Capítulo 10

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M A R I A   E L I S A 🌻

 SEXTA

Na segunda eu peguei o número do Vinicius com a Rafa, liguei e só  dava caixa postal ou ele desligava, mandei mensagem e tava como bloqueado. Ele realmente é um gatinho, mais por fato de ser policial e meu tio dono do morro tenho que manter distância.

Já era 16:47 da tarde e eu estava doida pra ir pra faculdade e dormir, amanhã teria que dar aula também, eu só tô o pó.

— Tá preparada pro seu encontro amanhã? — Gaia disse dando um sorrisinho me provocando, e se sentando do meu lado no balcão —.

— Não estou preparada porque não vou — ela ia dizer algo mais eu logo a cortei — não adianta Gaia, eu não vou, e outra prometi que iria no Baile com o grupo —.

— Da uma chance pra ele, aí você vai saber o que ele realmente quer com você, não vai custar nada Elisa — ela disse me ajudando a dobrar umas roupas que estavam lá —.

— Não adianta Gaia, e como você está pra sua saída hoje com o Luis? — ela deu um sorriso que poxa a vida — o meu amigo é sensacional, ele é muito gente boa, tu vai gostar mais ainda dele — dei um sorriso ao lembrar do meu amigo —.

Deu o horário do meu expediente e fiz a mesma correria pra faculdade, a aula parecia que não passava, eu tava sem saco pra conversa, mais quando me chamavam eu era educada, afinal as pessoas não tem culpa do meu mal humor.

Quando eu desci do ônibus eu queria morrer só de lembrar o morro que iria enfrentar.

Cheguei no pé do morro e os meninos estavam lá como sempre, eu só quero minha cama. 

Quando cheguei em casa eu corri pro meu sofá e dei graças a Deus. Quando eu tava quase dormindo do jeito que cheguei alguém abre a porta, acenderam a luz e me virei tentando me acostumar com a claridade, quando eu viro é a Bianca, pera ela tá chorando? 

— O que foi amiga? — corri pra porta, fechei —. 

Fiz ela sentar no sofá, fui pra cozinha peguei um copo com água e um pedaço do bolo que estava na geladeira, dei pra ela e ela começou a chorar mais ainda comendo bolo.  

 — Eu não sei o que eu faço mais da minha vida Lisa, eu quero pegar a cabeça de alguém e estrangular, como eu pudi ser tão irresponsável a esse ponto? Eu não nós — ela falou e começou a chorar mais ainda  —.

Eu não sabia o que fazer, tá invertido os papéis. 

Ela terminou de comer o bolo, bebeu toda a água e deitou no sofá. 

— Você quer que eu chame o Jorge? — falei levando as coisas pra cozinha —.

— NÃO — ela gritou me assustando — ele não pode saber agora, eu sei que também é erro dele, mais poxa, eu não sei o que fazer, minha mãe vai me matar, eu sei que terminei a minha faculdade e ele também, temos tudo pra que essa criança tenha tudo, mais o medo de não ser suficiente, de não ser uma boa mãe como minha mãe foi me destrói.

Ela estava ficando já estérica, acontece que Bianca toma remédio pra ansiedade, ela toma desde nove anos de idade, quando seu pai morreu em um ônibus, infelizmente teve um tiroteio e só três pessoas saíram vivas, crianças.  

— Bianca, você está grávida? — ela não respondeu — você tomou seu remédio?

— Eu não consegui tomar, eu fiz o teste de farmácia há uma semana, eu pensei que estava errado então ignorei, mais comecei a me sentir mal, fiz o exame médico e peguei o resultado hoje, eu não tomo meu remédio desde terça, minha mãe esta brava comigo porque não estou tomando, e quando eu não tomo eu viro outra pessoa, tu se lembra quando eu tinha 13, foi o pior dia da minha vida — ela respirou fundo e secou suas lágrimas e eu permaneci em pé — eu não sei o que fazer Lisa, eu não sei — ela começou a andar de um lado pro outro e puxar seus cabelos —.

— Bi se acalma, respira fundo — ela fez o que eu pedi — agora senta, vou ligar pro Jorge, ele precisa saber e vai me ajudar a te acalmar. 

Ela concordou e se calmou. Peguei meu celular e liguei pra ele, ele atendeu assim que deu o primeiro toque.

IDL

J: Lisa, a Bi tá com você? Eu tô ligando pra ela desdas quatro e ela não me atende — ele falou todo atropelado —.

M: Oi Jorge, ela tá aqui comigo em casa, vem pra cá por favor. Aproveita e trás alguma coisa pra nó comer.

J: Já é.

FDL

Bianca me olhou incrédula.

— Que foi? Tô com fome — falei e demos risada —.   

Vivendo em dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora