Prólogo

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Meu coração flutuava pacificamente acima do chão naquela sala ampla e iluminada. As nuvens brancas como pérolas eram afetadas pelos raios de sol, como se as pintasse de um leve dourado luminoso e rico, eram deslumbrantes. Algo em mim sabia que não ia durar muito tempo. Mesmo assim, passei a mão em volta do doce coração que pulsava cada vez mais lento, estava prestes a desaparecer, eu sabia, mas o calor que emanava ao seu redor era palpável e reconfortante. Acima de mim, uma voz melódica narrava uma história, como nos contos de fadas, uma história de como o mal tinha dominado todo o mundo, e como em toda história clichê, o narrador pendia para o lado da luz, cujo lado deveria ser o certo. Deveria...

Mas eu só tive que esperar mais alguns segundos para o cenário mudar completamente. As paredes agora eram de uma caverna, e eu não estava mais sozinha, havia criaturas estranhas comigo, eu me mantive quieta e calma, poderia dizer até mesmo que estava em paz. As poucas nuvens que restaram, agora na verdade eram o único flash de luz do lugar. Eu estava na vala, escondida embaixo da terra, em uma caverna escura e sombria... E gostava disso. Gostava mais do que de estar na luz. A escuridão era a minha verdadeira casa, era onde eu morava. E então ouvi as últimas palavras do narrador: Há pessoas que nascem para a luz, e há pessoas que por mais que tentem, jamais entraram nela.

- Elettra! - Alguém gritou meu nome, me fazendo acordar. Mas ignorei e fechei meu olhos novamente, tentando retomar o sonho.

Eu ainda podia sentir o calor nas minhas mãos, mesmo sem tocar aquele coração. Esses sonhos eram os mais comuns na minha cabeça, o bem e o mal, sempre estavam disputando. Antigamente, logo quando eu tinha fugido de casa e encontrado o Gerômo, eu morria de medo de cair em um abismo ou algo parecido, que me deixasse no escuro para sempre, mas depois de alguns anos, acabei me acostumando a não ter sonhos fofos no paraíso. Aprendi a lidar com eles, ou melhor, a ignorá-los completamente. Eu aprendi a significa-los com a ajuda do Hall. Todo ser humano carrega dentro de si o "bom" e o "ruim", e eles vivem disputando dentro de nós, para controlar nossa mente, nossas vidas, mas já faz muito tempo que deixei de me preocupar com isso. Não me importo com esse lance de bem e mal. Não me importo com as leis. Não me importo com esses sonhos ou com quem ganhar essa guerra dentro de mim. Já não faz diferença. Eu tenho um trabalho a fazer, e um negócio para comandar.

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⏰ Última atualização: Jan 17, 2019 ⏰

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