"Feliz Aniversário, Meu Nong"

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Pov Saint

—  Espere, como assim? —  Eu estava um pouco assustado. Sair de casa? Me parecia um pouco drástico.

—  Então... P’Big disse para minha mãe que a distância estava afetando as gravações, a escola e minha saúde, porque eu estava sempre dormindo por aí. —  Certo, mas ele sempre foi assim, desde que eu lhe conheço. —  Meus pais acabaram conversando com os de Ai’Pany, e eles falaram sobre o irmão mais velho dela que se mudou por causa da faculdade e ficou muito melhor. Entre aspas, porque ele odeia estar longe de casa, mas enriqueceu sua vida pessoal. Então, os meus responsáveis decidiram que eu deveria ir morar com Ai’Mark, no centro. Consequentemente, com P’Big também.

—  Entendo. —  Na verdade, eu não compreendia. Eu fico pensando o quão desconfortável seria para o Nong sair da sua casa, de perto dos seus pais, do seu mimo diário e se aventurar numa vida de adulto. Nem mesmo eu, que já assumi o papel de ‘homem da casa’ há muitos anos, precisei abrir mão de tantas coisas, ainda mais assim, de forma tão repentina.

—  Mas… P’... Será que eu… Ah, bem… —  É engraçado que, mesmo sem saber o que ele pensa em falar, eu sei qual é sua fisionomia agora. Seu rosto parece ser sempre o mesmo quando ele gagueja. —  Eu estava pensando…

—  Você pensa demais. Se me lembro bem, alguém me disse que eu deveria falar o que estava mentalizando. Então, por que essa pessoa não faz o mesmo? —  Tudo bem, eu sei que, agora, provavelmente eu esteja o provocando. Mas era proposital. Eu falava rápido apesar de saber que isso fazia com que ele ficasse atônito.

—  P’Saint… Pare de brincar comigo. —  Ele parecia hesitante.

—  Tudo bem. Eu vou parar. Mas saiba que farei isso apenas porque quero, não é por sua causa. —  Eu estava, nitidamente, mentindo para mim mesmo. —  Aliás, você não pretende me falar o que estava planejando dizer?

Novamente, meu tom se tornou lépido. Quando eu percebi, já havia falado, então não adiantaria remoer isso. Eu ouvia sua respiração ir e voltar do outro lado da linha, mas ele não falava nada. Até que, finalmente, eu escutei um ruído um pouco mais alto. Era, provavelmente, a indicação de que ele iria se manifestar.

—  Eu… Posso ficar com você… As vezes… Sim? Por favor, P’... —  Ele estava quase miando.  Sua voz era tão encantadora… não sei se era a forma ou o que ele estava falando que o tornava tão gracioso. Eu jamais negaria a mim mesmo estar com ele, eu já era acostumado e sua presença me trazia grande paz e tranquilidade.

—  Nong… você sempre pode ficar comigo. Eu acho que tu sabe disso tão claramente que nem precisaria perguntar. —  Eu o ouvi rir. —  Mas já que perguntou...

—  Bom… eu… obrigado… —  Eu estava prestes a perguntar se ele precisava de ajuda para algo relacionado à sua mudança, mas ouvi alguém o chamar. Ele suspirou fortemente. —  P’, eu preciso ir. Enfim, nos vemos amanhã de noite. Eu realmente espero que você possa ir no meu jantar…

Ele nem esperou que eu respondesse e já desligou. Pelo que parece, os seus 17 anos seriam muito movimentados. Havia inúmeras coisas que ele não sabia e pensava erroneamente. A despedida, na qual ele havia dito que só nos veríamos a noite, era uma delas.

Finalmente fui conversar com a minha mãe. Provavelmente, agora, ela já devia estar exasperada comigo, visto que eu cheguei e fui diretamente falar com o Nong. Mas isso não queria dizer que eu estava evitando ela. Foi apenas o que meu coração me mandou fazer. Eu já não sabia se minha ação havia sido por conta da minha preocupação com ele ou se era simplesmente saudade.

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