Capítulo 8 - Frank

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Ótimo. Agora nem luz temos. Já não bastava a comida ruim e as pessoas sem graça, tinha que faltar energia. Empurro Lydia do meu colo, já não sentia minha perna há algum tempo.

- Hey! - Grita ela se ajeitando, como se houvesse o que ajeitar.

- Você adormeceu ela - digo dando socos na perna, tentando lhe acordar.

- Está me chamando de gorda, Frank? - pergunta ela de braços cruzados na minha frente. Não deixo de notar a cara que todos fazem, esperando uma resposta minha, como se aquele chilique dela fosse novidade.

- Não. - paro e penso.
- Quer saber? Tanto faz! - digo e tiro Lydia do meu campo de visão, me fazendo ver o zarolho e a japinha correndo para fora do refeitório, o que acaba me interessando.

Me levanto a fim de saber o que de tão urgente aqueles dois tinham para fazer, só que aquele ser de cabelo avermelhado se nega a abrir caminho.

- Sai da frente - exijo para Lydia, que me ignora, impedindo-me de passar. Luc que estava ao lado libera passagem.

- Você vem comigo, Luc - digo lhe apontando e saimos em disparada, atrás do meu próximo entretenimento.

Logo chego atrás do garoto de óculos, isso não é tão difícil.

- Por que da correria, manés? - falo entre os passos.

- Nada de mais, Frank - diz a menina enxerida que o acompanha.

- Não falei com você, branca de neve. - lhe calo a boca.

- Vamos para a parede no final do campus - o garoto responde ofegante.

- Pra quê? - devolvo.

- Vamos descobrir - completa a garota de cabelo curto. E continuamos correndo.

Encontramos o amigo escurinho deles pelo caminho e damos uma pausa na corrida.

- Ainda bem que encontramos você, Tyler - diz a garota.

- Aquilo está realmente acontecendo? - ele pergunta, parecendo assustado.

- Acreditamos que sim, temos que chegar na pista - responde a garota cujo nome não me vem a cabeça.

- Correr é comigo mesmo - se gaba ele.

- Acho que não é hora pra conversa - exponho, mesmo sem saber bulhufas do que havia por vir.

- E quem convidou ele? - Tyler fala me apontando.

Antes de me defender a garota toma a frente:

- Não importa, Frank está certo. Se realmente vai acontecer o que achamos, não temos muito tempo.

- Qual o seu nome mesmo? - pergunto para ela.

- Naomi. - poderia jurar que nunca tinha ouvido seu nome, mas não tenho memória o suficiente pra isso. - Agora vamos! - exclama ela.

Continuamos a correr, e como não faço ideia do que eles estão tramando, resolvo perguntar para a tal Naomi:

- E o que vai acontecer, Naomi? - digo correndo ao seu lado.

- Bem, achamos que temos uma oportunidade de escapar daqui.

- Através do muro? - pergunto, mas fico sem resposta.

- Isso é loucura. Nunca escapariamos daqui, e lá fora é perigoso - exclama Lucca em tom baixo, afim de não deixar os outros ouvirem.

- Aquele pássaro te pareceu perigoso? - fala o garoto de óculos. Luc não retribui e ele contínua:
- Não? E veio de fora, e fizeram questão de matar, ou seja, eles estão escondendo alguma coisa.

Finalmente chegamos a pista de corrida que também nos serve de quadra, mas infelizmente não estamos mais em cinco, já que os pirralhos idênticos chegaram junto com outros moleques. E como se não tivesse como piorar, ouço a voz chata de Lydia vindo aos berros:

- Frank, quem você pensa que é para me deixar falando sozinha? E por que veio atrás desse povo? - diz com cara de nojo se achegando com Kimi.

- Não lhe devo explicações. - exclamo tentando não estender a conversa - mas é melhor que as duas fiquem. - Naomi revira os olhos - Parece que eles tem um plano para escapar daqui - falo apontando eles com a cabeça.

- Não temos tempo para explicar nada, e não, não temos nenhum plano. Não sabemos ao certo se algo vai acontecer, então resolvemos conferir - explica Naomi.

- É, mas parece tudo normal, com excessão da falta de energia - completa o garoto de óculos.

Em questão de segundos um grande estrondo faz o o chão tremer e rapidamente uma fumaça densa e escura toma forma atrás do imenso teto transparente do campus. Um silêncio se instala entre nós.

E enfim percebemos que aquilo era real, e poderíamos deixar essa prisão juntamente com todas as limitações imposta por ela. As trocas de olhares são inevitáveis. A adrenalina me toma e corro para a grande parede, deixando todos para trás.

De repente uma onda de balas surgem querendo nos impedir, já que não sou o único fugitivo. Ouço Lydia gritar por socorro mas me nego a voltar, quem manda ela ser tão lerda. Os tiros são cessados por Paul, que derruba o atirador tomando sua arma. Vejo tudo em um relance. O úniconico cara que não me arrisco a se meter é o Paul, mas ele também nunca me deu motivo. Outra leva de balas atinge um garoto que acompanhava os gêmeos, o fazendo gemer de dor, caindo no gramado seco.

Me aproximo cada vez mais do fim do campus, correndo em ziguezague me prevenindo de qualquer tranquilizante. E nada de uma passagem ou qualquer saída, já que a explosão fora feita no muro que cerca a corcova. Me limito a ficar uns quinze metros da parede, me precavendo de outra explosão.

Luc me atravessa a vista, correndo até a parede, onde destribui vários socos de puro desespero. Como se seus míseros murros fossem o suficiente para abrir qualquer fenda na grossa parede. Seu pânico por liberdade só se encerra quando seu corpo é desfigurado numa grande explosão, juntamente com os pedaços de concreto que se espalham pelo ar.

Depois do grande clarão finalmente enxergo a saída, uma abertura destroçada não tão grande, mas que permite facilmente a minha passagem. Pulo alguns pedaços de concreto e passo pela fenda esfumaçada e calorosa sem pensar muito.

Lucca nunca foi de ter sorte, mas foi um companheiro leal. E se isso foi necessário para sair desse lugar, é porque é assim que deveria acontecer.

Para mais capítulos deixo sua ★ e obrigado!

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