Letícia estava morando na Flórida para estudar e aperfeiçoar o seu inglês. No entanto, ela precisa voltar para casa, em Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, pois seu pai está doente e ela resolve voltar para a casa.
Na volta, ela percebe que algu...
Por que certas coisas acontecem nas nossas vidas? Seriam casos ou acasos do destino?
Letícia não sabia explicar. Mas, precisava compreender o real motivo que estava lhe trazendo de volta para Cambará do Sul, a sua cidade natal do Rio Grande do Sul.
Ela havia ganhado uma bolsa para estudar em Orlando, no Estado da Flórida nos Estados Unidos. E estava muito feliz pela grande oportunidade de aperfeiçoar o seu inglês, além de fazer o seu mestrado em literatura estrangeira.
Para muitas pessoas, ela era inteligente e corajosa por deixar a sua cidade para estudar em outro país. Alguns da sua família sentiam-se orgulhosos pela sua atitude, e já outras pessoas a consideravam uma "metida" por estudar em um país estrangeiro, deixando seus familiares de lado e indo morar em um lugar tão distante.
Mas, essas pessoas não sabiam o quanto ela sofria e ás vezes chorava em silêncio, no quarto do apartamento em que estava morando por estar distante das pessoas que ela mais amava.
Letícia se comunicava frequentemente com a família, ora ligando, ora conversando através das redes sociais.
"- Bendito Mark Zuckerberg!" Ela pensava consigo mesma.
Claro, além do Facebook, ela também fazia uso do Skype.
Nos EUA, ela não usava o WhatsApp. Essa febre de comunicação tão normal no Brasil.
- Por que você não usa o Watts, filha?
- Por que aqui é diferente mãe. Aqui nos Estados Unidos, os planos de celulares são limitados para voz e mensagens, e a internet é limitada por isso, é normal que o SMS seja mais usado que o WhatsApp, que consome muita internet.
Letícia se explicava, mas a sua mãe parecia não compreender.
Quando ela estava de férias na sua cidade, ajudou a sua mãe e se pai a criarem uma conta no Skype, para se comunicarem melhor.
E, então, a comunicação não era um grande dilema na vida de Letícia e sua família. E tudo estava se encaminhando perfeitamente.
Já havia terminado o seu mestrado, mas queria ficar mais tempo naquela linda e riquíssima cidade. Para assim, melhorar o inglês. Além disso, ela gostava de ir nos finais de semana para a praia, pegar aquele bronzeado, ficar admirando a paisagem e os lindos surfistas que vinham pegar ondas gigantescas.
Mas, em uma noite, Letícia observa o Skype e percebe uma chamada para conversa de sua mãe.
E logo abaixo aparecia uma mensagem:
- Filha, ligue para nós o quanto antes, precisamos falar com você! É urgente!
- O que deve ser de tão importante?
Letícia passou a ver o que estava acontecendo. Ela ligou para a sua família. Esperou por alguns minutos e nada.
- Estou ficando nervosa!
Até que ela então conseguiu falar com a sua mãe. Dona Alice parecia apreensiva pelo tom de sua voz:
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- Letícia! Seu pai não está nada bem. Ele está no hospital.
- O que aconteceu com papai?
- Nova crise de tosse asmática, mas dessa vez, precisou ser hospitalizado.
Letícia quase deixa cair o copo de suco de maracujá que havia preparado.
- Tentei falar antes com você, mas não conseguia.
- Eu estava na praia... e...
Letícia ficou em silêncio, e tomou o ar por alguns instantes.
- Você vem pra casa logo?
- Hum...
Não era essa a frase que ela queria ouvir. Afinal, e Amanda? A filha caçula preferida do papai?
Nesse momento, sentiu um remorso por pensar assim, friamente.
- No mês que vem eu volto, mãe.
- Que bom, filha. Você sabe que nós estamos felizes por você foi estudar, sabemos que é uma pessoa dedicada, mas já faz algum tempo que você foi morar lá...
Dona Alice ficou alguns segundos em silêncio. Voltando a falar alguns segundos depois:
- Filha! Você disse que iria terminar a sua pós e voltar para casa para abrir uma escola de inglês... E... estamos com muitas saudades!
Essa última frase fez Letícia encher seus olhos de lágrimas.
- Também estou, mãe!
Letícia queria chorar para a sua mãe, e mostrar o quanto sentia a sua falta e de seu pai e até da Amanda, a sua irmã desbocada e bagunceira.
Mas, não podia falar isso. Ao menos não queria mostrar essa fragilidade.
- Mãe... Vou desligar. Coloquei uma massa no forno para assar...
- Te amamos, filha!
- Eu também te amo, mãe!
E, assim, ela saiu do Skype, e logo em seguida começou a chorar. Letícia soluçava alto. Ela também estava com muita saudade de sua família e percebeu que depois de três anos, morando longe, estava na hora de voltar de se despedir de Orlando e voltar para casa.
