Mercenário

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A lua cheia estava em seu ápice

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A lua cheia estava em seu ápice. Olhos amedrontados passavam correndo por ali. Passos curtos, porém muito constantes, quebravam os galhos e amassavam as folhas caídas das árvores. Um homem trajando vestes extremamente simples e desgastadas, apesar da bela aparência, deixava dúvidas sobre seu status social.

Raízes que saíam do chão lhe conferiam grande risco de queda somado à alta velocidade com que fugia, mas isso não o impedia de tentar, a todo custo, escapar do que lhe perseguia.

Na copa das árvores, um vulto misterioso passava ocasionalmente, e sua movimentação por entre a galhosa vegetação daquela floresta era bastante furtiva. Logo, sua presença se tornava imperceptível.

O tal vulto seguia aquele homem assustado sem pausa, pois aquele era seu alvo e deveria cumprir o que lhe foi ordenado em troca de algumas moedas de prata. Sua respiração ofegante revelava que aquela perseguição já estava ocorrendo a um longo tempo, mas logo chegaria ao fim.

Bastaram alguns metros para que o ser assustado alcançasse uma breve clareira próxima a um despenhadeiro enorme. No fundo, havia apenas água corrente passando a mais de sessenta metros de altura; ele estava encurralado.

Empunhou sua pequena e simples adaga visando auto-defesa, porém sabia que era inútil; seu inimigo o mataria ali mesmo sem ser ao menos tocado. Neste instante, o vulto parou entre as folhas da penúltima árvore antes da clareira. Fixava seu olhar atento ao indivíduo e preparava uma flecha. Ele puxou de suas costas um arco de madeira rústico e, com a mão direita, alcançou o compartimento onde guardava suas belas flechas, com pontas de ferro reluzente, corpo de madeira e penas azuis que dariam estabilidade durante seu trajeto.

- Ora, ora, ora! O ratinho ficou preso- disse um humano cheio de equipamentos de guerra e acompanhado de outros dois igualmente armados. Os três se aproximavam, vindos da floresta- Pena que não caiu na ratoeira- Ele usou a cabeça para apontar para o desfiladeiro- Creio que terei que dar um empurrãozinho.

- M-me desculpe, Kir! E-eu irei pagar seus serviços, você sabe que eu sempre pago...- a voz trêmula daquele homem mal conseguia pronunciar estas palavras.

- Ah, eu sei que irá pagar. Mas agora será com a sua vida!- o líder partiu para cima do indefeso com brutalidade, quando de repente uma flecha cortou o ar e cravou no chão, próximo ao agressor.

- Merda!- o dono da flecha disse baixo para si mesmo, ao errar o alvo. Rapidamente se preparou para o plano B.

- Ahahahaha!- a gargalhada de Kir era debochante- Você contratou alguém para lhe proteger? Creio que essa flecha deveria ter me acertado!

A intenção de Kir era provocar o ser nas sombras e foi quando ele surgiu nos céus. Com um salto da copa da árvore, ele se lançou próximo ao capacho que estava a poucos centímetros da beira. Ao se aproximar do solo, ele deu uma cambalhota e se projetou para frente, acertando uma cotovelada no queixo do inimigo, que logo caiu. Em seguida, desviou com um movimento pendular à medida que uma lâmina cortava o ar sobre sua cabeça.

Rapidamente, ele puxou a espada em suas costas e a passou no abdômen daquele homem; já de pé atrás do alvo, cravou sua arma nas costas do inimigo e o lançou no penhasco, de encontro a seu parceiro.

Ao fim dos rápidos movimentos, o vulto parou e apontou sua lâmina contra Kir, que apenas riu mais uma vez. O tal ser se tratava de um elfo, de cabelos curtos e castanhos, assim como seus olhos. Suas vestes eram: uma camisa marrom clara de manga longa, calças compridas e marrons, uma bota preta e alguns cintos que guardavam sua espada e algumas facas táticas, além de uma aljava de couro, porém esta ele havia deixado para trás visando ganhar mobilidade. Seu arco estava preso às suas costas, e este era capaz de se dobrar ao meio.

- Um elfo errando uma flecha?! Hahaha, isso é hilário. Esperava mais de você, Darian- o humano mostrava conhecer o elfo, por causa de sua fama como mercenário na região.

- Fico feliz que esteja aproveitando seus momentos de alegria- Darian o provocou, mostrando-se extremamente descontraído. Naquele instante, o homem assustado se projetou para sair dali.

- Nem pense em sair daí, Franks. Ainda tenho muito para resolver com você- Kir anunciou, sem ao menos olhar para sua vítima.

- Deixe nosso amigo Franks de lado. O seu problema agora é comigo!- Darian finalizou e partiu para cima de Kir com fúria.

Suas espadas batiam uma contra a outra, gerando uma bela trilha sonora misturada a um show de flashes produzidos pelos metais. A rapidez com que os dois lutavam era notável, mas Darian era certamente mais ágil, devido a sua origem.

O elfo tentou uma estocada direta e Kir desviou para o lado. Em seguida, o humano tentou um corte vertical, rapidamente bloqueado por Darian que já recuperava o equilíbrio.  Ambos estavam travados na posição ataque-defesa, quando Kir deu um chute contra o peito do elfo que recuou.

- Vamos! Vamos! Dê-me um desafio mai...- Sua fala provocativa foi interrompida por uma lâmina que cravou em seu abdômen. Darian a havia lançado rapidamente e já corria em direção ao adversário, com um chute giratório sobre o ar. Seu pé acertou a lâmina que adentrou no corpo robusto de Kir e, em seguida, o elfo desferiu diversos golpes com os punhos.

A dor foi grande, mas o homem não recuou, de modo às espadas voltarem a dançar sob a luz da lua. Os movimentos seguiam acontecendo, até Darian tentar um corte horizontal e Kir fazer o mesmo. Ao tocar a arma inimiga, a lâmina do elfo rompeu e se partiu ao meio. Ambas as partes agora estavam jogadas no chão.

- Haha! Saia daqui e deixe um profissional terminar o serviço que começou-  o humano tinha uma autoconfiança que irritava Darian; porém, o elfo se mantinha descontraído e sem demonstrar temor em nenhum momento.

- Era uma espada velha. Já estava precisando trocar- ele dizia mais para si mesmo do que para seu adversário, analisando o equipamento danificado. Darian virou seu olhar para Kir- Vamos fazer um acordo: eu te pago o que o jovem Franks te deve e nós encerramos por aqui- o elfo retirou seu arco das costas e pegou uma das flechas que havia trazido consigo.

- E você seria capaz de sacrificar seu dinheiro por este verme?- o homem colocou um capacete de ferro em sua cabeça de modo a se ter apenas uma abertura para os olhos e boca.

- Não, só estava jogando conversa fora e vendo se você poderia ser flexível. Agora, poderia largar sua espada? Garanto que a esta distância minha flecha não errará sua cabeça!

- E você seria capaz de matar a sangue frio assim?- Kir tentava abalar o psicológico do elfo, mas a única coisa que recebeu foi uma flechada na perna seguida de um grito de dor. Ele teve que se abaixar devido ao ferimento.

- Serei sincero com você: eu prefiro não fazer esse tipo de coisa, mas, nesse caso, nem preciso decidir- Darian tinha um sorriso malicioso no rosto, quando então Franks cortou o pescoço de Kir pelas costas. O corpo caiu sem vida no chão.

- Bom, o contrato foi para eu te proteger de Kir devido a um erro seu. O humano tinha razão em lhe cobrar pagamento pelos serviços dele, e você tem consciência de que esses mercenários são perigosos. No entanto, sabe que sou mais flexível que os outros e que só aceitei pelo fato de Kir ser uma praga que ronda por estas regiões. Logo, espero meu pagamento- Darian não esperou Franks dizer nada. Apenas recolheu os pedaços de sua falecida espada e adentrou na mata, visando retornar para casa.

- Espere! Eu posso quitar minha divida dando-lhe uma espada decente?- Darian parou sem olhar para trás- Eu tenho um favor com alguns anões, posso pedir algo para você. É só me dizer seu estilo.

A proposta era tentadora, principalmente pelo fato de que o elfo não tinha um bom equipamento de batalha. Por alguns segundos ele pensou, até virar-se para o humano com um sorriso no rosto.

- Eles sabem fazer uma estilo katana?

As Auras do Passado (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora