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aviso: não recomendamos o uso de drogas lícitas ou ilícitas ao dirigir.


Outubro 2018

Não fazia dez minutos que eu e minha amiga tínhamos chegado na tal balada alternativa de Fortaleza. Eu estava entediada com a música horrível, com a decoração do local e toda aquela gente vestida como se estivessem em festival hippie ou algo do tipo. Definitivamente não era nada parecido com os lugares que eu frequentava.

A iluminação era fraca, tendo algumas luminárias dentro de garrafas de cerveja perduradas nas paredes, algumas luzes coloridas no meio da pista e perto do DJ. Bem rústico. Também havia alguns posters de bandas de rock e vários cartazes com "ele não", outras zoando as fotos de Jair Bolsonaro. Eu já estava a ponto de matar minha amiga que teve a brilhante ideia de nos trazer aqui.

- Olha nossas roupas Ana... - digo olhar ao redor e ver as pessoas usando tênis all star com saia, camisas de flanela, cabelos coloridos e etc. - De longe dá pra ver que somos as forasteiras nesse lugar.

Eu estava usando uma saia cinza até o joelho, meia calça preta e uma blusa com gola alta discreta. Meu cabelo moreno estava preso. Já minha amiga usava um vestido tubinho preto e um salto, seus cabelos compridos estavam perfeitamente lisos. Nós estávamos vestidas assim porque antes virmos para essa balada (se é que pode se chamar de balada), houve um evento do trabalho dos nossos pais que eram militares. Eu era filha de um general do exército, o qual estava designado no estado do Ceará.

- Se descobrirem que votamos no capitão, irão nos queimar como bruxas. - disse Ana após virar um shot de tequila.

- Acho que já descobriram. - falei ao sentir os olhares desconfiados em nós. Era desconfortável estar no mesmo lugar que aqueles depravados.

- Lauren, para com isso! - disse minha amiga irritada. - Pelo menos em uma noite seja uma garota normal. Seus pais não estão aqui.

Revirei os olhos e tomei o shot de tequila que estava na minha frente. Bebemos mais umas doses de outras bebidas. Alguns minutos se passaram e Ana, que já estava mais animada, desamarrou meus cabelos e me puxou para a pista quando estava tocando uma música que ela conhecia. Devo admitir que até gostei depois de um certo tempo escutando.

Enquanto dançávamos, percebo o olhar insistente do DJ e um sorriso discreto quando eu olhava de volta.

- Parece que você ganhou a atenção do DJ. - disse Ana, quase gritando devido a música alta. - Sabe quem é ele?

- Você acha que eu tenho cara de quem conhece Djs desses lugares? - disse ao revirar os olhos.

- É o filho de Ciro Gomes. - disse ela sorrindo diretamente para o rapaz.

- É claro que é. Por que eu não estou surpresa por encontrar o filho daquele ex-governador nesse lugar?

Ela belisca minha barriga enquanto me lança um olhar reprovador e vejo que está prestes a me dar um sermão. Sinalizo com os braços uma rendição.

- Ok... vou comprar mais uns drinks pra fugir dos olhares do DJ.

Eu não conhecia a família Ferreira Gomes, apesar de estarmos no mesmo estado, e também não interessava em nada querer saber mais sobre eles, até porque política se resumia apenas ao bem estar de meu pai que era militar, e eu compartilhava das opiniões dele. E eu também passava pouco tempo em Fortaleza, eu sempre estava viajando muito.

- Dois mojitos, por favor. - falei para o barman enquanto pego o cartão de crédito que estava na bolsa.

- Encontrei a barbie fascista personificada. - ouvi uma voz seguida de um risinho no meu ombro.

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⏰ Última atualização: Jan 20, 2019 ⏰

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