Crônica - Karina e Daniel

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Ela olha sem parar para celular como se nada mais importasse naquele minuto, mas muitas vezes que desbloqueia a tela poderiam ser comparadas a alguém que está esperando uma resposta para um emprego. Mas não, o maior motivo daquela moça fazer incessantes movimentos repetitivos, era Daniel.

A briga por um ciúmes bobo fez essa mulher mergulhar em pensamentos excessivos e constantes em relação ao que tinha acontecido. Apesar de ela não concordar com a reação de Daniel, ela o amava muito. Perdoar a 4ª vez a sua cena não seria tão difícil para ela, uma moça que acredita no amor, mas o deposita na pessoa errada.

— Droga, que burra eu sou! Soava a todo momento olhando para o celular para ver se ele estava online.

Um dia antes desse desespero, Karina recebeu um convite de um colega de trabalho para carona, afinal, todos haviam trabalhado até mais naquele dia. Ela aceitou, obviamente.

Daniel, um homem controlador que gostava de saber cada passo da sua namorada, não gostou da história.

— Onde você está?

— Não te disse que fiquei até mais tarde hoje no trabalho, Daniel?

— Ok, então eu vou te pegar.

— Não precisa, já estou a caminho de casa, recebi uma carona do meu colega.

— Está sozinha com ele, Karina?

— Ué, estou. Poxa, o Marcos é meu amigo, trabalhamos há anos juntos e você não tem motivo para ter ciúmes dele.

Após isso, perguntas e mais perguntas foram feitas sobre o Marcos acompanhado de agressividade por causa do convite. Karina, ao celular o caminho todo, nervosa, enquanto Marcos falava sobre seu namorado.

— Karina, crise de ciúmes do Daniel de novo?

— Sim, Marcos. Ele ficou com ciúmes de você. Não deveria ter aceitado sua carona, devia ter falado com ele antes.

A culpa por ter aceitado uma simples carona fez com que ela ficasse com medo da reação do seu namorado ao chegar em casa, pois tinha certeza que ele estaria lá esperando por ela na porta.

— Você precisa rever seu relacionamento com minha amiga.

— Rever por quê? Ele é assim mesmo. É inofensivo.

— Bom, chegamos. Se precisar de qualquer coisa, você tem meu número. Nos vemos amanhã na empresa, bom descanso.

Sem ao menos esperar a despedida, ela sai do carro em direção ao seu portão e já vê Daniel encostado fumando seu cigarro e olhando para o carro como um atirador prestes a cumprir o seu papel.

Ela o cumprimenta com um beijo. Ele, frio. Retribui.

— Eu te amo. Por que você fica com essas paranoias, amor?

— Eu amo você, Karina. Não quero te ver nem imaginar você com outro homem. Só de pensar nisso, eu já fico irado.

— Não precisa, você sabe.

O silêncio paira por dois minutos e ele diz que não quer mais namorar com Karina. Diz que assim não daria para terem uma relação se ela sai com outros caras na frente dele.

— Daniel, amor... eu não saí, foi apenas uma carona.

— Não dá! Eu me sinto humilhado desse jeito, era para eu ter te buscado.

— Não queria te incomodar. Desculpa.

— Não, Karina. Melhor darmos um tempo.

O silêncio mais uma vez tomou conta, só parou quando as lágrimas da Karina começaram a cair em sinal de tristeza e ao mesmo tempo, culpa.

— Me desculpa, amor. Eu não pego mais carona com o Marcos nem com homem nenhum!

— Preciso ir Karina.

Sem se despedir direito, sai e a deixa na frente de casa. Chorando, fixando seu olhar no homem que ela ama.

Cansada de um dia longo de trabalho e com uma briga. Ela deita, sem comer, tomar banho e seu mundo parece ter desabado. E não era a primeira vez.

No outro dia, ela sai para trabalhar. Envia uma mensagem de bom dia para Daniel que visualiza e não responde. Ela sabia lidar com isso, afinal, não era a primeira vez.

À noite voltamos à cena de Karina olhando incansavelmente esperando um retorno de Daniel.

Seu dia não foi produtivo, ela não olhou para seu amigo Marcos que ciente da situação, resolveu respeitar.

Voltou para casa, sozinha, tarde. Porque mais uma vez, teve de ficar para terminar o trabalho.

Já na sua cama, abatida, cansada e esperançosa por uma mensagem do seu namorado ela deita com o celular em cima da barriga e pega no sono.

01:00 AM. O celular vibra. Mensagem do Daniel.


Karina e DanielOnde histórias criam vida. Descubra agora