Gente, ontem eu disse que hoje eu já postaria o final, mas eu escrevi 3 capítulos hoje, fiquei mais de 6 horas escrevendo, ufa. O último capítulo vai ficar p amanhã. Hj não aguento mais escrever tanta tristeza. Nunca mais eu escrevo um conto triste assim. Jesuuuus
Autora Eli Souza
20 de dezembro de 1976
_ Vem vem. Cuidado... Para. Se esconde!
_Ele virou. Agora vai, encostada no muro. Corre._ Ei! Você! Pare aí, ou eu atiro. Onde é que você pensa que vai?
_merda!
_ Hora hora. Olha só quem tá tentando fugir. Se não é a minha puta preferida... Não ia se despedir amor? Tira a roupa sua vagabunda. Eu vou te foder aqui ,agora.Vinte horas antes
Mais uma manhã fria; como todas as outras. Às 5 da manhã, sem tomar café; somos empurrados para o pátio. Depois de muitos anos nessa rotina, sem comer de manhã, e só ter duas refeições por dia; seu organismo acaba se acostumando. Mas se você já está doente e debilitado, essa falta de alimentação é o seu fim.
Às 6 da manhã, Luzia passou pelo portão do pátio.
Eu nunca a tinha visto. Só conhecia sua voz.
Como eu sabia que era ela?
Ela tinha uma pequena barriga de grávida, e a cabeça raspada. Foi o guarda que raspou, dizia que o cabelo atrapalhava na hora de chupar.
Fui até ela.
_Luzia?
Ela reconheceu minha voz. E me abraçou. Seu corpo estava cheio de ematomas.
_Esse é o Antônio, meu marido.
_Prazer Antônio... Me desculpem, mas estou muito ansiosa. Nossa fuga vai ser hoje né?
_chiii. fala baixo. Quer que escutem? -falei disfarçadamente.Ficamos os três juntos a manhã inteira, repassando como aconteceria a fuga. Na parte da tarde, tirei uma hora pra ficar junto das pessoas que eu tinha mais amizade. Eu queria levar todos comigo, mas quem dera fosse fácil fugir Dalí.
Eu estava com medo da altura; medo de cair. Fiquei tensa o dia todo.
Quando deu 7 da noite, hora dos prisioneiros entrar para os quartos, entramos no porão. Ficamos escondidos alí até a meia noite.
Um guarda passou, mas não nos viu.
Saímos do esconderijo, e fomos para a beirada do muro , o que separava os pavilhões.
Antônio me ergueu e eu subi no muro. Meu coração disparava, minha respiração era ofegante. Logo foi a vez de Luzia, um pouco mais complicado por causa da barriga. Mas medo, ela não tinha.
Antônio subiu no muro com mais facilidade. Se levantou e foi para o telhado.
_ Com muita calma, me sigam. Façam o que eu fizer... Não se apavorem, não olhem para baixo.
_Eu não vou conseguir. -Eu disse tremendo.
_Ei, você vai conseguir sim. Só mantenha a calma. Vai no seu tempo.- Antônio disse com sua voz doce.
_Luzia, pra você vai ser difícil. Mesmo que sua barriga não esteja tão grande, ela vai te atrapalhar. Não se apavore , vai no seu tempo.
Luzia e eu concordamos. Subimos no telhado.
Eu só pensava : não olhe pra baixo, você vai conseguir. Não olhe pra baixo, você vai conseguir.Luzia, mesmo grávida; já tinha passado a minha frente. Sempre tinha sido uma menina corajosa. Desde criança, gostava de subir em árvores. Então , altura não a intimidava.
Chegamos na parte mais alta do telhado, agora era a hora de começar a descer. As vezes, eu achava que ia desmaiar. Parava, e fechava os olhos. O tempo todo, Antônio tentava me acalmar. Finalmente conseguimos atravessar. Agora era passar para o muro e descer. Antônio desceu primeiro e ficou em pé rente ao muro, para que nós pudéssemos apoiar os pés sobre seus ombros. Ele ia abaixando devagar , até que pudéssemos pular para o chão.
Eu estava sem fôlego, foi o maior e o mais difícil desafio da minha vida.
Já no chão, teríamos que ter muito cuidado para não sermos vistos pelos guardas.
_Vem vem. Cuidado... Para. Se esconde! - disse Antônio em voz baixa, para mim.
Antônio espiava.
_Ele virou. Agora vai, encostada no muro. Corre.
Luzia foi primeiro. Mas o guarda se virou e viu quando ela corria.
_Ei! Você! Pare aí, ou eu atiro. Onde é que você pensa que vai?
_Merda! -Disse Luzia afobada.Antônio e eu nos escondemos, não fomos vistos.
_Hora hora. Olha só quem tá tentando fugir. Se não é a minha puta preferida... Não ia se despedir amor?- ele apontava a arma para a cabeça dela.
_Tira sua roupa sua vagabunda. Eu vou te foder aqui ,agora.
Enquanto o guarda estava distraído olhando Luzia, que fingia estar tirando a roupa. Antônio chegou por trás e deu um mata leão no guarda. Que conseguiu se soltar. Mas Antonio o agarrou, logo ouvimos o barulho do tiro. Luzia e eu partimos pra cima do guarda, e ela tomou a arma de sua mão. Ao mesmo tempo, Antônio caia ensanguentado no chão.
Luzia colocou a arma contra a cabeça do guarda e atirou, matando-o no mesmo instante.
Eu ,em desepero. Tentava acudir Antônio e ele dizia:
_Vai amor, foge. Ache seu pai. Vai.
_ Não. Eu não vou te deixar. Lembra da nossa promessa? Eu não vou te deixar. -eu abraçava ele em desespero.
Logo apareceu o namorado de Luzia , que estava a nossa espera.
_ Vão! Corram. Deixa que eu levo ele.
Ele colocou Antônio no ombro, e correu o quanto pode. O carro estava distante, não podia dar na cara e deixar o carro do lado do manicômio.
Entramos no meio do mato. Logo os guardas começaram a caçada. Por sorte, deu tempo de entrarmos no carro. Eu pressionava o ferimento de Antônio, afim de conter a hemorragia.
_Vai dar tudo certo amor. Você vai ficar bem. -eu dizia enquanto chorava.
Ele limpava minhas lágrimas, e dizia o quanto me amava.
_Eu sinto que estou partindo. Mas mesmo assim ,eu não vou te deixar. Eu sempre vou estar do seu lado. Eu te amo Beatriz. Obrigado por ter trago luz aos meus dias de escuridão... Você vai encontrar a nossa filha, e vocês serão felizes... Só te peço um favor, me dê um enterro digno.
_ Não meu amor. Vai ficar tudo bem. Você vai ver. Nós vamos encontrar nossa filha , e nós seremos felizes, nós três... Não amor, não me deixe.
Deu seu último suspiro enquanto olhava para mim.Antônio se foi , mas nunca deixei de sentir sua presença. Ele continuou vivo no meu coração, dividindo espaço com mãe Lurdinha e minha mãe.
O corpo dele foi enterrado na fazenda da família de Lúcio, o namorado de Luzia.
Teve um velório, e um enterro digno. Enfim seu corpo calejado de tanto sofrimento , pôde descansar.
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O manicômio
Historical FictionUma historia baseada em fatos reais, baseado no documentário Holocausto brasileiro . A história se passa Em Barbacena Minas Gerais nas décadas de 60 e 70 , no maior e mais cruel hospício do Brasil .