Don't Say Goodbye

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Ali no meio daquele vale.

Podia ouvir ao longe, o som dos caçadores, mas aquilo não importava. Nada importava. O garoto da sua vida estava morrendo e não poderia fazer nada.

- Raphael. Raphael, por favor- O garoto em seus braços o chamava. Dios, por que com ele? Por que com o seu doce vampirinho?

- Agora não Simon.- Disse. Não queria ser grosso com ele, mas a situação era despertadora.

A alguns dias, um grupo de caçadores de vampiros haviam encontrado a sede de seu clã, e tocaram fogo em tudo. Muitos morreram, mas outros tantos sobreviveram se escondendo no subterrâneo.

Eram tempos difíceis. Um grupo de caçadores tinha resolvido fazer um verdadeiro genocídio contra sua raça. Ataques atrás de ataques. Não sabia o motivo de tanto ódio e sinceramente não queria saber. Só queria ir para o mais longe possível daqueles seres que lhe odiavam tanto. Simon merecia uma segunda morte em paz.

- Raphael- Simon dizia com a voz fraca.

Raphael parou. Estava no meio de um floresta. Decidiu parar. Já estava longe o suficiente. Não ouvia mais o barulho da caçada.

Raphael foi se sentando devagar ao pé de uma árvore, acomodando Simon para que ficasse confortável.

- Raphael, está doendo tanto- Disse Simon, fazendo o coração parado de Raphael se apertar. Não podia acreditar, que depois de tantos séculos, de tantas vidas diferentes que eles compartilharam, era assim que iria terminar. Que tudo iria terminar.

- Eu sei mi amor, mas vai passar, eu prometo- Disse sentindo o coração apertar.

Simon havia sido atingido por uma flecha sagrada. Uma flecha que foi criada em solo sagrado.

Literalmente a única coisa que os matava de maneira lenta e dolorosa. Como um veneno nas veias.

- Você… Você precisa ir embora, eles vão te achar… eles vão te achar- Disse Simon, em um tom muito baixo, se não fosse pela audição aguçada, talvez Raphael não ouvisse.

- Não posso. Eu prometi ficar com você pra eternidade, não prometi?- Disse dando um sorriso tristes.

Ainda se lembrava de quando tinha feito aquela promessa. De quando tinha decidido que ele é Simon seria para eternidade. Por que entre vampiros, sempre era realmente pra sempre.

Sentiu Simon começar a tossir e viu um sangue preto começar a sair de sua boca.

- Ainda doi muito, vida?- Perguntou preocupado. Estava chegando a hora. Simon já havia morrido um vez com medo, não queria que ele se fosse com dor agora.

- Não… não mais- Disse- Eu tô nos braços do meu amor. Do cara que eu sempre amei e que eu sempre vou amar, e eu não consigo pensar em um jeito melhor de partir.

Os olhos dos dois se encheram de lágrimas.

- Por favor, não me diga adeus, eu também te amo mi sol e sempre vou amar.

E então, Simon virou a cabeça para o lado, e se desmanchou em poeira.

Raphael simplesmente deixou que as lágrimas e dor tomassem conta do seu ser. Era como se tivesse ficado surdo de uma hora pra outra, não podia ouvir os próprios gritos, mas podia sentir a garganta doer.

De todos os momentos que poderiam se lembrar, dois em específico vieram a sua mente.

O primeiro,o dia em que percebeu pela primeira vez, que queria Simon pra toda a sua meia vida.

Tinha acabado de transar com Simon. Aquele sexo louco e ao mesmo tempo carinhoso que só eles sabiam fazer.

Estava com a cabeça dele em seu peito, sentindo o cheiro doce que emanava dos cabelos dele.

- Raphael- Ouviu chamar.

- Hum?- Murmurou, dando a entender que estava ouvido.

- Você já pensou em ter filhos?

Sim, ele já havia pensado em ter filhos, mas nunca havia comentado por achar Simon ainda muito jovem- Uma grande ironia, já que Simon seria jovem pra sempre.

- Já, algumas vezes, mais por que a pergunta?

Agora o menor parecia envergonhado.

- É que… eu estive pensando e.... Eu queria um… um filho com… com você.

Aquilo pegou Raphael de surpresa. Mesmo que já tivessem certo tempo de relacionamento- dez anos poderiam ser um tempo considerável para os humanos mas não para os vampiros- Não imaginava que Simon já quisesse construir uma família.

- Eu… eu adoraria formar uma família com você.- Respondeu sincero. Parando pra pensar, adoraria fazer qualquer coisa com Simon, viver qualquer vida.

E eles tiveram o suas filhas, Guadalupe e Isabelle. Seus tesouros.

Mas nunca tinha visto Simon mais insuportável do que naqueles nove meses que foram sua gravidez. O moreno tinha variações de humor constantes, às vezes irritantemente feliz, e ás vezes o deixava louco de tanto chorar.

Lembrar daquilo só dava mais vontade de  chorar. Suas meninas já eram vampiras crescidas e a essa altura, já deveriam estar bem escondidas dos caçadores.

A segunda coisa que não saia da sua cabeça era o sonho que uma de suas subordinadas havia lhe contado.

Então Yunno, sobre o que era o sonho?- Perguntou há Yunno. Ela não costuma compartilhar seus sonhos a não ser se considerasse importante.

- Você… Você estava em um lugar… cheio de árvores e névoa, e tinha sangue na suas roupas… e… e você estava… estava segurando o seu coração na mão… tava tudo um pouco desfocado… e então… o seu coração se desmanchou em poeira.

Olha que grande ironia. Estava no meio de uma floresta, cercado de névoa da madrugada, e o dono do seu coração havia acabado de se desfazer em poeira.

Raphael percebeu pela posição da lua e das estrelas que o sol já aí nascer.

Desde da infância- que agora parecia mais distante do que nunca- tinha o desejo de ver o amanhecer. Desejo esse que foi enterrado quando se transformou. Mas agora nada mais importava.

Veria o sol nascer pela primeira e última vez.

Então Raphael se sentou ali e esperou.

E quando o sol nasceu, foi lindo.

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