Capítulo 1

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Alice

- Preciso correr para casa, o castigo está valendo. - Violet revira os olhos.

- Tudo bem. Vejo você amanhã.

Violet é a amiga que eu conto para todas as horas. Ela entrou na escola há pouco mais de um ano e, desde então, somos sempre a dupla uma da outra. Eu fiquei responsável em ajudá-la nos primeiros dias, apresentei a escola, a conduzi até as salas e, enquanto isso, nós desenvolvemos uma boa amizade. O castigo da vez era porque ela não havia chegado em casa no horário que devia na última sexta-feira. Houve uma festa, da qual eu fugi - como sempre -, e ela dormiu fora de casa, seus pais, então, decidiram que era a hora de aplicar um corretivo.

Caminhei até um banco que havia na frente da escola e me sentei para esperar meu pai. Sim, ele e minha mãe, Theresa, ainda se alternam para me pegar na escola. Não que eu ache ruim, minha casa não é exatamente perto, por isso, uma carona cai muito bem. Porém, confesso que, às vezes, queria ter um pouco mais de independência. Saquei o celular da bolsa e comecei a mexer, vendo que faltava ainda pouco mais de dez minutos para o meu pai chegar.

- Ei, Alice. - eu me viro e vejo Noah andando até mim.

Como eu posso falar sobre ele? Se eu gosto dele? Muito. Se ele é bonito? Por favor, os cabelos e olhos castanhos, a pele bronzeada e o físico típico de atletas me deixa babando. Se eu já troquei alguma palavra com ele? Não, não sou corajosa o suficiente. Sabe como são os atletas, sempre rodeados de pessoas, as quais estão no topo da hierarquia do colégio, não pessoas como eu. Se eu sei porquê ele está me chamando? Não faço a menor ideia.

- Sim. - respondo, guardando o celular que começa a suar em minhas mãos.

- Tudo bem? - ele pergunta antes de se sentar ao meu lado.

- Tudo. - murmuro, querendo saber o que isso vai dar.

Sim, eu sou uma daquelas milhões de pessoas no mundo que sofre com a ansiedade, que gosta das coisas diretas e detesta qualquer tipo de enrolação. Minha mãe tenta controlar isso em mim, ela diz que isso só me fará sofrer e que tudo tem seu passo a passo, não adianta eu querer apressar. Não sei se as palavras dela estão tendo qualquer efeito.

- Não vi você na festa sexta.

Ah, a festa que encrencou Violet? Era o aniversário de dezoito anos de Noah Gregory Centineo e a escola toda foi convidada.

- Eu não gosto muito de festas.

- Foi legal, você devia ter ido.

- Aposto que foi. - murmuro e viro o rosto para o outro lado.

- O que isso quer dizer? - questiona, franzindo as sobrancelhas por um momento.

- Nada. - dou de ombros. - Sempre é a mesma coisa, não? Adolescentes inconsequentes bebendo até não conseguir ficar de pé, banheiros lavados de vômitos, cigarros de um lado para o outro, música alta, tapetes manchados de bebidas, objetos quebrados, gritos e, no final de tudo, o anfitrião fica com a bagunça.

- Uau. - ele ri. - Você realmente não gosta, não é?

- Não perco meu tempo.

- E o seu tempo é aproveitado com o que? Espere, deixe-me adivinhar. - ele finge pensar um pouco. - Você estuda até tarde, lê algum livro inteligente ou assiste algum filme e aproveita uma boa e longa noite de sono.

- Por ai. - concordo.

- Você precisa viver, garota.

- Eu estou vivendo. - puxo uma longa e profunda respiração. - Viu?

- Engraçadinha. - ele estreita os olhos. - Mas eu não procurei você para te provocar.

- Por que, então?

- Você sabe que eu jogo futebol, não é? - assinto. - Então, sabe que eu preciso me sair muito bem com as notas ou...

- Você é cortado do time. - completo.

- Isso. Eu estou com dificuldade em química e fiquei sabendo que você se dá muito bem com ela. Pensei que, talvez, você poderia me ajudar.

Química era uma matéria que eu também costumava ter dificuldades, mas não foi nada que a minha mãe não pudesse mudar. Ela me ajudou com todas as dúvidas que eu tinha e, agora, eu me dava muito bem com a matéria, inclusive, era o que eu mais gostava. Tudo na química me deixava maravilhada, encantada e interessada.

- Você nem me conhece para saber disso. - resmungo.

- Os corredores nos contam tudo que precisamos saber.

- Eu não tenho tempo, me desculpa. - me levanto e arrumo a bolsa no ombro. - Deve ter mais alguém que saiba química nessa escola.

Por que eu estou negando? Não sei, talvez seja uma pequena crise de pânico. Nunca tinha realmente conversado com Noah. Certo, na verdade eu já conversei, sim. Nós éramos crianças e ele me deu um beijo e um cupcake de morango. Porém, de novo, éramos crianças. Depois que eu completei dez anos, nós nunca mais conversamos de fato, apenas um breve "oi" quando nos cruzamos nos corredores. Então, sim, conversar por um tempo com ele já é uma grande coisa e, sim, um motivo para me fazer entrar em pânico. Não sei me comportar. Droga.

- Não alguém com as notas tão altas como as suas. - ele segura a minha mão e eu olho para trás, para ele, novamente. - Eu realmente preciso de ajuda. O meu futuro depende da bolsa que conseguirei como atleta, é a minha chance de ir para a faculdade. Eu não posso ser dispensado do time agora, no meu último ano.

Um carro para atrás de mim e, segundos depois, eu ouço uma porta se abrir e fechar.

- Pode, pelo menos, pensar no assunto?

- Alice. - a voz rouca, de quem está irritado, do meu pai soa atrás de mim.

- Eu vou pensar. - respondo antes de soltar minha mão do aperto de Noah que me dá um pequeno sorriso aliviado.

- Pensar no que? - me viro para o meu pai.

- Oi, senhor Styles. - Noah se levanta e estende a mão para o meu pai que a aperta, brevemente. - Eu ficarei muito grato se puder me ajudar, Alice. Você pode me mandar mensagem quando se decidir.

- Eu não tenho seu número.

- Eu tenho o seu, te envio uma mensagem mais tarde. - ele sorri, de novo. - Até mais. Foi bom vê-lo, senhor Styles.

Ele se vira e vai embora.

- Eu quero o seu celular agora. - meu pai diz e eu reviro os olhos, caminhando para o carro.

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Espero que gostem :D

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