Lena
— Comigo? — Os olhos de Kara se apertam e ela parece confusa.
A página dela foi uma das muitas coisas que não me deixaram dormir ontem à noite. Eu devia ter dito a ela no instante em que entrou no meu quarto.
— Lena. — Kara passa a mão na frente dos meus olhos. — Do que você está falando?
— Ontem à noite, antes de você ir lá em casa, eu estava olhando o site do Facebook. Lembra o lugar em que diz que tenho trezentos e vinte amigos? — Faço uma pausa e solto a respiração devagar. — Mostrava você como sendo um deles.
O silêncio se instala no carro.
— Dizia "Kara Denvers" — acrescento — e tinha uma foto sua numa versão mais velha.
Kara bate o copo do Sunshine Donuts no joelho. Ela não queria acreditar em nada disso. Ela queria provar que era uma pegadinha.
— Você tem cabelo mais curto — continuo. — E usa óculos.
— Mas minha vista é ótima — diz ela.
— Parece que no futuro não é.
Kara aperta a unha do polegar contra o copo de isopor e faz marcas de meia-lua de um dos lados.
— Você viu mais alguma coisa? Quando você clicou na foto de Lena Luthor Murphy uma outra página entrou. Deu para fazer isso com a minha?
Faço que sim com a cabeça.
— Diz que seu aniversário é no dia 3 de março e fala que você estudou na Universidade de Washington.
— Igual ao Clark — diz Kara.
— E que voltou a morar aqui.
— Em National City?
Fico imaginando como ela se sente a respeito disso. Eu, pessoalmente, estou determinada a me mudar para algum outro lugar um dia. Não tem nenhuma floresta de verdade na cidade e o lago Crown fica a quinze quilômetros da estrada, rodeado por casas caras. O centro só tem três ruas e não dá para fazer nada sem que todo mundo fique sabendo. Mas Kara é mais tranquila do que eu. Ela parece achar que National City é um lugar ótimo.
— Onde fica minha casa? — pergunta ela. — Não me colocaram morando com meus pais depois dos trinta anos, colocaram?
Balanço a cabeça.
— Acho que você mora perto do lago. Tinha uma foto sua no quintal e dava para ver uma doca no fundo, com uma lancha atracada.
— Que legal — diz ela. — Então fizeram com que eu fosse rica.
Reviro os olhos.
— Por que você fica falando como se alguém tivesse feito alguma coisa? De quem você está falando?
— Das pessoas que criaram essa piada. Vou ao laboratório de tecnologia hoje para ver quem anda escaneando fotos de...
— Quando você diz "as pessoas que criaram isso", você não entende? Em algum momento do futuro, nós é que criamos. Eu não sei exatamente o que é, mas parece ser um site interconectado em que as pessoas mostram suas fotos e escrevem sobre tudo o que está acontecendo na vida delas, como, por exemplo, que encontraram um lugar para estacionar ou o que comeram no café da manhã.
— Mas por quê? — pergunta Kara.
O primeiro sinal toca para a sala de estudo. Jack vai querer saber onde eu estava hoje de manhã. Nós costumamos nos encontrar no armário dele e vamos juntos para a aula de música.
Pego minha mochila e coloco a mão na maçaneta da porta.
— Espere — diz Kara, brincando com o chaveiro felpudo de sua mochila. — Esse tal de Facebook dizia se eu era casada ou não?
Pego as chaves para poder abrir o porta-malas.
— Dizia. Você é casada.
— O que diz sobre... ele? Ou ela? — pergunta Kara com o rosto pálido. — Minha ou meu... sabe como é... ?
— Achei que você não acreditasse nisso — respondo.
— Mesmo assim, quero saber. É o meu futuro, certo?
— O negócio é o seguinte — digo e tomo fôlego. — No futuro, você é casada com Sam Arias.
Kara fica de boca aberta.
Abro a porta do carro.
— Vamos nos atrasar.
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the future of us. [supercorp au!]
FanfictionÉ 1996, Kara e Lena foram vizinhas durante toda a vida. Elas foram melhores amigas por quase todo esse tempo também - pelo menos até Novembro do ano passado, quando Kara fez algo que mudou tudo. Quando Kara instala um CD-ROM que dá acesso a cem hora...