He's my guardian angel

Capítulo 1- Os motivos

Min-Jung on

A luz do sol invadia meu quarto, adentrava sem pedir licenca. Eram 06:00 da manhã. Mais um dia já havia começado e eu ainda não havia superado a noite passada...me levantei da cama e fui fazer minha higiene.

Era mais uma manhã de primavera, e a grama verde, a luz do sol radiante, a brisa fresca do vento deixavam isso bem claro. Mas oclima ou a estação não influenciava em nada do meu dia mesmo.

Peguei uma leagging Preta, uma camiseta branca escrita "SUPREME" na frente em vermelho, e um moletom cinza. Coloquei um all-star vermelho e fiz uma maquiagem qualquer, fiz delineado, passei rímel, lápis de olho e um gloss qualquer. Decidi deixar meu cabelo solto mesmo.

Antes de descer para "tomar café da manhã", eu me olhei no espelho... É, até que para quem nunca foi de ser bonita, eu estava aceitável. Eu não me acho bonita. Meu cabelo é castanho escuro, que as vezes chega a parecer preto, meus olhos também são castanhos escuros, eu sou baixinha, gordinha (pelo que eu me considero), uso óculos, e é isso, não sou bonita e não tenho porque ser. Eu sou muito parecida com a minha mãe, o que é estranho, porque ela era Linda, realmente muito linda.Uma mulher maravilhosa. Sinto tanta saudade dela... Minha mãe morreu quando eu tinha de 4 para 5 anos. Ela morreu de câncer no ovário e... Pois é, desde então tenho que me virar sem ela

Desci as escadas com a mochila de um só lado nas costas, o celular na mão e o fone de ouvido de um lado só. Quando cheguei a cozinha, estava vazia, "ainda bem!". Abri a geladeira e peguei uma maçã, dei uma mordida nela enquanto pegava um copo com água para tomar meus remédios matinais, no geral eram três: uma para a ansiedade, um anti-depressivo, e um... Ah não sei mais também, são tantos...

Sai de casa ainda comendo a maçã. Desta vez, coloquei os dois lados do fone de ouvido. Estava tocando uma musica que eu amava: secrets- the weeknd.

Cheguei na escola as 06:50. Ótimo! Ainda teria um bom tempo para conversar com meus amigos. Eles eram no total 7: A Jung-sook, a Min-ji, e a Sang-mi, o Yoongi, o Hoseok, o Taehyung e o Jungkook.

Jungsook- Oi Minjung!- Disse a menina ao me ver

Minjung- Oi Sook!- respondi ai vê-los

Fui me acomodando na roda de amigos ao lado de Kook e de Minji, que já fez questão de pisar no meu pé "discretamente" assim que o Kook e deu um beijo na testa e passou seu braço esquerdo em volta do meu pescoço, para ficar apoiado a mim.

Eramos melhores amigos. As meninas sabiam da "quedinha"/ tombo que eu tenho por ele desde que nos aproximamos de novo.

Eu conheço o Jungkook desde que somos criancas, mas teve uma época que nos afastamos, mas foi por minha causa, eu o afastei, eu nos afastei, não queria que ninguém soubesse ou descobrisse que meu pai, meu próprio pai, me assediava de rodas as formas possíveis e que ainda me estuprava, ninguém poderia saber...Ninguém pode saber...Ninguém... Eles sabem que eu tenho depressão, e fazem o melhor para que eu não afunde cada vez mais nela, sabem que eu tomo remédios desde pequena, sabem que eu me corto, e também fazem o melhor para me deixarem feliz para que eu não faça isso, mas a culpa não é deles, não adianta passar o dia todo sorrindo se a noite eu vou chorar, sofrer... Eles já se preocupam demais, eu não mereço tudo isso... Eu sou nojenta, repugnante, péssima... Eu que me afastei, e ele que me procurou, e desde então, não nos separamos mais. Lógico, só somos amigos, nada além disso, apenas amigos, melhores amigos.

Ele nunca gostaria de mim desse jeito, nunca será reciproco. Parece clichê né?! Mas eu PRECISO de algo clichê na minha vida. Ele deve me ver como irmãzinha, ou sei lá, só melhor amiga mesmo.

Minjung- Oi Kook!- Digo sorrindo para o mesmo que devolve com um sorriso fofo- Tem lição do que?- sinto mais um pisão no pé, o que me faz revirar os olhos

Jungkook- Não sei, tinha lição?- Ele pergunta com cara de assustado para todos da roda, o que nos faz rir.

O resto dos minutos foram jogados fora com risadas e brincadeiras, e lógico, mais pisões "discretos" em meu pé vindo da Minji, que recebe como resposta meus olhos revirados.

Indo para a sala ao som das palhaçadas dos meus amigos me fez pensar:

"Eu amo tantos eles... Em meio ao turbilhão que é a minha vida, eles me trazem paz, nas horas que passo com eles eu " esqueço" as horas que duram uma noite no porão da minha casa..."

Todos nos éramos da mesma sala. Fui para o meu lugar, que ficava na ultima carteira encostada na parede, na Minh frente era kook, na minha direita Minji, na frente dela Jungsook, na frente do Kook era o Yoongi, na sua frente Hoseok e ao lado direito dele, Sangmi sentava

A aula começou, e para piorar, era de matemática. Assim que o sinal bateu, o barulho tomou conta da sala, tínhamos 15 minutos de "intervalo" entre uma aula e outra (principalmente quando era aula dobradinha). Enquanto conversávamos, eu parei e comecei a reparar em como o Kook era lindo... Ele é realmente muito bonito. Ele é alto, com os cabelos originalmente pretos, mas hoje em dia estava castanho, seus olhos eram pretos e intensos como a noite, seu rosto parecia ter sido milimetricamente desenhado. E além de lindo, ele é inteligente, fofo, divertido, engraçado, um ótimo amigo, e muito mais...

Tivemos mais uma aula e depois fomos para o nosso intervalo. Quando voltamos do intervalo, tivemos o resto das aulas do dia. Todas eram chatas.

Chegando em casa, fui fazer o que eu sempre fazia: Arrumar a casa, cozinhar para mim, comer, estudar, lavar a louça, tomar banho, me arrumar, e fazer a lição. Quando eu termino de fazer tudo isso, fico mexendo no celular, ouvindo musica, lendo, ou seja, fazendo vários nada...

Ao anoitecer, fui começar a fazer o jantar, logo logo meu "pai" chegaria.

Não demorou muito para isso acontecer. Ele chegou, e aparentemente não estar de "bom humor".

Minjung- Boa noite!- Disse quase como um sussurro.

Sungho- Porão! Agora!- Ele disse bufando

Nessa hora meu corpo gelou. Ah não...Hoje não. Eu já fui para o porão ontem... Tudo bem que não é a primeira vez que vou para o porão noites seguidas, mas sei lá...Não...

Minjung- O jantar está quase pronto. Você não vai querer?- Perguntei já sentindo meus olhos lacrimejarem e o nó na minha garganta se formando

Sungho- Porão!- gritou- Agora!

Sem falar mais nada, lavo minhas mãos e apago o fogo de todos as panelas. Ainda calada, vou seguindo para a escada que leva ao porão, já sentindo lágrimas quentes rolaram pelo meu rosto. Cheguei no porão, e logo atrás já vinha o meu pai. Assim que ele chega ao pé da escada, agarra meu punho. Ele me guia até o sofá. Eu não reago. Não reago. Como sempre. Ele começa a tirar minha roupa. Primeiro ele tira a minha camiseta, depois ele tira minha calça junto com a calcinha. Eu apenas choro de olhos fechados. Quando finalmente abro meus olhos, posso ver, minhas cicatrizes. Minhas pernas marcadas. Os rasgos nas minhas pernas feitos em momentos como esse.

Após me deixar só de sutiã, ele me joga no sofá. Ele começa a tirar a  própria roupa. Quando eu "menos" espero sinto um toque na minha perna. Logo ele abre minhas pernas pernas e se ajeita no meio delas. Eu apenas choro. Choro. Choro.Já sei que não posso gritar, então fecho os olhos com todas as forças que me restam, e choro. Eu sei o que está por vir. Eu sinto um rasgo me invadir. Arde. Dói. Lateja. Eu finalmente grito...

Quanto tempo durou ao certo isso?! Eu não sei... Para mim pareceu durar séculos.

Quando ele se sentiu satisfeito, saiu. Foi embora para o quarto dele. Me deixou lá. Sangrando por dentro e por fora. Despedaçada. Chorando. Me sentindo nojenta. Passei mais alguns séculos lá, chorando. Eu tinha que levantar. Mas quando eu fui tentar, tudo doeu, e mesmo assim eu levantei. Subi as escadas. Fui para o banheiro acompanhada das minhas lâminas. Liguei o chaveiro e deixei a água se mesclar com as minhas lágrimas. Tudo dói. TUDO DÓI. Eu me odeio. Eu...

Deixei todos esses pensamentos pesaram na minha lâmina e cortarem os meus pulsos. A dor física, nem se compara com a dor emocional e interior que eu sinto agora.

Observo o sangue se misturar com a água.

Termino meu banho. Me arrumo. Tomo os meus remédios diários e me deito, deixando com que as lagrimas sejam o meu calmante e me tragam sono, para que, amanhã eu acorde e viva como se nada tivesse acontecido.