Segundas Intenções

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[...] Esticou o braço e ela se acomodou junto dele [...]

Do lado de fora em frente à porta Ivy estava parada olhando atentamente como se esperasse algo. Ela escutara os risos dos dois de seu quarto e foi ate a porta tentar ver algo, mas não teve sucesso. A conversa e a risada deles foram como um corte em seu orgulho. Ela cerrou os punhos de raiva, e se perguntava por que tudo sempre dava certo para Natasha, todos sempre a preferiam. Ivy era mais velha, e desde quando chegou à família como uma intrusa depois da sua mãe casar com Alan ela foi bem recebida, todos brincavam com ela, e então Natasha nasceu e ninguém mais lhe deu atenção, tudo sempre foi voltado para Natasha, ela sempre teve as melhores notas, os melhores amigos, os namorados mais cobiçados, era a preferida dos avós e do resto da família, a herdeira da agência, a garota perfeita que tinha a vida perfeita, e parecia que conseguia tudo sem esforço. E agora estava ali sendo novamente o centro das atenções, com um namorado lindo que toda a família adorou, inclusive Eva. Outra vez, Ivy ficou de escanteio, porque a senhorita perfeita apareceu. Ela desejou infinitamente que Natasha desaparecesse. Ivy quase afundou as unhas nas palmas das mãos, mordeu o lábio para impedir a vontade de chorar e gritar queria quebrar aquela porta, mas correu assustada para o seu quarto e se trancou quando escutou alguém subindo as escadas. Sozinha naquele quarto que era de Natasha ela olhou cada móvel e decoração que a morena tinha posto, uma foto em um porta retrato mostrava ela sorridente junto do irmão, ela pegou com desgosto a foto:
- Eu te odeio – Arremessou o objeto contra a parede quebrando-o. Ivy despencou no chão e desatou a chorar.
De manhã cedo Natasha se aconchegou mais a John sentindo o frio querendo invadir sua coberta e acorda-la. Ela tomou uma lufada de ar, e por um instante sentiu seu estômago doer, e à medida que acordava e sentava na cama a dor ficou mais forte, ate sentir um forte enjoo. Ela tentou sair da cama sem criar muito alarde, mas quando seus pés tocaram o chão ela correu para o banheiro, fechando a porta caindo de joelhos no chão levantando a tampa do vaso a tempo de vomitar.
Lavou sua boca escovando os dentes e usando bastante água para tirar aquele gosto horrível. Apoiou as mãos na pia e olhou seu estado no espelho, parecia mais branca que o normal, por sorte o enjoo havia diminuído, precisava perguntar a sua avó o que poderia tomar para passar aquilo. Saiu do banheiro e agradeceu quando viu que John continuava dormindo, não queria preocupa-lo, ainda era muito cedo para acorda-lo com uma preocupação sem motivo. Calçou suas sandálias e saiu do quarto, torceu para que Ivy ainda estivesse dormindo pois se a visse naquele estado com certeza tiraria alguma gracinha e no humor em que Natasha estava, provavelmente a lançaria escada abaixo.
Quando chegou a cozinha sua avó estava preparando o café, Susan terminava de tirar os pães do forno enquanto Melissa ajeitava as travessas com comida:
- Filha o que você tem? Está pálida – Susan se aproximou segurando os braços da filha levando-a ate a cadeira mais próxima.
- Tudo bem querida? – Eva deixou um instante o fogão para observar atentamente sua neta.
- Eu não sei, acordei enjoada e acabei vomitando – Esfregou a mão sobre a testa.
- Enjoada? – Susan perguntou alternando o olhar entre sua irmã e sua mãe.
Eva rapidamente pegou uma xícara colocando algumas ervas, pegou o bule com água fervendo em cima do fogão e despejou dentro. Misturou ate sair à essência das ervas e levou ate a neta:
- Aqui, beba
- O que é isso? – Nat perguntou pegando a xícara e olhando o conteúdo dentro.
- Chá de canela, tome
- Hmm – Ela sentiu o aroma e então bebericou. As três olhavam para ela com certa expectativa – É muito bom.
- Oh! Graças a Deus – Susan pôs a mão no peito apoiando-se na mesa soltando um suspiro aliviado.
- Que susto – Melissa voltou a sua tarefa.
- O que?
- É, ela não está grávida
- Grávida? – Arregalou os olhos quase engasgando com o chá – Como assim grávida?
- Não beba tudo, pode fazer mal – Eva tirou a xícara da mão dela e pôs no balcão.
- Você disse que estava com enjoo e vomitou, eu me assustei – Susan explicou.
- É, mas porque eu comi demais ontem. E não tem como eu estar grávida, eu estou menstruada e também tomo pílula.
- Oh! Porque não disse antes?! – Susan puxou a cadeira e sentou pegando os pães frescos colocando-os em uma cesta.
- Porque eu não fazia ideia de que cogitaram eu estar grávida – Olhou para a sua avó e depois para o chá – E como um chá diria se eu estava ou não grávida?
- Querida nenhuma mulher em plena gravidez consegue cheirar ou tomar chá de canela sem sentir vontade de vomitar.
- Mamãe tem razão, foi assim que ela descobriu antes de mim que eu estava grávida do Ethan.
- E agradeça por você ter tomado e gostado – Melissa falou pegando as travessas e saindo da cozinha na direção da mesa da varanda.
- É verdade, se não seu pai teria um ataque e mataria você e John por terem um filho antes de casar.
- Oh! Meu Deus, isso é maluquice. Não entendo como podem ter pensando em uma coisa tão absurda como essa.
- Querida você apresentou os sintomas e com um namorado gato daqueles com certeza abstinência é uma palavra que não existe no dicionário de vocês – Melissa respondeu adentrando novamente a cozinha para pegar o resto da comida – E se aquele deus grego fosse meu namorado eu não saberia o que seria vida social fora da cama – Passou por ela levando a bandeja com frutas para a mesa lá fora.
- Há! Há! Há! Isso faz eu me lembrar o começo do meu namoro com Taylor – Susan passou geleia de morango na metade do pão e mordeu.
- Susan – Eva olhou para a filha alertando-a.
- Um começo de namoro muito respeitoso e sem más intenções – Tentou justificar.
- Hunf! Tá vou fingir que acredito – Eva deixou sobre a mesa a garrafa de café.
- Ora! Mãe eu não tenho porque mentir, eu me tornei mulher do Taylor antes de casar – Ergueu o indicador na direção dela – Mas saiba que só fizemos isso meses depois de nos conhecermos melhor.
- Se seu pai escutasse isso teria um ataque do coração – Eva negou com a cabeça rindo.
- Taylor foi o único homem na minha vida e eu me casei com ele, então ter um ataque a essa altura seria perda de tempo
- É, mas agora está brigada com ele – Tia melissa retornou.
- Eu vou me acertar com ele
- Sabia que sua mãe fez uma barricada de travesseiro no meio da cama? – Melissa contou empilhando pequenos pratos. Natasha que havia roubado um pedaço de queijo da bandeja da tia não levou a boca ficando surpresa com o que escutara.
- O que? Mãe, mas o que você está pensando?
- Ele disse que tinha algo para me mostrar hoje e eu só quis dar um pouco de drama a situação.
- Mais ainda? Isso o que está fazendo já não é mais lição, mas sim diversão
- Talvez, mas eu gosto de ver as demonstrações de amor do Taylor
- É, mas não se esqueça que ele cansa – Comeu o queijo levantando.
- Não se preocupe, nós vamos conversar hoje – Sorriu.
- Acho bom – Suspirou – Bom eu vou voltar para o quarto e tomar um banho.
- Ei! Ei! Espere – Susan chamou.
- O que foi?
- Levanta o moletom – Indicou.
- Por quê? O que tem ele? – Levantou o moletom ate a altura da barriga procurando por algo estranho.
- Só para ver se está usando algo por baixo – Ate Eva tentou segurar a risada.
- Pelo amor de Deus mãe eu já disse que estou menstruada é claro que estou com algo por baixo, não teria como fazer nada nessa situação.
- Você que pensa – Tia Melissa deu o toque.
- Ai que horror – Abriu a porta deixando três risadas para trás. Tentou apagar da cabeça o comentário que sua tia fez. Subiu rapidamente a escada e praticamente correu para o quarto e trancou a porta. Levantou o cobertor e passou para debaixo dele voltando para o aconchego e o calor do corpo de John que a abraçou lhe dando um beijo na testa.
Depois do café da manhã que como costume, todos se juntaram para conversar e aproveitar a manhã juntos.
Susan, suas irmãs, Willow e Mary foram para o centro da cidade fazer compras. O resto da família ficou para fazer outra programação.
John estava sentado na varanda admirando a paisagem e aproveitando um pouco do ar puro, de repente Ivy subiu os poucos degraus na direção da varanda. Ela estava usando uma blusa quadriculada amarrada em um nó mostrando boa parte da barriga, um short curtíssimo deixando a mostra suas pernas e as bochechas do seu bumbum, tradução estava vestida para provocar. Com o cabelo amarrado em um coque bagunçado ela se aproximou dele:
- Oi, você deve ser o John – Sorriu. – Não nos apresentamos ontem.
- Creio que não – Devolveu o sorriso.
- E onde está minha prima? – Perguntou como se fossem melhores amigas.
- Subiu para trocar a blusa suja de café.
- Oh! Sim, mas e você? O que vai fazer? Vai ficar só sentado aí?
- Eu vou fazer o que a Natasha quiser fazer
- Que chato, seguir a namorada para cima e para baixo, às vezes mudar de ares ou de pessoa pode ser bom.
- E com mudar de pessoa você quer dizer...?
- Caminhar com outra pessoa... Tipo comigo... Eu posso te levar ate uma praia que tem aqui perto – Virou de costas se afastando para indicar a localização. Ivy se apoiou no corrimão da escada e empinou o máximo que pode esticando o braço mostrando a direção que seguiriam.
John abaixou a cabeça sorrindo, apoiou o cotovelo no braço do banco e prestou bastante atenção na cena:
- Nós podemos ir ate lá de cavalo, é incrível a paisagem – Virou de frente – O que me diz? Juro que sou mais interessante que a Natasha.
- É tentador, mas não, obrigado. Eu prefiro sair com a Natasha, se ela quiser ir ate essa praia então eu vou.
- Hmm! Você é do tipo controlador, a Nat não gosta muito que imponham regras.
- É eu sei, mas não a controlo, eu a acompanho. Sou o namorado dela não é?!
- Então ela mantem você sobre rédea curta – Cruzou os braços – Que triste, você parece um cara legal devia estar com alguém mais divertido, mais espontâneo.
John apertou os lábios em uma linha dura, queria rir, e a vontade de responder a altura foi grande, mas teve de se conter, pois apesar de tudo era parente de Natasha:
- Ivy certo?
- Sim – Concordou sorrindo abertamente.
- Faz sentido – Ficou de pé – Obrigado pelo convite, mas eu ainda prefiro a companhia da Natasha. Tenha um bom dia – Passou por ela e entrou na casa.


Continua...

Simply, I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora