Resolveram celebrar sua união em uma festa no final da tarde. As cem pessoas mais importantes de suas vidas estavam ali naquele jardim para comemorar com eles o dia que diriam sim para a eternidade. Certeza essa que já carregavam no peito por bem mais de dez anos e que só cresceu em cada ano de namoro.
O céu colaborou e se tingiu de tons de laranja e vermelho. Os convidados estavam encantados com a criatividade e a delicadeza da decoração feita. Uma estrutura de madeira decorada com flores foi montada para simular a nave. Penduradas nela, pequenas velas dentro de garrafas flutuavam suspensas por fios acima da cabeça das pessoas. Os convidados foram distribuídos em duas longas mesas como se estivessem no salão comunal de Hogwarts.
Os padrinhos foram os primeiros. As roupas eram informais, nada de terno, nem vestido longo. Cada um trazia uma referência aos gostos que partilhavam com os noivos. Vini colocara uma camiseta com o Shiryu e uma calça social. Ana Maria usava o vestido e a peruca de Princesa Leia. Pedro estava com o boné do Mário. Joaquim escolhera um cosplay de Gambit. E Milena estava vestida de Arwen. Eles chegaram ao altar ao som de É tão lindo, do Balão Mágico.
Então André apareceu com sua mãe. Usava um meio fraque com a camiseta amarela do Charlie Brown por dentro. Dona Heloísa lhe deu um beijo no rosto. A Marcha Imperial começou a tocar e eles caminharam até o altar.
Visivelmente emocionado, ele acompanhou a pequena orquestra tocar o tema de O Poderoso Chefão e seu pai entrar no seu campo de visão de braço dado com Dona Marlene. Seu coração dava pulos. Faltava bem pouco para vê-la. E era somente isso que desejava. Mostrar ao mundo o poder do que sentia por Mariana.
Então, a orquestra tocou a versão instrumental da abertura dos Cavaleiros do Zodíaco e as crianças fizeram a participação delas. Alice, Tito e Paola. Mulher-maravilha, Homem de Ferro e Sailor Moon. André e os demais convidados deram gargalhadas quando a pequenininha começou a correr do meio do caminho para o braço dos pais.
Estavam todos prontos para o ápice da celebração. Os últimos raios de sol esperavam para iluminar a figura de Mariana, misturando-se a cor natural de seus cabelos. Sua figura surgiu no horizonte e André chorou. As lágrimas não abalaram o seu sorriso. Eram apenas a manifestação de uma alegria que não conseguia conter. Dona Heloísa chorou junto. O filho estava feliz. Ele seria feliz.
Mariana usava um guarda-chuva amarelo, um vestido branco curto e cheio de tule, o cabelo solto e o All Star azul dado por sua mãe que combinavam perfeitamente com o preto de cano alto que André calçava. A música de Nando Reis preenchia não somente o espaço, mas também o passado deles. Aquilo era o certo.
Mário a entregou a André com um abraço. Os olhos verdes dela estavam marejados. Os dele molhados. Sorriram. André beijou suas mãos e a conduziu ao celebrante que falou palavras de amor e compromisso. Anos depois, reconheceriam que nem ouviram aquelas palavras, pois, naquele momento, trocavam tantas outras que só os seus corações conseguiam entender, muito mais sinceras e verdadeiras.
Nervosos, acompanharam de mãos dadas todo o procedimento, não saberiam dizer quanto tempo se passou até o juiz pedir as alianças. A pequena Alice entregou uma pokebola ao celebrante que precisou da ajuda de André para abrir. Os dois anéis, exatamente como os forjados em Mordor, com seus nomes gravados em élfico, apareceram. E cada um pegou a aliança que colocaria no outro. Chegara o momento dos votos.
─ Eu te prometo sempre carregar uma toalha. – Ele começou e ela riu. – Prometo te deixar ganhar em qualquer partida de qualquer jogo de vídeo game e treinar até passar nas fases caso você não consiga sozinha. Prometo gostar de Goonies pelo resto da minha vida e só assistir esse filme se for com você. – Colocou a aliança no dedo dela. – Prometo amar cada detalhe seu, por mais irritante que seja. E te empurrar da cama cedo quando você precisar, mesmo correndo risco de vida. – Todos riram nesse momento. Mariana podia ser agressiva caso precisasse acordar cedo pela manhã. – E, principalmente, prometo dedicar quantos mais minutos de existência eu tenha para cuidar da minha rosa vermelha que cativou em mim o que tenho de melhor. Eu te amo, Pequena.
─ André, eu te prometo a família de Lílian e Tiago. Eu te prometo a eternidade de Aragorn e Arwen. Eu te prometo o tesão de Gambit e Vampira. E a dedicação de Pepper a Stark. – Ela colocou a aliança nele. – Mas, acima de qualquer coisa, eu te prometo que o nosso amor vai ser sempre tão puro quanto o de Charlie Brown e sua garotinha ruiva. – A voz dela embargou e as lágrimas que segurava começaram a cair. André a beijou. Todos aplaudiram. Até os convidados nas mesas se levantaram.
Já na festa, todos os padrinhos ergueram seus sabres de luz na hora do brinde. O casal abrira a pista de dança abraçadinhos com O que eu também não entendo, do Jota Quest e depois chamou os amigos para chacoalhar ao som de Twist and Shout dos Beatles.
Mariana jogou o seu buquê de rosas vermelhas que caiu direto nas mãos de Milena. Diante desse aviso celestial, a moça resolveu aceitar o milésimo convite de Guilherme para dançar.
No mais, foi tudo exatamente como planejaram. Da mesa de coquetel estilizada como um laboratório de poções, com direito a bartender fantasiado de Professor Snape e malabares de fogo aos doces modelados de leite com casais famosos, Lucy e Schroder, Rony e Hermione, Homem-aranha e Mary Jane.
Por volta da meia-noite, a festa estava no fim. A maioria das pessoas já tinha ido. Ficaram apenas os mais amigos. Mariana ainda dançava nos braços do marido. Não queria que acabasse nunca. Mas o que tinham não acabaria mesmo. Ela olhou para a tatuagem que ambos fizeram no pulso. O triângulo, o círculo, a reta. As Relíquias da Morte. Uma lembrança de que o que estavam vivendo era superior à morte.
─ Tudo pronto, Deco? – Vini veio bater no braço do melhor amigo.
─ Prontíssimo. Manda ver. – Ele confirmou. Mariana não entendia o que estava acontecendo, mas já se acostumara com as surpresas de André.
─ Mais uma de suas promessas cumpridas, meu amor? – Beijou o rosto dele. – O que mais falta para a perfeição, DSG?
─ Calma, Pequena. Faltava só um detalhe. – Ele a beijou. Fogos começaram a estourar no céu. – É que toda novidade faz barulho.
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Relicário
ContoEsse é um livro de contos. Você pode lê-los aleatoriamente, caso deseje. Mas compreenda que as histórias aqui apresentadas são detalhes que complementam os meus outros livros. Então, se você tiver o interesse de ler o restante das minhas obras de ma...