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Eu caio na água glacial, ela me sufoca, eu me debato, olho pra cima, mas a porta não está mais lá.

O desespero começa a me sufocar, literalmente, eu estou afundando.
Acho que vou morrer.
A cada segundo me afasto mais da superfície e sem pensar, respiro água.

Uma dor insuportável arde como fogo em toda parte do meu nariz, a dor é tão intensa que tenho a sensação de que meus pulmões se rasgaram.

Acho que vou morrer e a frieza da água em me matar lentamente é revoltante, lido com a pergunta de onde está Alice enquanto sei que perco a lucidez.

Sinto minhas mãos e meus pés ficarem dormentes, o frio está me congelando por dentro e meu corpo treme.

Como um degradê sonoro escuto o som do mar se acalmar e um intenso zumbido começar a soar dentro da minha cabeça.

Não sei de onde vem a energia que me faz olhar em volta. É tudo escuro aqui embaixo. O frio me convence de que estou sozinho e a água me afoga alimentando minha solidão.

O perfeito silêncio me consola, eu escuto meus pensamentos aqui embaixo. O que eles dizem? Que eu preciso encontrar Alice. Eu não vou suportar perdê-la. Não posso. Eu perco minha vida, mas eu preciso que Alice aprenda a gostar da dela.
Porém não vejo solução. Eu afundo cada vez mais, parece que a profundidade não tem fim. Não tenho força pra nadar e estou quase congelando. É estranho pensar em como vim parar aqui e pensar nisso me deixa sonolento. Fecho meus olhos lentamente.

O perfeito silêncio me consola, dormir até isso tudo acabar seria bem mais fácil. Porém escuto no meio do estrondoso silêncio uma voz que me faz acordar.

-Você vai desistir de mim?

O chamado foi um choque, as palavras ferozes vieram pelo meus fones, ainda estou em ligação e só me dei conta disso agora. Sinto a energia abrir meus olhos agressivamente.
Não sei como os fones ou meu celular funcionam aqui embaixo, porém consigo me recompor e apesar de não sentir meus membros, tento nadar até emergir.

Com a cabeça acima d'água eu tusso toda água que respirei, pareceu fácil, mas foi doloroso.
Não sei quanto tempo vou aguentar, mas preciso encontrar Alice.

-ALICE! - Grito. Infelizmente não parece que eu fui ouvido.

No meio da neblina eu só consigo nadar, não enxergo um palmo enfrente a meus olhos, isso é tão sufocante como tudo aqui. Parece que já estive aqui antes, e isso é totalmente improvável.

Olho em meu redor. As montanhas do que parece ser uma ilha quase totalmente coberta de neve estão longe.

Quando paro para respirar percebo algo que me faz sentir pressa novamente, o cansaço pode esperar, a morte não.

Acontece que eu não sou o único procurando alguém nesse lugar estranho.
Sombras escuras na neblina denunciam;
Eles também estão em busca de Alice.

Alice E ElesOnde histórias criam vida. Descubra agora