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Entrelacei meus dedos aos de Nicolas quando entramos no hall do prédio da minha sogra, o dia mal havia começado e eu já me sentia exausta. A festa de Rodrigo no dia anterior havia sugado todas nossas energias. Foi um dia intenso onde muitos acontecimentos saíram de nosso controle, me deixaram inquieta e até mesmo envergonhada. A pedido de Ana, ou não, ninguém começou o acontecido no outro dia, muitos também estavam com uma puta ressaca e não lembravam nem mesmo do próprio nome, quanto mais uma briga às escuras.

Liguei para Gisele de manhã e ela avisou que Catarina ainda dormia como um anjo, comeu bem e pouco reclamou até pegar no sono, então resolvemos passar em casa para um banho e um café rápido com frutas frescas, chá e um shake energético que meu marido fez questão de tomar. Engoli também um comprimido para dor de cabeça, o gosto de asco ainda estava em minha boca e meu corpo se arrepiava involuntariamente. Se pudesse, dormiria por toda tarde. Mas como não podia, reunia forças para mais um dia com minha bebê de um ano e meio e toda sua energia. Chegamos no andar e Nicolas tirou o cartão do bolso encostando no sensor, logo o ar frio bateu em meu rosto na sala vazia. Duas malas grandes fluorescentes estavam encostas perto do sofá e uma jaqueta jogada em cima do mesmo.

- Minha mãe está com visita? – Nicolas perguntou. Com o barulho, ela apareceu no cômodo com Catarina em seu colo, ela estava com sua mamadeira na boca e largou na mesma hora que nos viu, esticando as mãozinhas. Atravessei o cômodo e a peguei em meus braços, abraçando aquele corpinho quente que usava apenas uma blusa de manga e fraldas.

- Você dormiu bem, meu amor? – beijei suas bochechinhas e ela assentiu. Nicolas cheirou seu pescoço e ela soltou um gritinho.

- Dormiu comigo, Ju. Não deu trabalho algum! Agora de manhã que chorou um pouco mas acho que era saudades.

- E nem me deixou dormir, que menininha manhosa ein, Nicolas? – a voz aguda soou na sala e meu marido pareceu gelar em seu lugar, não sem antes abrir um sorriso a animado de orelha a orelha. A menina que surgiu poderia estar em qualquer catálogo da Victoria Secret's. Ela era alta, ruiva e tinha os olhos semelhantes aos de Nicolas. Se olhássemos bem, eles poderiam passar como irmãos.

- Não, isso não pode ser real! – ele tapou a boca e até mesmo Cat parou de mexer em meu cordão para olhar a cena. Os corpos se chocaram em um abraço bobo e até sentimental demais, ela pegava em meu marido como se fosse a última coisa que fizesse em sua vida. Respirei fundo tentando puxar a aparência em minha memória, ela era uma sobrinha de Gisele, se não me engano, afilhada também e morava em Los Angeles, na Califórnia.

- Papapá. – minha pequena se mexeu em meu colo balbuciando enquanto me olhava.

- Sim, amor. Papai tá feliz né?

- Camila chegou hoje quatro da manhã, levei um susto! Veio para atualizar alguns documentos e amanhã de noite, vai para Itaipava ver os pais. Falei para ela que você amaria vê-la, Nicolas. - Minha sogra disse para meu marido.

- E de fato estou! Quanto tempo. Fiquei puto porque não veio para meu casamento.

- Você sabe o quão longe é, não fode! – ela riu – Cheguei hoje bem cedo e queria dormir né? Avião é uma merda, mas essa menina acordou chorando pela casa toda. Que saco! Já sei que você não deve ter mais aquele sono de antigamente. - Uma ponta de incomodo cortou meu corpo. Minha filha era uma criança, a mais boazinha que já vi, se posso falar, apenas possui suas limitações e cansaços. Eu pouco conhecia Camila, na verdade, ouvi falar quando começamos a enviar os convites do casamento e meu então noivo falou animado até demais dessa prima e do quão aventureiros eram juntos. Nunca tive alguma opinião formada sobre, mas agora estava começando a montar minhas observações.

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