. Seus olhos castanhos aveludado mergulham no castanho escuro do amado. Um sorriso sem graça se forma em seus lábios. Seus olhos continuam profundos como sempre e dentro dessa profundidade mora um monstro que não precisa de muito para vir átona. - Você sempre foi ótimo para mim e eu nunca soube te valorizar. - Seus dedos deslizam para o rosto de Sebastian. O homem de olhos escuros e pele parda sente seu estômago revirar. Malditas borboletas, morreram dentro do meu estômago.
- Você precisa de ajuda. - Sebastian sabe que adentrou um lado complicado e teimoso de Robb, mas não existe outros caminhos dentro dessa floresta finada. - Não estou dizendo que...
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Algumas coisas parecem que nunca vão dar certo.
RomanceO amor saiu pela janela e pela porta entrou a violência e o terror. Vivendo em um relacionamento abusivo Sebastian encontra-se em um dilema: Deve colocar um ponto final em tudo e lidar com as consequências de um monstro disfarçado de homem ou viver...